segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Diarios de Motocicleta

Titulo Original: Diarios de Motocicleta
Título Português: Diários de Che Guevara
Realizado por: Walter Salles
Actores: Gael Garcia Bernal, Rodrigo De La Serna
Data: 2004
País de Origem: Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, Argentina, Chile, Perú, França
Duração: 126 mins
M/12Q
Cor e Som











O brasileiro Walter Salles traz-nos esta soberba adaptação dos autênticos diários de Che Guevara. Diarios de Motocicleta conta-nos a história de toda a viagem de Ernesto Guevara (Gael Garcia Bernal) e do seu melhor amigo Alberto Granada (Rodrigo De La Serna) através da América do Sul, a bordo duma motocicleta. Basta este conceito de viagem pela América do Sul numa moto para tornar o filme interessante. Quando esta ideia se junta a Guevara e os seus ideias e às estonteantes paisagens e perfeição de enredo o resultado é verdadeiramente assombroso. Guevara e Alberto partem da Argentina para viver inúmeras peripécias. Terão que enfrentar tempestades, hospitalidades duvidosas e populações muito unidas. Os dois companheiros partem apenas como estudantes de medicina de classe elevada e acabam completamente modificados, principalmente Ernesto, por todo o sofrimento e injustiça que testemunham. Situações como numa clinica de leprosos haver um rio a separar os sãos dos leprosos. É dificil descrever aquilo que sentimos durante este filme. Parece que é a realidade que se vai enterrando cada vez mais. Enquanto que alguns filmes tentam mostrar os pobrezinhos de forma a que o espectador tenha muita pena deles por eles serem bonzinhos e não merecerem aquele mal, Diarios de Motocicleta fá-lo de uma forma assustadoramente real e nada pretenciosa, pois limita-se a retratar aquilo que Ernesto e Alberto (ainda vivo) testemunharam durante a viagem. Note-se a cena em que o duo se encontra com um casal de mineiros na estrada à procura de trabalho. Quando o casal pergunta se Ernesto e Alberto estão à procura de trabalho e estes respondem que não, os mineiros perguntam "então porque viajam?", ao que Ernesto diz algo de inconcebível: "viajamos por viajar". É uma série destes pequenos pormenores que se nos vão injectando ao longo de todo o filme de forma natural e, mais uma vez desculpem-me a comparação, não pretenciosa e forçada como nos faz Babel. Para além de todo este testemunho social e político o filme tem outros pontos fantásticos. As paisagens são fantásticas e só pelo nível documental valeria a pena ver este filme, já que nos oferece uma nova perspectiva notável de países como Chile e Perú. A travessia do rio Amazonas, das montanhas e dos infinitos campos são momentos belíssimos. A nível de interpretação Diarios de Motocicleta está também fora de série. O jovem Gael Garcia Bernal tem uma prestação excelente, desde os discursos que faz seriamente até aos seus violentos ataques de asma. Rodrigo De La Serna também está muito bem, a interpretar o folião Alberto Granada, cujas preocupações são as mulheres e a comida. São deliciosos os esquemas que estes dois arranjam para ultrapassar os obstáculos da viagem. Os inúmeros episódios como o da fuga dos aldeões são impagáveis, não faltando ao filme uma boa dose de comédia. Um pormenor muito positivo e que mais uma vez dá realismo ao filme é o facto dos actores não serem bonitos. Parece que estamos de facto a observar populações indígenas da América do Sul, descendentes dos Incas, etc. O rosto destas pessoas não tem esperança e ao mesmo tempo não precisa de choradeiras para nos fazer ter pena deles. Aliás nem é essa a intenção deste fabuloso filme. A banda sonora está também ela excelente, representando os vários estilos de música dos países que vão sendo visitados, bem como as favoritas dos protagonistas.
Um filme que não apresenta qualquer erro, simples pelo seu enredo e complexo por tudo aquilo que o enredo transmite. Provavelmente já ouviram falar deste filme. Vejam-no não por ser um filme sobre Che Guevara, mas por ser uma verdadeira obra de arte sobre a viagem de dois companheiros pela América do Sul que faz muito mais que fazer-nos sonhar. Um dos melhores filmes que já tive o prazer de presenciar.

Nota: 5/5

Outras Notas:
Azevedo:

1 comentário:

Anónimo disse...

Aleluia, uma pessoa que pensa exactamente como eu acerca deste filme!

Antes de o ver o que me tinham-me dito que o filme era sobre a transformação de Che, estudante de medicina em Che, El Comantante. Só isso torna o filme interessante. Mas depois de ver apercebi-me que o filme se trata sobre muito mais que isso, sendo a evolução das personagens subtil e o argumento excelente. Não vou ficar meia hora a escrever pois a crítica cobre tudo o que precisa de ser dito. Nota máxima para o filme.

Até mais, Jonas.