segunda-feira, 7 de maio de 2007

The Pianist

Titulo Original: The Pianist
Titulo Português: O Pianista
Realizado por: Roman Polanski
Actores: Adrien Brody, Thomas Kretschmann
Data: 2002
País de Origem: França/Alemanha/Reino Unido/Polónia
Duração: 150 mins
M/18Q
Cor e Som










Dificil de ver, dificil de aceitar, dificil de esquecer. Roman Polanski realiza aquele que é, na minha opinião, a obra-prima máxima do cinema, acompanhado de uma interpretação perfeita de Adrien Brody. O Pianista, realizado em 2002, é sem dúvida o melhor filme jamais feito acerca do maior holocausto da história da Humanidade. O Pianista descreve a verdadeira história de sobrevivência daquele que era considerado o melhor pianista polaco, senão europeu, Wladyslaw Szpilman (Adrien Brody) durante toda a 2º Guerra Mundial, em Varsóvia. Durante 150 minutos observamos a odisseia do judeu Szpilman ao longo de 1939/1945. Durante esse tempo Szpilman passa de um prestigiado pianista para um sem abrigo de miséria extrema que luta por comida. Durante esse tempo assistimos à sua experiência no Guetto Judeu de Varsóvia, antes dos judeus presentes serem deportados para os campos de concentração onde seriem exterminados. Escapando à deportação, Szpilman acaba como mão de obra explorada para os alemães e mais tarde como miserável fugitivo sem-abrigo lutando por um pedaço de pão. Através da visão de Szpilman vemos sem qualquer pudor ou censura as mais terríveis atrocidades cometidas pelos alemães nazis aos judeus, capazes de impressionar qualquer ser humano. Aliás se não se sentem à vontade com violência gráfica, sádica e crua, pensem duas vezes antes de ver O Pianista. Além disso a extrema miséria retratada no filme é tão friamente mostrada que se torna difícil continuar a seguir o filme, como duas pessoas a lutarem por uma lata com arroz, a lata cair no chão e ambos começarem a lamber o chão desesperadamente. O sadismo dos soldados nazis face aos judeus também não é menos perturbante, como obrigar os velhotes a dançar no meio da praça, caindo... Ou atirar um velhinho de cadeira de rodas pela varanda abaixo por não se ter levantado quando entraram os oficiais alemães. Enfim, podemos concluir que aquilo que realmente se passou está retratado neste filme. Eu sabia da dimensão das atrocidades cometidas aos judeus durante a 2º Guerra, e estava ao corrente do comportamento dos soldados nazis, mas ver aquilo que aconteceu neste filme pela primeira vez atribui uma dimensão totalmente diferente ao nazismo; vemos aqui retratado que o que ocorreu em 39/45 não foi apenas um holocausto, foi pior. E depois de ver um filme assim, testemunhando as condições em viviam estes judeus do guetto, pensei "como posso eu ainda dar-me ao luxo de comer um gelado". Sem dúvida que O Pianista mudou a minha forma de dar valor às coisas. Este sim, sem o sendo, consegue ser um verdadeiro filme humanitário. Mas passando à frente.
Nada há a apontar quanto à realização. Não no sentido de não apresentar falhas (que não apresenta), mas no sentido de conseguir retratar com exactidão o comportamento humano face às diversas situações em que Szpilman se encontra durante o filme, e ao mesmo tempo mostrar, sempre através da visão de Szpilman, acontecimentos históricos por ele assistidos como a resistência dos trabalhadores do guetto de Varsóvia em 1943 ou a revolta da cidade de Varsóvia em 1944. Em termos visuais destacam-se as ruínas da cidade de Varsóvia, completamente desertas, por onde Szpilman acaba deambulando sem rumo, mal se aguentando nas pernas, e o tanque que dispara contra o prédio onde Szpilman está escondido. Vemos realmente a bala a entrar e Szpilman a ficar surdo temporariamente e sem saber o que fzer para sair dali. E tudo isto é feito com o máximo de sobriedade e seriedade. E o mais engraçado é que só gostamos da personagem principal se quisermos. Polanski nunca tenta criar uma simpatia do espectador por Szpilman, pelo contrário limita-se a retratar o que lhe aconteceu: um pianista cobarde que vê a sua vida passar de concertos à pobreza extrema em apenas 3 anos, e que só consegue sobreviver através de atitudes não muito corajosas. Assim não o vemos como o herói, apenas como a personagem principal, apesar de pessoalmente a ter amado. E isto não seria possível sem a indiscritivel actuação de Adrien Brody. Nunca um actor esteve tão bem, interpretando todas as emoções exigidas, bem como reacções a acontecimentos, limitações físicas da personagem e atitudes que precisa de tomar, diferindo entre a sua familia, os judeus do guetto ou os soldados alemães (companheirismo, solidariedade/ignorância, medo). Consegue ser superior até a Al Pacino. Perto do final, quando o Capitão Wilm Hosenfeld (Thomas Kretschmann) encontra Szpilman escondido numa casa abandonada no meio das ruínas e lhe pede para tocar piano (Szpilman diz que é pianista), existe um momento inesquecível no cinema pela sua beleza. Parto daqui para outro factor muito interessante, que é o da personalidade dos oficiais nazis. Na esmagadora maioria dos casos (principalmente soldados mais jovens), são tão cruéis e impiedosos que temos dificuldade em acreditar que algo assim tenha acontecido. Noutros casos, como o de Hosenfeld, vemos que existem algumas excepções a este comportamento.
Quanto à parte sonora, esta é composta na sua maioria por maravihosas melodias de piano. Practicamente não existe música ao longo do filme, a não ser quando Szpilman quebra o gelo com as suas pianadas, traduzindo-se isto numa atmosfera cinematográfica fenomenal. E a sequência final de créditos, um concerto de música clássica, não podia ser melhor, providenciando ao espectdor um longo momento de reflexão após o filme, quer seja para o esquecer, quer seja para o estudar.
Um filme histórico perfeito em todas as suas vertentes. Só mesmo vendo e percebendo.

Nota: 5/5

2 comentários:

Anónimo disse...

É bom, mas tambem nao te excites tanto.

Anónimo disse...

é de realçar a grandeza de adrien brody neste filme