quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Collateral

Titulo Original: Collateral
Titulo Português: Colateral
Realizado por: Michael Mann
Actores: Tom Cruise, Jamie Fox, Jada Pinkett Smith
Data: 2004
País de Origem: Estados Unidos
Duração: 120 mins
M/12Q
Cor e Som










Gosto muito de Tom Cruise como actor. Apesar de muitos o acusarem de não ter expressão e de as suas personagens acabarem todas com a mesma cara, eu de certa forma discordo com essa acusação. Talvez por ele ter entrado em filmes que me marcaram muito há alguns anos como Missão Impossivel. Podem ser filmes comerciais, e são de facto, mas penso que Tom Cruise consegue sempre dar a volta por cima e causar uma forte simpatia pelas suas personagens, não por serem boazinhas, mas por, pelo menos a mim, me parecerem humanas, isto é, que actuam como eu actuaria se estivesse nas suas situações. Claro que poderíamos agora dizer que isso depende do argumento do filme. Aquilo a que eu me refiro é que independentemente da personagem ser o herói (Missão Impossivel), ser o vilão (Collateral), ser um homem sensivel (Rain Man) ou ser um sujeito comum que cede às mais variadas tentações (Eyes Wide Shut), Tom Cruise consegue convencer-me com as suas interpretações naturais. É ele que acaba por ser o ponto forte de Collateral. Michael Mann, realizador do polémico Miami Vice, dirige este thriller de acção.
Max (Jamie Foxx) é um taxista de Los Angeles, empregado há 12 anos. Certa noite entra no seu táxi um cliente incomum, Vincent (Tom Cruise) um assassino contratado. Vincent tem um objectivo bem definido: matar 5 pessoas numa só noite, e para isso pretende usar os serviços de Max para se deslocar de alvo em alvo. Gostaria de começar por dizer que normalmente não aponto o dedo a este tipo de filmes, cuja máxima é entreter, mas Collateral é demasiado forçado. Jamie Foxx é extremamente irritante. A sua personagem é irritante, insipida, estereotipada e previsivel. Claro que existem muitos filmes onde as personagens têm estas qualidades, mas que não são más personagens. Todavia em Max estas caracteristicas são levadas ao extremo. Ele é o tipico desgraçado e sensivel bonzinho, de quem temos de ter muita pena e que tenta ajudar os outros. A própria ideia base do filme (um taxista e um assassino trabalharem em conjunto involuntariamente) é demasiado "e se...?". Aliás o objectivo do filme era mesmo explorar essa situação, acabando por o fazer de maneira pobre. A personagem de Tom Cruise (Vincent) é bastante mais interessante, já que nos consegue agradar e aterrorizar ao mesmo tempo. As técnicas, os diálogos que ele usa para explorar as suas vitímas são muito interessantes. Por vezes ele é bastante simpático (conversando com a mãe de Max que está no Hospital), outras vezes é um implacável homicida sem sentimentos. É esta personagem o ponto forte deste filme. Tudo o resto é algo banal: Max tenta chamar Vincent à razão, Vincent vai assassinando os alvos, depois há um policia bonzinho que tenta ajudar Max percebendo aquilo que se está a passar (ideia já muito gasta, que nem se preocupa em fazê-lo de forma original), e uma ou outra peripécia. De certa forma, todos os primeiros 100 minutos do filme funcionam de forma a preparar a cena final de 20, essa sim muito boa, onde Vincent persegue exaustivamente o seu último alvo de forma quase psicótica. A forma como Mann nos mostra a noite de Los Angeles também é interessante. Todo o filme se passa numa só noite, dando um ambiente sombrio e desconfortável ao filme. Essa ideia seria excelente se não fosse a ingenuidade da personagem de Jamie Foxx a estragar todo o clima. Restam ainda mencionar muitos erros: porque é que Max não foge? Porque é que Max nunca se apercebe que Vincent terá que o matar? Porquê coincidências como o a identidade do último alvo ou Vincent a andar no mesmo elevador que o polícia bonzinho? Porque é que os corpos de 3 homicidios de Vincent chegam ao mesmo ao hospital e à mesma hora em que Max e Vincent lá estão? E como é que chegam tão pouco tempo após a sua morte?
Resumindo, uma ideia interessante mal aproveitada devido à pobreza de uma das personagens principais e à banalidade como é apresentada. Um excelente vilão desenvolvido ao máximo no clímax. Mais um passo para Tom Cruise que agora consegue interpretar os maus. Será que a grande intenção de Collateral era ser um filme Noir? Se era pelo menos a mim passou-me ao lado...

Nota: 2/5

Outras Notas:
RMC: 3/5

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