segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

Koroshiya 1

Título original: Koroshiya 1
Título em Português: Ichi o Assassino
Realizado por: Takashi Miike
Actores: Tadanobu Asano, Nao Omori, Shinya Tsukamoto, Susumu Terajima
Data: 2001
País de Origem:Japão
Duração:129 min.
M/18
Cor, Som







Koroshiya 1 pertence ao grupo de filmes modernos, saídos com um propósito - não dar nenhuma moralidade ao espectador. Todas as cenas com que nos deparamos no filme - cenas, em que realça o que há de mais animal e mais baixo no ser humano - servem para nos desorientar, não nos darem qualquer tipo de juízo ou comentário para fazer no final do filme. Os filmes amorais são típicos do sector asiático moderno de produção.
Em 2001, pensavamos que teriamos visto tudo deste género, quando saí Tetsuo em 1989 ou Bullet Ballet em 1998, mas surpreende-nos este Koroshiya 1, saído em 2001 pela mão do realizador (muitas vezes chamado o Tarantino japonês) Takashi Miike. Realizador que surpreende, não só pelos seu ritmo de produção de filmes ( com 16 anos de carreira, já realizou mais de 70 filmes) mas também pelas obras que decide abraçar. Neste caso, foi a adaptação de um manga violento e "gore", que resultou neste filme recheado de descobertas e elevado ao estatuto de culto.
Um justiceiro (Ichi) com traumas sexuais e psicológicos, anda a "limpar" a cidade de malfeitores yakuzas, a comando do seu mestre Jiji (interpretado pelo realizador Shinya Tsukamoto). Ichi, mata um membro importantíssimo dos yakuza e encontra-se rodeado e perseguido pelo resto do clan, que conta com Kakihara (interpretado pelo grandioso Tadanobo Asano) - um membro sado-masoquista do clan, que assume a liderança pela captura do justicieiro.
Perguntam-se os leitores, se alguma vez com esta narrativa podemos chegar a um filme de gore intenso, ao qual o espectador tem de virar os olhos do ecran (em algumas cenas), se não quer sair enjoado. Na verdade, o filme assume propoções tão intensas, através dos métodos que Kakihara utiliza para encontrar Ichi. O sublime Asano interpreta um papel, onde a violência e a infantilidade andam de mãos dadas. Os jogos de conteúdo visual chocante que ele põe em prática - veja-se a cena com Susumu Terajima, ou a cena onde ele corta a sua própria língua - são, por vezes, puras brincadeiras ou inocências imorais e perversas.
Diz-se que Takashi Miike é influenciado por Tarantino. Foi, numa primeira fase; porque agora é Tarantino que se seduz pelo novo estilo de Takashi Miike. Um estilo agudo, permanentemente impervísivel e violento, sem pudor, sem medo de mostrar aquilo que se tem de mostrar - é assim que Miike vê o cinema. E o seu estilo está a alastrar-se pelos realizadores de filmes de terror nipónicos e não só. Ora, Koroshiya 1, não é um filme de terror. É um filme vazio, nihilista, que só nos faz pensar dentro da narrativa - não nos levando a pensar abstraíndo-nos do filme. No final, nesta linha de filmes (conta-se também a maior parte dos de Shinya e por exemplo Oldboy de Park chan wook) senti-mos que se perdeu algo do cinema, do cinema enquanto arte de "narrar para conhecer".

Nota: 2/5

1 comentário:

Anónimo disse...

Ja ha muito tinha notado o "hype" que rodeava este filme mas so ha pouco tempo decidi ve-lo. Encontrei muito poucas criticas que estivessem de acordo com a minha opiniao do filme e por isso gostei desta. Nao consegui realmente tirar nada do filme e nao percebo o apelo a nao ser para que procure apenas violencia, que mesmo assim na minha opiniao esta muito aquem de outros como o Oldboy, nao por que nao foi tentado mas sim por falta de "habilidade" neste caso. Ao longo do filme nao me deu vontade de virar a cara mas fiquei sim impaciente com o exagero na violencia que consegue deixar de ser quer apelativa quer chocante (mesmo libertando um lado mais sadico), passando apenas a ser sangue no ecra. A excepçao das boas prestaçoes penso que realmente nao se salva grande coisa...