terça-feira, 1 de maio de 2007

Inland Empire

Titulo Original: Inland Empire
Titulo Português: Inland Empire
Realizado por: David Lynch
Actores: Laura Dern, Jeremy Irons, Justin Theroux
Data: 2007
País de Origem: França/Polónia/Estados Unidos
Duração: 172 min.
M/18
Cor e Som










Mulholland Dr. de facto impressionou-me e tenho-o em muito boa conta. Um filme que nos contava uma história com sentido e que na última meia hora nos apresentava algo completamente inexplicável em termos de coesão de enredo. Os actores mudavam de personagem, apareciam coisas escritas no écran como "Parte III", velhotes a rirem-se diabolicamente, enfim... ficávamos sem perceber nada daquilo. No entanto aquilo que sucedia nessa última meia hora de filme era explicável, e era possível entendê-la se nos dedicássemos o suficiente ao filme. Foi com altas expectativas que fui ver Inland Empire. Esperava uma história enigmática cuja explicação seria dificil de atingir, como em Mulholland Dr. Mas se formos honestos vemos que aquilo que tornou Mulholland Dr. tão famoso foi a sua última meia hora. Lynch percebeu isso. Ou seja, a minha explicação para o que se terá passado com o agora oficialmente louco Lynch foi que ele teria pensado o seguinte: "O público gostou da última meia hora do Mulholland, por isso vou fazer um filme de 3 horas em que não apenas meia hora, mas as 3 horas inteiras sejam imperceptíveis...", acompanhado de um riso maquiavélico. Ora Inland Empire é precisamente isso. Ia agora dar uma pequena noção do enredo, mas isso é impossível já que ele é inexistente. Apenas podemos perceber que uma actriz é contratada para participar num filme (Laura Dern) pela personagem de Jeremy Irons, que é o realizador, e contracena com a personagem de Justin Theroux. Depois é-nos dito que o filme está amaldiçoado. O resto são cenas descabidas sem qualquer sentido. No final do filme podemos dividi-lo em 3 pontos de análise chave: o enredo, a prestação dos actores e o visual, que engloba fotografia, música, etc... Dessa forma analiso Inland Empire com uma excelente prestação de actores, Laura Dern está sem dúvida excepcional e o visual é fantástico. E é tudo. O filme não tem enredo! A certa altura do filme damos por nós a ver cenas como uma imagem estática de pessoas com fato e gravata e uma mascara de coelhoa ler o jornal. A certa altura as luzes da sala onde estão esses coelhos apagam-se e entra na sala um coelho vestido de Diabo com duas velas. Ouvem-se palmas de fundo, como se fosse uma sitcom e risos quando um coelho pergunta ao outro que horas são. Mais bizarro que isto é muito difícil. Mas o problema é que esta não é a única cena surreal do filme. Prostitutas a dançar com uma coreografia, uma mulher a morrer e duas pessoas ao lado a conversar como se não fosse nada, uma rapariga que chora quando vê televisão, um monólogo enorme em que uma japonesa fala da prima... Enfim, nada faz sentido neste Inland Empire e quando pensamos que descubrimos aquilo que se está a passar Lynch volta a atirar-nos para cima os malditos coelhos! Coelhos esses que me têm dado pesadelos deste que vi o filme, talvez devido à música sepulcral que acompanhava os risos e a imagem estática dos coelhos! Mas o pior é que o filme dura 3 horas... Imaginem-se sentados durante três horas a ver um filme que não faz qualquer sentido. Ao inicio rimos das cenas surreais, convencidos de que mis tarde haverá uma explicação. Depois vemos o tempo a passar e as cenas surreais a sucederem-se. Um pouco mais tarde ficamos sem posição na cadeira porque o filme não nos está a prender interesse e por isso convém ficar numa posição confortável. Essa sensação de desconforto começa então a vir acompanhada de desespero: há mais de duas horas que o filme não está a fazer sentido e só queremos sair dali. E ao fim de 3 horas de filme, Lynch não se dá por satisfeito e prega-nos um susto que pelo menos a mim me ia matando do coração.
Posto isto vemos que Inland Empire ou é péssimo ou é excepcional. Mas só baseando-me apenas nisso teria que dar um 1/10 ao filme, por isso decidi classificá-lo de acordo com os 3 pontos já referidos: interpretação, visual e enredo. O visual e a interpretação estão excepcionais, o enredo já se sabe. Se Inland Empire fosse um conjunto de curtas metragens independentes umas das outras daria 10/10, mas como esta sucessão de cenas teoricamente fazem parte de um todo enredo, então ele é péssimo. Mais, é imensamente pretencioso. É levar a imperceptibilidade da última meia hora de Mulholland Dr. ao extremo e juntar-lhe uma abundante dose de surrealismo. Só existem três hipóteses:
1- Lynch enlouqueceu e não tem noção daquilo que faz.
2- Lynch quer gozar/vingar-se dos espectadores por só darem valor a Mulholland Dr. pela sua última meia hora.
3- Lynch é o maior génio da história do cinema e construiu um enredo de tal maneira complexo que ao conseguirmos descodificá-lo concluímos que Inland Empire é o melhor filme de todos os tempos. O problema é que nesta última opção teríamos que ser sobredotados e dedicar o resto das nossas vidas ao filme sem certezas de que algum dia terámos a resposta.
Podemos então eliminar a terceira hipótese... Inland Empire resume-se numa única frase: um enredo imperceptivel, pretencioso na sua imperceptibilidade com uma das mais brilhantes actuações de sempre (Laura Dern). E além disso, se Lynch queria demonstrar alguma coisa com a complexidade do enredo, não o conseguiu fazer já que não se entende, pelo que não existe qualquer justificação para fazer uma coisa destas. Um desperdício de dinheiro e,sobretudo, de tempo. 3 horas para ser preciso.

