quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

Saraband

Título Original: Saraband
Título em Português: Saraband
Realizado por: Ingmar Bergman
Actores: Liv Ullmann, Erland Josephson, Borje Ahlstedt, Julia Dufvenius
Data:2003
País de Origem: Suécia/ Itália/ Alemanha/ Finlândia/ Dinamarca/ Austria
Duração: 120 min.
M/12Q
Cor, Som








O último filme do mítico realizador sueco Ingmar Bergman, Saraband, é uma profunda reflexão sobre o tempo, sobre o amor e o ódio e a depressão das paisagens que se metamorfizam em sentimentos da impotência face à morte, juntamente com aperfeiçoadas interpretações.
Marianne é uma mulher de 63 anos que se encontra perseguida pelo desejo de encontrar o seu ex-marido de 80 e tal anos, Johan. Algo lhe diz que eles se devem encontrar. Johan chama-a nos seus pensamentos. E assim começa um drama familiar com o filho de outro casamento de Johan, Henrik e com a sua neta, Karin. A relação entre o pai e a filha é estranha, pois existe uma substituição de um amor matrimonial e não paternal, justificando-se pela morte da mulher de Henrik, Sarah. Karin sente-se aprisionada pelo amor de Henrik, mas também pela separação desse seu pai com o seu avó Johan.
O filme divide-se em 10 partes, cada uma (como é apanágio de Bergman) profundamente influenciada pela literatura dramática. Se em Saraband existem 4 personagens, nunca vemos um contacto em cena de três personagens ao mesmo tempo. Salta-mos dos monólogos de Marianne para os diálogos entre duas (e só duas) personagens, o que fornece a sensação não só da vertente teatral da narrativa mas também do cenário opaco e de um pudor sempre presente, isto é, de uma dificuldade de comunicação social . Ou seja, a estética de Bergman pretende analisar profundamente a esfera privada do ser humano, e não a pública. Os diálogos (e os monólogos) são sempre privados, ou seja verdadeiros. Não existem máscaras nos filmes de Bergman, e se porventura existirem serão sempre tiradas nos primeiros capítulos do filme.
Ao lidar com sentimentos tão reais e sinceros como a falta de compreensão entre um pai e um filho e entre um pai e uma filha, misturando um conflito geracional com a melancolia do tempo que encaminha os progenitores para a morte, Bergman ensina-nos, mais uma vez, que o conformismo destrói os laços. Em Marianne (que simbolicamente é o espectador), nos últimos minutos de filme, observamos a verdadeira mensagem: o convívio com a familia desintegrada de Johan permite-lhe visitar a filha doente, e tocá-la de forma a que ela abra os olhos e veja a sua mãe. A identificação com a sua visita de Verão ao seu ex-marido condenado a uma solidão mortífera, também nos aponta que o cinema, apesar de tudo, também é pedagogia, também é formação. De um esplêndido realizador, vejam a consagração, em Saraband, de mais de 60 anos de trabalho.

Nota:

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