quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

Lost - Season 1

Titulo Original: Lost - Season 1
Titulo Português: Perdidos - 1º Temporada
Criado por: J.J. Abrams, Damon Lindelof
Actores: Matthew Fox, Josh Holloway, Evangeline Lilly, Terry O'Quinn, Naveen Andrews, Dominic Monhagan, Harold Perrineau, Maggie Grace, Ian SommerHalder, Jorge Garcia, Yunijn Kim, Daniel Dae Kim, Emilie de Ravin, Malcolm David-Kelley
Data: 2004/2005
País de Origem: Estados Unidos
Duração: 45 min (episódio)
M/12Q
Cor e Som







Não é nada fácil fazer uma critica a uma série tão extraordináraria como esta, devido à sua extrema complexidade... 22 de Setembro de 2004 (data da exibição do primeiro episódio nos Eua) um avião comercial que faz a viagem Sydney-Los Angeles despenha-se no meio do Pacífico, numa ilha deserta. De alguma forma 48 passageiros sobreviveram. Sem qualquer hipótese de conseguir comunicar com o exterior, e tendo o avião alterado a sua rota durante o vôo para as ilhas Fiji devido a uma falha de motor, as equipas de salvamento não sabem onde procurar o avião. Estes 48 sobreviventes são então obrigados a conviver, gerir e criar regras para sobreviver nesta ilha. É relevante salientar que ao longo de toda a série apenas observamos o que se passa na ilha, e nunca aquilo que se passa no Mundo exterior. Até aqui aparentemente estamos apenas perante uma imitação de, por exemplo, Robinson Crusoe. O que é genial em Lost é que o tema não é a sobrevivência deste grupo, mas sim as relações entre as personagens e a sua exploração nas seguintes vertentes: psicologia, passado e a recção a esta situação, seja criando uma nova personalidade para melhor conviver com os outros, ou simplesmente aproveitando-se da situação. Os episódios de Lost seguem todos o mesmo formato, à excepção dos iniciais e finais (no caso da primeira série). Cada episódio é centrado numa personagem, e enquanto vamos observando as suas acções na ilha ela vai tendo flashbacks acerca da sua vida antes do acidente, com os quais são estabelecidos paralelismos com o presente. É interessante por isso observar a evolução das personagens. Estas são escolhidas genialmente. Vou então tentar falar delas sem estragar o prazer dos poucos que ainda não seguem a série. Jack Shepard (Matthew Fox) é um médico, mais precisamente cirurgião espinal, americano, com cerca de 36 anos. Rapidamente os sobreviventes se apercebem das suas habilidades e conhecimentos científicos fora de série, pois é Jack quem cura os ferimentos e ajuda estes sobreviventes logo após a queda do avião. Rapidamente Jack emerge como líder deste grupo de desconhecidos, embora não o queira. A partir daí todos recorrem à sua ajuda e conhecimentos para as coisas mais insignificantes, estando assim dependentes de Jack. Psicologicamente Jack é uma pessoa que sente a necessidade de ajudar os outros, e quem critica esta faceta de Jack esteja calado pois é de conhecimento comum que qualquer médico honesto tem como objectivo salvar vidas. O passado de Jack não foi fácil, tendo tido uma má relação com o pai. Encontra a mulher da sua vida através da medicina. Sarah, a sua esposa, tinha uma lesão na coluna que foi milagrosamente curada por Jack. Os motivos de Jack estar na Austrália não direi aqui, pois será preferivel ver a ler. A evolução de Jack ao longo da série é notável, começando por ser alguém altamente altruista e que pouco a pouco se torna cada vez mais sombrio, imprevisivel e até mesmo violento. Kate Austen (Evangeline Lilly) , americana com cerca de 27 anos, aparenta ser uma rapariga comum. Rapidamente o grupo se apercebe que ela era uma fugitiva antes do desastre, e que tem experiência com armas de fogo e corta-mato. É sempre a primeira a participar nas explorações, talvez devido ao facto de nunca conseguir estar no mesmo sitio. Rapidamente desenvolve uma relação de parceria com Jack. Kate é uma pessoa algo fria, mas que obviamente tem sentimentos, como qualquer ser humano. É também altruista, inteligente, mas muito reservada. A sua vida é um mistério para os outros sobreviventes. Kate acaba por desenvolver uma relação de afecto tanto com Jack como com Sawyer. Sawyer (Josh Holloway), cujo verdadeiro nome é James Ford, é o tipico campónio em termos de socialização. Americano, de 35 anos é