sábado, 10 de dezembro de 2011

American Psycho

Título Original: American Psycho
Título Português: Psicopata Americano
Realizado por: Mary Harron
Actores: Christian Bale, Willem Dafoe, Justin Theroux, Reese Witherspoon, Chloe Sevigny, Jared Leto, Matt Ross
Data: 2000
País de Origem: Estados Unidos
Duração: 102 mins
M/16
Cor e Som








Ganhamos especial relação com os filmes que mais nos marcam e que mais admiramos, e nasce assim uma espécie de sentimento de intocabilidade. American Psycho teve comigo esse efeito, daí temer um pouco fazer a sua crítica. Já tentei fazê-la por 3 vezes desde o início do Retroprojecção, em 2006, o mesmo acontecendo com outros filmes como The Game, Apocalypse Now, Reservoir Dogs, entre outros. Foi após ver o filme talvez pela quinta vez que decidi chegar-me definitivamente à frente.
Este é provavelmente o papel mais marcante da carreira de Christian Bale. O actor já havia surgido em Empire Of The Sun e Newsies, enquanto criança, e já havia tido brilhantes prestações em filmes como o rico Metroland ou All The Little Animals, onde interpreta um jovem deficiente mental. Com American Psycho Bale solta-se finalmente da teia que prende os actores medianos com o boost comercial que merecia já à muito. E veja-se o resultado, temos em mãos aquele que é provavelmente o melhor actor da sua geração, e talvez o melhor da actualidade.
Baseado no livro de Bret Easton Ellis, American Psycho é, como o título retrata, um one-man show louco. Bale é Patrick Bateman, o dono duma empresa de sucesso que herdou do pai, em conjunto com uma pequena fortuna. No início do filme somos logo confrontados com o seu conceito quando Bateman diz "I think my mask of sanity is about to slip". Precisamente American Psycho é sobre a mente de Patrick Bateman, deturpada pelo meio social de excessos onde vive, nos anos 80.
Observamos o seu culto ao corpo, à imagem, aos detalhes, no fundo acaba por ser uma crítica àquele meio social. A sequência de pensamentos de Bateman acerca dos cartões de visita dos colegas é delicioso, analisando todos os seus detalhes e enfurecendo-se à medida que percebe que são superiores ao seu. Vemos então o evoluir dos pensamentos de Bateman, até ao momento em que se inicia uma história de pecado, luxúria, terror e humor negro, com muito glamour. A cena da moto-serra é um momento de antologia!
Mas vá, além do enredo, que é decerto fantástico, o ponto alto do filme vai, como nunca poderia deixar de ir, para a performance de Christian Bale. O actor traduz um misto de expressões, em longos e complexos monólogos. Patrick adora a sua própria voz. A forma como interage com as prostitutas, com a sua secretária, a namorada Reese Witherspoon e o investigador Willem Dafoe é algo de único. Meu deus, que performance, é a única coisa que nos passa pela cabeça ao longo dos 100 minutos da película. Por vezes adoramos Patrick, outras vezes temos medo dele.
É de aplaudir o cuidado com que a realizadora Mary Harron pegou nesta obra. Podia tê-la transformado num slasher movie, mas não o fez. Optou antes por um complexo misto de drama/terror e humor, traduzido num feel "80's" perfeito. As discotecas, os apartamentos, os restaurantes de luxo, tudo está delicioso.
A fotografia e a banda sonora com grandes hits da época trazem também uma sensação interessante ao filme. Uma última nota para a interpretação dos actores secundários, que também está muito boa mas, mais uma vez, não consegue sobressair perante a mestria do actor principal que, quer se queria quer não, abafa todas as outras interpretações, tal como aconteceu em The Fighter do ano passado, The Prestige ou Harsh Times.
Enfim, é um gosto e um prazer de se ver, e com um twist final que mexe com a nossa mente duma forma não gratuita. E o melhor é que não toma o espectador como um idiota confuso e maravilhado por essa confusão. Deixa-o receber e tirar prazer com o filme: se não perceber o final não é grave, a ideia não é essa. A ideia é gostar de ver um bom filme, deixando-nos a dúvida no ar. É este respeito pelo espectador que merece ser aplaudido em American Psycho.
Todos estes motivos fazem deste um filme de culto, expondo com toda a força um actor que irá continuar connosco por muitos e bons anos, tal como American Psycho em si.

Nota: 5/5

1 comentário:

Pedro Silva disse...

sem dúvida, 5 estrelas.