quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Lincoln

Título Original: Lincoln
Título Português: Lincoln
Realizado por: Steven Spielberg
Actores: Daniel Day-Lewis, Tommy Lee Jones, Sally Field, Joseph Gordon Levitt, David Strathairn
Data: 2012
País de Origem: Estados Unidos
Duração: 150 mins
M/12
Cor e Som 












Steven Spielberg está de regresso com uma nova encomenda para os Óscares. Desta vez a encomenda está mais bem embrulhada pois possui a presença de Daniel Day-Lewis, considerado um dos melhores actores em exercício actualmente. Lincoln está feito de raiz para Day-Lewis brilhar. É pena que quase tudo o resto seja pobre. Lincoln pretende contar a história de como o icónico presidente conseguiu aprovar a Emenda que trouxe a liberdade aos escravos africanos cuja mão-de-obra era vastamente utilizada nos estados do Sul do país. É pena que o próprio Django, que não pretende nada disto, faça um trabalho melhor. Spielberg desculpa-se, dizendo que queria focar o filme nas reuniões e bastidores políticos que levaram à aprovação da Emenda, bem como na vida privada do presidente, nomeadamente (e como está tanto na moda) a sua relação com a esposa.
Ora, ao apresentar-nos uma série de personagens barbudas e vestidas de igual, em salas de reuniões e em diálogos políticos, temos a sensação de estar a ser bombardeados com História, com factos, e com momentos chave que levaram ao fim da escravatura nos Estados Unidos. Mas afinal não. Na realidade estamos a observar diálogos confusos, a tentar decifrar personagens confusas e a tentar acompanhar raciocínios políticos confusos. A bóia de salvação surge quando a personagem de Lincoln, aqui um sábio sereno, interrompe para falar e todos olham para ele como se fosse uma luz ofuscante. Daniel Day-Lewis tem então um de meia dúzia de monólogos que pretendem puxar pelas suas capacidades interpretativas, mas que na prática são fracos e desinteressantes, ficando-se mesmo pela interpretação que a dada altura mais parece uma peça de teatro, o que não é necessariamente mau.
O outro ponto que cabe analisar diz respeito a Joseph Gordon-Levitt, Sally Field e Tommy Lee-Jones, que interpretam respectivamente o filho, a esposa de Lincoln e um senador anti-esclavagista. Gordon-Levitt parece estar a mais. Não se entende como foi ele parar ao filme de Spielberg: a sua participação é exígua e apesar de entrar em duas boas cenas, ambas não deixam de ser supérfulas (tal como todas as cenas que fogem ao encadeamento histórico de acontecimentos a que vamos assistindo, isto é, cenas familiares, íntimas, etc.). O mesmo acontece com Sally Field, estranhamente nomeada para melhor actriz secundária. Já Tommy Lee-Jones tem uma participação curiosa: aparentemente um papel sem interesse, acaba por ser o único além do de Daniel Day-Lewis que tem de facto alguma relevância além da narração factual histórica. E está bastante bem, como bom actor que é, exceptuando-se uma ou outra cena moralista dispensável e que não cai nada bem com aquilo que o filme pretende ser, mas isso não será culpa do actor.
Lincoln acaba por ser um filme demasiado factualista, pecando por o fazer de forma confusa, e juntando à sopa moralismos e intimidades que destoam da ideia central do filme, a aprovação da Emenda, como se estivéssemos a assistir a dois estilos paralelos na mesma história. E por fim há ainda Daniel Day-Lewis a desnivelar, para o bem e para o mal, todas as personagens e interpretações aqui presentes. Spielberg não borrou a pintura, mas soube disfarçá-la bem.

Nota: 2/5

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