quarta-feira, 7 de outubro de 2009

District 9

Título Original: District 9
Título em Português: Distrito 9
Realizado por: Neill Blomkamp
Actores: Sharlto Copley, Jason Cope, Nathalie Boltt, Sylvaine Strike, John Summer, William Allen Young, Greg Melvill-Smith, Nick Blake
Data: 2009
País de Origem: EUA/ África do Sul
Duração: 112 min.
M/16Q
Cor, Som









District 9 para muitos pode ser uma mistura de Rec/ Cloverfield/ documentário National Geographic, mas totalmente o oposto, é filmado no género de documentário mas com algumas nuances que o distinguem. District 9 é um estilo novo, é uma lufada de ar fresco, e posso dizer que este ano já foi a segunda, começando com o divino Inglorious Basterds e passando para este. Não é uma cópia do que já se fez, o que está aqui presente é uma ideia genuinamente nova, uma visão explorada da melhor forma por Neill Blomkamp e Peter Jackson. Já se tinha tentado em vão criar uma história minimamente credível sobre os nossos amigos do espaço, mas é com este filme que se inicia agora algo realmente sério. District 9 é antes de mais uma critica à sociedade e não um confronto imediato entre o "homenzinho verde" e o valoroso, o virtuoso Ser Humano. Mas para perceber isto temos que começar pelo inicio. Em 1990 uma monumental nave extra-terrestre avaria-se sobre a cidade de Joanesburgo e fica lá 20 anos, sendo que em 2010 uma empresa multi-nacional de armas tenta expulsar os "Prawns", nome pelo qual foram apelidados devido à sua forma se parecer como a de um camarão. O que no inicio era uma zona para reter os extra-terrestres passou a ser um bairro degradado tendo todos os problemas inerentes a este tipo de situação social. Esta equipa era liderada por Wikus van der Merwe que acaba por ser infectado e vai ter que com mais dois extra-terrestres lutar pela sua sobrevivência.
Este Distrito apresenta tudo o que se encontra num bairro degradado, mais exactamente numa favela: tráfico de armas, neste caso não de substâncias mas de comida, prostituição, condições precárias e extrema violência. Mas também assistimos a um novo tipo de "racismo" se é que se pode assim chamar, os humanos começam a revoltar-se contra estes novos visitantes e a odiar, o que vai levar com que a empresa multi-nacional os tente mudar para uma zona mais fortemente vigiada. Esta mudança é ao bom estilo actual, a promessa vem sempre com uma grande contra partida e os extra-terrestres são literalmente obrigados a assinar os papeis de "alteração de residência". Isto leva a abusos de força, e até a mortes.Wikus van der Merwe no meio disto tudo acaba por fugir também devido à sua infecção, tendo juntamente com o seu amigo que dá pelo nome de Cristopher descoberto que eram realizadas experiencias genéticas aos extra-terrestres. Como se pode ver todos os defeitos humanos levam a que no final se levante uma questão: será que devido a toda a nossa prepotência e arrogância, a toda a nossa ideia de que somos os únicos e que temos o direito de não respeitar nada a não ser a nossa própria natureza distorcida por uma sociedade altamente corrompida levará a que quando os extra-terrestres voltarem, se vinguem? Por enquanto é tudo ficção, mas não será motivo para pensarmos nisso?
District 9 foi realizado apenas com 30 milhões de dólares e apresenta uma qualidade técnica notável e deslumbrante com um estilo desenvolvido também pelos próprios actores, que dão aquele ar de documentário a todo o filme que realmente só poderia ser assim filmado, correndo o risco de não passar a sua mensagem. A critica politica e social é evidente e está muito bem retratada, a constante desigualdade e intolerância não podem fazer parte da sociedade actual, correndo o risco de qualquer dia acontecer o pior. A par de Inglorious Basterds, estamos perante os melhores filmes do ano e percebemos que só através de filmes independentes é que se pode fazer passar uma critica porque se não for assim Hollywood corta os dinheirinhos e como maior parte dos realizadores é muito cheio de si não vão querer tal coisa, entregando-se a uma companhia mentirosa. Não convém estas realidades serem expostas, principalmente se vindas da floresta sagrada. A resposta está portanto no cinema independente que não se entrega aos lobbies e às pressões.

Nota:

Outras Notas:
David Bernardino: 3/5

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