quarta-feira, 2 de maio de 2007

Reikusaido Mada Kesu

Título Original: Reikusaido Mada Kesu
Título em Português: Lakeside Murder Case
Realizado por: Shinji Aoyama
Actores: Kôji Yakusho, Hiroko Yakushimaru, Etsushi Toyokawa, Akira Emoto, Yuko Mano, Fukumi Kuroda, Kaoro Sugita, Shingo Tsurumi
Data: 2004
País de Origem: Japão
Duração: 118 min.
M/16
Cor, Som








Lakeside Murder Case é, primeiramente, um agradável filme policial misterioso. A permissa várias vezes se assemelha aos grandes clássicos deste género: no suspense, vários momentos relembram-nos Hitchcock, e na "ênquete" outras situações nos recordam Sherlock Holmes ou até Poirot e Miss Marple. Na verdade, este filme não se assemelha nem por nada com Tsumetai Chi (An Obsession), um dos primeiros filmes de Aoyama, e que tal como este, era um thriller policial. Este, ao contrário do outro, quer apenas divertir o espectador com uma situação extrema da sociedade. Enquanto que Tsumetai Chi - remake de Nora Inu (Stray Dog) de Akira Kurosawa - simbolizava um novo realismo - imprimido pela lentidão, pelos silêncios muitas vezes desconfortáveis no filme - na sociedade que acabava por ser asfixiante, Lakeside Murder Case vive - quase - do absurdo. A situação que se nos depara aqui é uma hipérbole à competitividade desinfreada dos jovens japoneses. Numa perspectiva, aproximamo-nos de um tema muito particular deste realizador: o mundo dos jovens e a sociedade moderna. Os jovens que se perdem num mundo recheado de referências pop, de estilos de vida paralelos, da tristeza, da frustração de uma sociedade (e de pais) que se preocupa(m), acima de tudo, com o sucesso escolar e profissional, do que da estabilidade emocional e afectiva.
Três casais com os seus filhos pretendem inscrevê-los num colégio de elite onde só entram os melhores dos melhores. Para este efeito, existirá uma reunião de férias num chalet ao pé de um lago, onde um avaliador irá verificar não só a capacidade dos rapazes em termos intelectuais e físicos, como também o comportamento dos ditos pais. Kôji Yakusho (o Makoto de Eureka) faz o papel de um pai que está em vias de separação da mulher, mas finge ser casado e um bom pai de família de modo a dar uma oportunidade à sua filha - que nem é dele biologicamente - de entrar para o colégio. Após vários episódios, a amante de Sunsuke Namiki (o personagem de Kôji) - a própria culpada da separação do casal - aparece no chalet e é morta nessa mesma noite. A partir deste momento, o filme - como qualquer película de mistério - torna-se muito dinâmico. Pois os próprios pais estão postos a disfarçar o incidente escondendo o corpo no lago. Devo dizer, que as cenas de suspense são muito básicas, porém não quer isto dizer que não são bastante eficazes, pois colocam o espectador ora, na dúvida sobre o culpado do assassínio, ora no tremor se o próprio corpo é descoberto pelo avaliador, e assim, acabaria a hipotése de assegurar um futuro promissor aos filhos. Note-se a cena, onde se esconde o corpo, onde as nossas emoções se misturam entre comédia e aflição. Como se disse há pouco, a situação torna-se ridícula e absurda. Como numa obra de Samuel Becket, onde a sátira se prende, obviamente, com o absurdo extremo, também aqui em Lakeside Murder Case os pais são os culpados duma educação deficiente que peca especialmente na crença primeira dos valores económicos e financeiros. A perda da humanidade permite-lhes matar, ou pelo menos, omitir uma morte. Mas quanto a isto, o desfecho do caso ainda elucida mais este carácter bizarro do mundo moderno.
Lakeside Murder Case é por vezes filme misterioso, por outras drama familiar e conjugal, e ainda por outras um policial prefigurando um ensaio ao estado das relações entre pais e filhos. Das expectativas da nova geração face à velha e da velha face à nova. Um filme que não é original na forma, mas é inovador no aproveitamento dessa forma no tema. No geral, é uma película que ensina e alerta - mesmo não sendo cunhada com genialidade.

Nota: 2/5

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