domingo, 17 de junho de 2007

Good Will Hunting

Título Original: Good Will Hunting
Título em Português: O Bom Rebelde
Realizado por: Gus Van Sant
Actores: Matt Damon, Robin Williams, Ben Affleck, Minnie Driver
Data: 1997
País de Origem: Estados Unidos
Duração: 126 minutos
M/12Q
Cor, Som









Podemos gostar dos filmes pelo entretenimento proporcionado, ou talvez pela mensagem nas entrelinhas que nos é fornecida, pela inovação gráfica do mesmo ou por nos fazer chorar, rir e/ou fazer passar um bom bocado, simplesmente. Além destas razões normais, das posso escolher algumas, tenho a acrescentar uma, a de que Matt Damon e Ben Affleck deixaram de estar para mim naquela lista dos actores com uma boa imagem - leia-se, se assim o desejarem, "sex symbol" - mas com os dotes para a representação a desejar. Estas opiniões são de referir no final de qualquer análise, mas não posso deixar de o fazer no início desta, pela surpresa que provocou em mim a prestação destes dois actores, que sem ser brilhante, é confortavelmente boa.
O filme trata de um jovem de ascendência irlandesa, Will Hunting, que é empregado de limpeza no MIT, um dos institutos de ensino universitário mais prestigiado dos EUA e do mundo. No MIT, trabalha um reputado professor de matemática que faz um desafio aos alunos: a resolução de um problema de elevada dificuldade, sendo que, caso algum deles o resolvesse, segundo Gerard lambeau, o professor, seria um génio, um sobre-dotado. O problema é colocado num quadro de ardósia de um corredor, para que seja resolvido. Will, o pobre empregado da limpeza, que mal se sustenta, que vive com a família num bairro pobre, com poucas condições, sempre disposto a arranjar problemas com pessoas de quem não goste, vê o problema, pega no giz, e resolve-o. Correctamente. O professor descobre as capacidades extraordinárias do rapaz e decide falar com ele para lhe arranjar um emprego adequado à sua inteligência. O rapaz recusa qualquer ajuda e insiste em continuar com a mesma vida. As coisas mudam quando Will é preso e Gerard decide ficar a cargo do mesmo, sabendo do seu potencial, para evitar que este fosse desperdiçado. Para Will não passar os próximos tempos a "ver o sol aos quadradinhos", terá que ser acompanhado por um psicólogo e também terá que ver Gerard uma vez por semana. O professor recorre a vários psicólogos mas só um decide ficar com o caso - Sean Maguire, seu antigo colega de quarto. Além disto, Will arranja uma companhia, Skylar, uma abastada aluna de Harvard, diferente das raparigas que este havia conhecido. A questão a partir daqui é se Will dará o salto da sua vida - profissional e emocionalmente - correspondente à sua brilhante cabeça.
É interessante a dicotomia pobreza-riqueza entre Will e Skylar, visto que tomam vidas completamente diferentes mas que se conseguem encaixar, dentro das possibilidades. Skylar não tem nenhum preconceito em relação ao estatuto sócio-económico de Will, o que já não acontece do outro lado. O facto de Sean e o seu mais recente paciente não serem assim tão diferentes, tendo até bastantes coisas em comum, também está bem explorado. Este "Bom Rebelde" é um filme bem feito. Consegue ser dramático sem ser lamechas, consegue ser romântico sem ser telenovela. Ben Affleck e Matt Damon fazem um bom papel, Matt Damon de Will, Ben Affleck de irmão deste. A dualidade rapaz inteligente/rapaz com vida de rua está bem conseguida. De resto, um bom filme, calmo, sem nada de especial a apontar à realização.

Nota: 3/5

Outras Notas:
Miguel Patrício: 1/5

2 comentários:

Miguel P. disse...

O Bom Rebelde faz parte daquele conjunto de filmes que - na boa tradição americana - parece se guiar exclusivamente por uma boa narrativa, uma boa história, e, desse modo, todo o processo de realização se apaga, se auto-reduz e se submete inteiramente à dita mensagem final que, diga-se, pretende dar um fundo moral, logo, de aceitação social e colectiva. Ora, eu sou da opinião que esta fórmula raramente dá bons resultados, em contrapartida, custuma sempre brindar-nos apenas com o razoável, o possível. Em o Bom Rebelde, Gus Van Sant - realizador consagrado pelo povo devido ao posterior Elephant - aqui , não se sabe bem ao certo o que pretende: se quer unicamente moralizar a plateia (narrando as aventuras e desventuras de um génio rebelde, interpretado razoavelmente por Matt Damon) ou se quer fazer uma película de prestações( e sublinhe-se a de Robin Williams), à qual o filme se centra quase como um parasita, ou então, pode ainda não pretender nada disto e fazer um filme disperso, um blockbuster de Domingo à tarde com um final belo.
É na impossibilidade (ou ainda assim, possível) de tentar descrever esta razoabilidade, este contentamento com o pouco, irritante e irritável de O Bom Rebelde que acabo a minha pequena crítica, esperando apenas constatar que o cinema pode ser muito mais belo do que isto.

Nota: 5/10

Pedro Mourão-Ferreira disse...

Hmm, por onde começar...

Aquando da minha viagem a Nova Iorque, vim a perceber de muitas coisas. Uma dessas foi: para uma pessoa se soltar e sentir-se em controlo de si próprio, é preciso tomar uma iniciativa, algo que vi a aprender com o tempo. "Good Will Hunting" trata-se disso mesmo, de fazer entender a uma pessoa que tem qualidades excepcionais, não só no âmbito da matemática, mas também como pessoa e a forma como isso se desenvolve direi mesmo original.

Quais são os filmes que analisam verdadeiramente o que é estar numa consulta de psicólogo? Pensava que não existiam. Normalmente, gozam com a terapia, como se fosse uma coisa má, que prejudicasse o crescimento das pessoas. Quando vi esta obra de Gus Van Sant, fiquei parvo, literalmente parvo, não só pelas actuações e pela realização subtil, mas principalmente pelo argumento (escrito por Matt Damon e Ben Affleck). Então porquê? Pela visão realista do tema. Quando metia-me nos pés da personagem de Matt Damon, voltava atrás no tempo, como se fosse uma máquina do tempo. É claro que a vida da personagem foi completamente diferente da minha, mas, em relação à transição da evolução da personagem, foi muito semelhante e, consequência disso, fui a Nova Iorque onde vi esta obra. Não direi que seja uma obra prima, mas, sem dúvida, uma excelente narrativa e obra. A decisão de escolher Robin Williams para psicólogo é acertadíssima. De facto, quando olhamos para Robin Williams nos anos 90, ele era o Mr. Miyagi dos filmes sérios.

"Good Will Hunting" é das melhores obras do cinema americano dos anos 90, entrada de Matt Damon e Ben Affleck na indústria do cinema. Muitas vezes discordo com os vencedores dos Óscares, mas o trabalho impecável de Matt Damon e Ben Affleck merecem o Óscar de melhor argumento original em 1997, no âmbito do cinema americano.

Respondendo ao comentário de Miguel Patrício, por vezes, é preciso um filme que nos ensina algo, já que não se pode fazer tudo sozinho, tal como a personagem de Matt Damon precisa da ajuda de alguém, de um mentor, sendo esse, a personagem de Robin Williams. Como referi no "Top 10 Filmes da Década 2000-2009", em cinema, tudo é permitido, desde que seja bem trabalhado. É o caso desta longa metragem.