Nota: 1/5

Outras Notas:
RMC: 1/5

9 comentários:

Anónimo disse...

fodase pior critica de sempre

Anónimo disse...

Concordo em 100% com a sua opinião sobre este filme.
Devido à pontuação que os críticos davam a este filme sempre desejei fazê-lo, enquanto esteve em cartaz, mas outras obrigações não mo permitiram pelo que só agora o vi no Nimas.
Saí do cinema cansado e imensamente baralhado e então resolvi ver diversas críticas, na net, para ver se compreendia o filme e... pouco adiantou e a opinião que mais coincidiu com a minha foi a sua...
NUNCA MAIS VOU VER LYNCH, tal como já faço com o Manoel de Oliveira.

Anónimo disse...

Não entendi, não gostei.
O problema foi este, amigo...

Anónimo disse...

DESCULPEM, MAS VOCES NÃO PREZAM PELA INTELIGENCIA! nÃO VOU EXPLICAR COMO É OBVIO AQUI O FILME,MAS SE PESQUIZAREM UM POUCO VÃO ENCONTRAR O ENREDO DO FILME E VÃO ABRIR A BOCA DE ESPANTO! ISTO É UMA OBRA PRIMA E POBRE DAS ALMAS QUE DIZEM O CONTRARIO

Anónimo disse...

Eu também gosto imenso de David Lynch, aliás é o meu realizador preferido. Penso que tenho a obra toda dele, inclusive os Short Films.

O Lynch não é, pelo menos para mim, todavia um realizador cujos filmes se vejam frequentemente. É necessário estar com a disposição intelectual certa, pois os filmes dele possuem uma vivência própria e são extraordinariamente exaustivos para o espírito, desde que se possua a sensibilidade necessária para se conseguir "entrar" neles.

Cada filme do Lynch para mim é um mundo próprio, com elementos comuns todavia ao universo que os caracteriza. Pessoalmente adorei a "trilogia maldita", que muitas consideram o conjunto do Lost Highway, do Mulholand Drive e do Inland Empire".

Sobre este último filme, confesso que também saí do cinema algo desiludido. A câmara digital também não me convenceu, achei o filme extraordinariamente longo, chato e sem o encantamento que conseguia sentir em filmes anteriores.

Todavia, confesso que na altura do visionamento, as condições não eram realmente as melhores para ver um filme dele. Além de que estava quase com uma directa da noite anterior...

E confesso-vos também que a memória do filme perdurou na minha mente, tendo pensado muitas vezes nele durante os meses que se seguiram. E tal é, concordarão, indiciador de que algo, pelo menos no meu subconsciente ficou impressionado com o que viu.

Decidi-me pois por um novo visionamento, e aguardei a saída do dvd em Portugal durante muito tempo. Quando finalmente saíu, assisti segunda vez, mas desta vez em casa, de noite, sózinho, às escuras, com o LCD ligado à aparelhagem. E ADOREI.

O filme ganhou para mim uma dimensão totalmente nova. A transferência digital pelo menos na versão que tenho é fabulosa, tendo arrasado com a impressão negativa com que tinha ficado no cinema. O filme melhora imenso com um segundo visionamento, sobretudo se for visto nas condições ideiais, tanto em termos físicos como mentais.

Para quem critica a falta de lógica dos argumentos, a aparente falta de sentido das sequências, recordo que Lynch acerca disso referiu uma vez que o cinema que ele realiza deve ser visto como se se ouvisse uma sinfonia. Segundo referiu, ninguém perguntaria a Beethoven ou a Mozart qual a história que contam as suas músicas. Elas são caminhos para uma vivência de sentidos e cada pessoa as sente de modo diferente.

Com os filmes de Lync passa-se a mesma coisa. Acho que é realmente um visionário em termos cinematográficos, tanto em termos de forma como de conteúdo.

Não interessa se o Inlande Empire não conta uma história lógica. É um filme belíssimo, profundo, negro, perturbador. Como aliás todos os filmes de Lynch talvez com a excepção do Straight Story, o único filme que considero "tradicional" dele.

Aos que não gostaram, sugiro um segundo visionamento com calma, sem procurarem entender ou ligar as sequências, mas apreciando, vivendo, sentido os universos criados, as sensações evocadas. Como quando se ouve uma sinfonia.

João Vagos

Anónimo disse...

Para mim, o melhor filme de sempre!

Anónimo disse...

Quem escreveu esta crítica ou está a gozar ou não percebe um caralho de surrealismo. Fiquem-se pelos filmes realistas e que fazem sentido, aqueles com histórias por trás todas bem escritas e aprumadinhas, para não dizerem barbaridades. É melhor.

Anónimo disse...

metes nojo

alice disse...

és atrasado. poderia claro, responder ao crítico texto (ou texto crítico...), mas seria, para ti, como as longas tranças tranças de um careca.