segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Lions for Lambs

Título Original: Lions For Lambs
Título em Português: Peões em Jogo
Realizado por: Robert Redford
Actores: Robert Redford, Meryl Streep, Tom Cruise
Data:
2007
País de Origem: Estados Unidos
Duração: 88 minutos
M/12Q
Cor, Som




Este é o filme que tenta retratar aquele que podemos vagamente definir como o declínio oficial do "American Way of Life", ou melhor, da perspectiva do resto do mundo em relação a este modo de vida. Ser americano já não é o que era há uns tempos. Já não se associa tanto a riqueza, inteligência, poder mas um pouco mais a ignorância, megalomania (no seu sentido menos bom), e finalmente, a um grande falhanço, pois se a tarefa da América enquanto país livre era defender o mundo livre (atenção: isto apregoava e sempre apregoou o espírito americano) - os países livres, ou por vezes os países civilizados ou por vezes os países ricos - então não cumpriu os seus objectivos, como se pode constatar, de uma forma geral.
O filme passa-se em três frentes. Stephen Malley é professor de Ciência Política e depara-se com a súbita falta de interesse pelas suas aulas por parte de Todd Hayes, que se revelava hábil e conhecedor da matéria envolvida na cadeira, participando em debates, argumentando com convicção nestes, em nome de uma melhor solução. A perda de interesse é justificada por Todd pelo facto de ele não conseguir contribuir em nada para mudar as coisas, politicamente falando. Para Malley, este é um caso diametralmente oposto ao encontrado meses atrás: o caso de Arian e de Ernest, estudantes com uma vontade enorme de mudar o panorama político do país onde vivem, e que viram na participação militar na guerra do Afeganistão o meio ideal para tentarem concretizar os seus objectivos. Por outro lado, temos Janine Roth, experiente repórter de uma importante estação televisiva, que tem uma entrevista, ou melhor, uma espécie de conversa informal sobre política, marcada com o Senador Jasper Irving. Este tem influência no controlo das decisões quanto à defesa do seu país, sendo a guerra no Afeganistão o que está mais em voga no filme. Nesta frente, temos um Senador com demasiada ambição para dizer "Não" à presidência americana e uma repórter que tem vontade de passar o verdadeiro perfil da classe representada pelo Senador - Senador este que havia firmemente defendido anos atrás - mas que não consegue, pois tal nunca seria aceite para passar para as audiências.
Temos em acção: a estirpe política, a imprensa, o ensino, os ensinadores e os ensinados. Temos um retrato, não diria fiel, mas talvez provável, ou parcialmente real, da América actual: os jovens não têm fé na política, os ensinadores não sabem como hão de contagiar a sua fé para os jovens, a imprensa faz passar apenas a informação que beneficia a política nacional - pois em tempos de guerra, temos que estar do lado do nosso país - e a classe dirigente da nação envolve-se em retórica sobre os interesses nacionais, que se resumem numa necessidade quase doente de espalhar a democracia, que acaba por se virar contra si mesmo. Fora do contexto real, os actores estão adequadíssimos. Meryl Streep e Tom Cruise estão óptimos, parecendo que foram apanhados a conversar sozinhos, em vez de estarem a representar. O filme é calmo, para que o espectador possa pensar sobre os assuntos em questão e as suas implicações. Recomendado.

Nota:

Outras Notas:
Pedro Mourão-Ferreira:
David Bernardino: 3/5

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