aquilo que podemos considerar um sex symbol. Sawyer mostra-se arrogante, egoísta e está sempre pronto a mandar uma bela piada ofensiva, e por vezes até destrutiva. Uma das suas caracteristicas é a de dar alcunhas a toda a gente que conhece. Sawyer adopta na ilha a politica do cada um por si, representando o modelo capitalista, enquanto Jack representa o modelo comunista, onde todos devem ter as suas funções para contribuir para a sobrevivência do grupo. Todavia Sawyer não é na realidade assim. Ele é uma pessoa traumatizada desde a infância, devido à perda dos seus pais (e fico por aqui). A sua profissão antes do acidente era nada mais nada menos que vigarista. Sawyer usava a sua beleza física, a sua inteligência e o seu hipnotizante falatório para iludir vítimas femininas, com muito dinheiro, e vigarizá-las deixando-as na miséria. Sawyer é no fundo uma pessoa que se aproveita dos outros para estar confortável. A sua evolução é, juntamente com a de Jack, a mais impressionante da série. E mais uma vez, é juntamente com Jack a personagem mais interessante. John Locke (Terry O'Quinn) começa por ser uma pessoa muito misteriosa. Também americano com cerca de 50 e poucos anos, o sonho de Locke é fazer um Walkabout, um passeio/aventura na selva Australiana, e é por isso que está na Australia. Mais uma vez deixo ao leitor que descubra porque é que Locke acabou por não fazer esse passeio. Locke é aquele que mais conhecimentos tem na área da natureza, e muitas vezes somos impressionados com as suas habilidades, sejam elas caça ou meteorologia. Muito basicamente Locke é uma pessoa frustradissima e iremos ver isso nos seus flashbacks. Para não prolongar muito mais as personagens limitar-me-ei a enumerar sucintamente as restantes. Sayid (Naveen Andrews), é um soldado iraquiano com grandes conhecimentos a nivel tecnológico. É muito inteligente e é uma das pessoas fundamentais para a coesão e sobrevivência do grupo. Charlie (Dominic Monhagan) é uma estrela de rock viciada em heroína. Ele é na realidade muito ingénuo, e pouco traz para o enredo da série. É talvez a personagem mais pobre. Hurley (Jorge Garcia) é a personagem cómica da série. Mas quando a analisamos talvez não seja assim tão cómica. Hurley sempre viveu traumatizado por ser muito gordo. No passado frequentou um hospital psiquiátrico, e chegou até a ganhar a lotaria fazendo-o acreditar que está amaldiçoado. Claire Littleton (Emilie de Ravin) é uma australiana. O que a torna relevante é o facto de estar grávida. Charlie rapidamente desenvolve uma relação afectuosa com ela, mas que talvez não passe de uma amizade forte. Michael (Harold Perrineau) acompanhava o seu filho Walt (Malcolm David-Kelley) de 10 anos no avião. Ambos sobrevivem ao desastre. O seu passado consiste na sua relação com a esposa, de quem se divorcia, e da sua relação com o filho de quem esteve afastado durante os seus 10 anos devido à perda de custódia. Ao ver Walt a construir uma forte relação de amizade com Locke, Michael tenta proteger o filho da melhor forma que sabe chegando mesmo a proibir Walt de falar com Locke. Shannon Rutherford (Maggie Grace) é o estereótipo da rapariga vaidosa, arrogante que apenas se importa com a sua imagem e em brozear-se. Vem acompanhada do seu meio-irmão Boone Carlyle (Ian Sommerhalder) que acaba por ser o oposto de Shannon. Boone é corajoso e vai acabar por se tornar o discipulo de Locke, ajudando-o nas suas explorações e caçadas. Shannon e Boone tiveram um passado juntos, que chegou mesmo a passar por uma relação de afecto. Finalmente temos o casal sul-coreano, Jin (Daniel Dae Kim) e Sun (Yunjin Kim). As suas personagens também são muito interessantes. Jin era o filho de um pescador miserável. Com vergonha do pai, Jin afasta-se da sua aldeia e tenta arranjar emprego na cidade. Quando conhece Sun, filha de um homem rico e importante, e a pede em casamento a sua vida muda. Jin começa então a trabalhar para o pai de Sun e a ser obrigado a fazer tudo o que este quer para poder continuar casado com Sun. Isto inclui trabalhos duvidosos do mundo do crime, assassinatos. Na ilha Jin começa por se mostrar extremamente repressivo e conservador quanto a Sun, não a deixando sequer desapertar o colarinho da blusa. Jin ordena Sun a ficar ao pé dele e obedecer a