terça-feira, 1 de maio de 2007

Tsuki No Sabaku

Título Original: Tsuki No Sabaku
Título em Português: Desert Moon
Realizado por: Shinji Aoyama
Actores: Hiroshi Mikami, Maho Toyota, Shuuji Kashiwabara, Yukiko Ikari, Kumiko Akiyoshi, Kenichi Hagiwara, Isao Natsuyagi
Data: 2001
País de Origem: Japão
Duração: 131 min.
M/12Q
Cor, Som








Tsuki No Sabaku, filme fácil e preguiçoso, é quase a continuidade do profético Eureka. Shinji Aoyama vai da genialiedade da sua anterior obra para algo imaturo e pouco defenido nesta. Se em Eureka, Aoyama queria acima de tudo fazer uma análise do ser humano, do indivíduo face ao mundo, aqui ele tenta fazer uma biópsia da sociedade face ao indivíduo. Passa do geral para o particular, e por isso mesmo falha redondamente. Pois, as personagens, as acções, os motivos que as movem são insuficientes para categorizar não só a sociedade japonesa, como o mundo. Por exemplo, filmes que nos analisaram a sociedade na sua integralidade, foram Shijie (O Mundo) de Jia Zhang-ke, Tokyo Monogatari (Tokyo Story) de Yasujiro Ozu, ou mesmo no tema da desintegração familiar - que este lida obcessivamente - Bijita Q (Visitor Q) de Takashi Miike ou Teorema de Pier Paolo Pasolini. Não quer isto dizer que Desert Moon seja presunçoso; por vezes, há diálogos formidáveis como o gracejo de uma personagem que diz não ter ideais, ou a entrevista (ou um monólogo) do personagem principal. É nestes pequenos promenores que o jeito de Shinji se acerra, todavia, todo o resto é, não desnecessário - como ouvi - mas insuficiente. Noutras palavras, o que Aoyama quis fazer foi um projecto demasiado exaustivo para um realizador que vive do silêncio, da simplicidade, dos planos timídos etc.
No entanto, a crise familiar que se vai construíndo à medida que a película avança, acaba por ser razoavelmente bem construída. O pai de família - um Bill Gattes japonês malogrado - que se encontra sozinho, tendo a sua mulher e filha se separado dele, a sua empresa também se desaba, e nem as suas velhas amizades prevalecem. Mas, este sentimento do abismo, mais uma vez não está tão bem filmado - nem executado - como em Eureka, por exemplo. Num Eureka havia aquela melancolia oriental da musíca silenciosa, e aqui, há uma tristeza quase dissimulada, muito directa, muito ocidentalizada. Na verdade, mesmo a filmagem se apresenta quase como uma série de baixos custos à la ocidental. Os planos e a mise-en-scéne são fracos geralmente, tendo, alguns momentos em que se pisca o olho a Eureka - a cena do assassinato, das reminiscências parentais, ou da fogueira, por exemplo -.
Depois da apresentação geral das personagens que já não tem ambições, nem sonhos, aparece um salvador; um prostituto de pessoas ricas - símbolo do capitalismo em estado puro - que vai auxiliar a situação daquela família - mais uma vez a generalização do estado do mundo - pois, não quer ver mais pessoas sofrerem como ele. Este modelo do messias, já o Bijita Q e Teorema - dois filmes já referidos sobre o problema da disfunção familiar - lidavam excelentemente. Ora, Desert Moon tenta e, em parte, consegue, tornar esta personagem misteriosa e interessante, no entanto, o final do filme revela-se desapontante tanto para o desfecho do filme, como para o complemento das personagens. O filme acaba e nem damos por isso. Acaba como começou, em suma, incompleto.

Nota: 0/5

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