tudo o que ele lhe diz. Jin acaba ele também porter uma evolução estrondosa, talvez a mais significativa de todas acabando por se tornar muito simpático e liberal. Peço desculpa a extensa descrição das personagens mas era de facto necessária, pois são as personagens e as suas relações que fazem a série. Já na ilha em si o enredo é resumidamente, e sem estragar a surpresa de o ver, o seguinte. Após o desastre os sobreviventes vão tentar encontrar forma de transmitir um SOS para o exterior. Não conseguindo estabelecer qualquer contacto, o grupo acaba por formar uma sociedade tribal com um ciclo de caçar para comer e esperar que venha socorro. Depois o grupo começa a explorar a ilha. É nessa altura que Lost se começa a tornar realmente interessante. As descobertas são tão enormes e supreendentes que proporcionam ao espectador verdadeiros momentos de suspense e por vezes até terror. Sensivelmente a meio da série, o grupo começa a acreditar que talvez não esteja sozinho na ilha. Começam a acontecer fenómenos inexplicáveis, como os sussurros na selva como se estivessem a ser obervados, ou até a surpreendente aparição de um navio no interior da Ilha, já no final da série. A série termina quando os sobreviventes descobrem uma misteriosa escotilha que aparentemente não se consegue abrir e que emite luzes do seu interior! Enquanto temos esta situação, um grupo de sobreviventes prepara-se para partir de jangada da Ilha em busca de salvamento. E é com estes dois planos distintos que acaba esta primeira temporada. Seria impossivel explorar mais o enredo sem o estragar. Na minha opinião o ponto mais interessante de Lost são os flashbacks das personagens. Através deles observamos aquilo que estes sobreviventes eram antes do desastre e o que é que ele mudou neles. Durante os flashbacks vemos frequentemente ligações entre as personagens (uma personagem aparecerer num flashback de outra personagem), e a seu tempo esta teia de ligações começa a tornar-se tão densa que verificamos que todas estas personagens estão ligadas. É aí que começamos a pensar na grandesa de Lost. Será que este grupo caiu ali por acaso? Será que estão mortos? Será que foi o destino? Será que é um teste? Ou será apenas tudo uma alucinação? O enredo de Lost é o mais intrigante que conheço e proporciona-nos momentos dos mais diversos géneros cinematográficos, desde o thriller no seu estado bruto até à comédia. As relações que se vão construindo entre as personagens são impressionantes como a relação de ódio entre Jack e Sawyer evoluir até ao estado em que Sawyer chega mesmo a dizer que Jack é o seu seu melhor e único amigo. Lost é ao mesmo tempo extremamente viciante. Os mistérios sucedem-se a uma velocidade tal que não podemos perder o episódio seguinte.
Tecnicamente Lost é muito bom. Apresenta excelentes filmegens. Os cenários praia e selva estão muito bem aproveitados, principalmente este último. E como já referi anteriormente consegue manipular as emoções do espectador na perfeição. A fotografia também é interessante. E claro o contraste presente/passado, consequentemente natureza/urbanismo é conseguido na perfeição.
O desempenho dos actores é fabuloso. A sua grande maioria não passava de desconhecidos que acabaram por se revelar em Lost. Matthew Fox prova aqui que é um actor de topo, juntamente com Josh Holloway, Naveen Andrews, Harold Perrineau e Terry O'Quinn. No entanto esta comparação é um pouco injusta já que todos os actores interpretam o seu papel na perfeição. Simplesmente são estes os que mais se destacam. A banda sonora é também ela excelente, composta pela orquestra de Michael Giacchino. A sua música torna a acção ainda mais trepidante, o suspense ainda mais chocante e os momentos tristes realmente tocantes, talvez até excessivamente na parte final da série.
Lost é uma série que merecia o cinema e não a televisão. Pessoalmente considero-a a melhor série de sempre, tendo apesar disso seguido 24, Oz, Taken, Sobrenatural ou The 4400. É apaixonante a exploração psicológica das personagens em função do ambiente onde estão inseridas(perigoso, misterioso e atemorizante), e é esse o conceito da série. Façam um favor a vós próprios e vejam esta série, o que eu não acredito que ainda ninguém tenha feito.
Uma obra-prima do cinema moderno.

Nota: 5/5

Outras Notas:
Pedro Mourão-Ferreira: 5/5
Azevedo: 5/5
RMC: 5/5

8 comentários:

Anónimo disse...

Grande critica! em ambos os sentidos. Lost em sem duvida uma grande serie... e e sem duvida viciante, o enredo e muito bom mm. sem duvida e uma serie q merece ser vista!!

Anónimo disse...

sawyer dos mais importantes da série? ahaha vai te lixar

Anónimo disse...

Ganda Sawyer

Pedro Mourão-Ferreira disse...

Excelente crítica David: és justo para todas as personagens envolventes da série. "LOST" é, de facto, uma grande série e, provavelmente, a melhor dos tempos modernos. Quem ainda não viu, veja, mas quando vir, irá ficar agarrada ao "LOST" de uma forma, talvez, excessiva. Porém, vale a pena. Matthew Fox, entre todos, para mim, é quem interpreta melhor o seu papel. Acho que o David esqueceu-se de mencionar uma coisa (pode ser que eu esteja enganado): a banda sonora fabulosa composta por Michael Giacchino. Bom, de resto, acho que já tudo foi dito. Continua assim David (uma dica: não reveles em demasia o argumento dos filmes/ séries).

Anónimo disse...

Não é fácil para seguidores acérrimos como vocês, descrever e criticar à “nossa” série de eleição. Sim, porque assumo também ser grande fã do fenómeno “Lost”. Porém, na ânsia de expôr esta série magnífica, acho que o meu estimado amigo, David Bernardino, fez mais do que uma crítica sobre o assunto. Penso que esta apreciação do Lost, passa além disso, e transforma-se mesmo, num contar da história. Não leves a mal, mas é o que acho ... nesta epopeia escrita, descreves personagens, falas da sua evolução ao longo da história, enfim ... é um artigo excelente para quem ainda não teve o privilégio de ver a série. Contudo, pede-se, em meu entender, uma crítica para ser apresentada a quem já presenciou o magnífico espetáculo Lost. Não vou negar que também daria uma excelente nota a Lost, se tivesse de o classificar, acho inclusivé que este teu texto devia ser apresentado a toda aquela gente que ainda não encontrou o luar na escuridão da noite, ou seja, ainda não viu Lost ... uma crítica recheada de paixão, e este é mesmo o sentimento para o qual o Lost existe, para colar as pessoas a televisão. Abraço, continuem.

Anónimo disse...

Lost... uma das melhores séries de sempre sem dúvida! E aqui está uma óptima crítica, apesar de não ser nada fácil resumir num pequeno texto uma série tão complexa como Lost. A apresentação das personagens está muito boa, concordo plenamente na parte referente ao Charlie, que nos primeiros episodios era uma das personagens preferidas, mas no decorrer da sua história na ilha e nos flashbacks revelou ser uma personagem sem qualquer interesse. 9.5, é claro que é a nota mais adequada... 10 seria um exagero, mas está lá bem perto. Uma série completamente viciante sim! Principalmente a primeira série, eu pelo menos já a vi 3 vezes e quando se começa a ver é muito difícil parar.

Anónimo disse...

Não papas uma

Anónimo disse...

Porque é que tiveram o acidente antes do meu aníversário?