A Arte de Roubar
Titulo Original: A Arte de Roubar
Titulo Português: A Arte de Roubar
Realizado por: Leonel Vieira
Actores: Ivo Canelas, Henrique Arce, Nicolau Breyner, Flora Martinez, Aldo Lima, Soraia Chaves, Miguel Borges, Rulo Pardo, Marco Horácio, Pedro Tochas
Data: 2008
País de Origem: Portugal
Duração: 110 mins
M/12Q
Cor e Som
É fácil dizer mal de um filme que se assemelha tanto, e pelo qual tão negativamente foi criticado, a Tarantino e Rodriguez. A Arte de Roubar não é plágio nem cópia farsulenta, é antes um tributo e um desfilar de referências e clichés que devem ser vistas de barriga cheia. Este não é um filme revolucionário, espreita o internacional é certo, mas o próprio inglês em que este filme português é falado acaba por ser essencial para esse tributo. Mas inglês para tributo ou para comércio, fica a dúvida, mas também não se lhe deve apontar o dedo. O cinema português não vive do ar como muitos parecem julgar acusando o já falecido João César Monteiro ou o quase falecido Manoel de Oliveira de realizar "porcaria" com financiamentos estaduais, principalmente o primeiro que nem imagens apresenta. Assim se Leonel Vieira pôs Ivo Canelas e Nicolau Breyner a falar inglês fê-lo muito bem, afinal cá não temos Hollywoods nem Bollywoods.
Pessoalmente, e apesar das referências óbvias a Tarantino e Rodriguez, não nos ficamos por aí. Existe um grande toque de irmãos Coen. As personagens desajeitadas e incompetentes, e sobretudo as caras, expressoes ridiculas à la Coen (veja-se Burn After Reading). E mais que estes todos, a meu ver o filme inspiração da Arte de Roubar foi mesmo Lock Stock and Two Smokin Barrels, a obra prima de Guy Ritchie que quase a papel químico traduz a situação dos ladróes mas só de nome, interpretados por Ivo Canelas e Henrique Arce, cuja acção funciona a base de estilo. É muito giro.
Agora do filme propriamente dito, funciona, tal como as anteriores referências, de situações cómicas, muitas vezes despropositadas, mas que estão requintadamente inseridas. Até tem o seu toque de nonsense quando um grupo de anões mafiosos persegue os dois anti-heróis em câmara lenta, entre outras situações do género. A cena da tourada, o homem que é enterrado, enfim vários elementos que tornam A Arte de Roubar o já referido tributo ao género. E palmas para Leonel Vieira por esta comédia negra, que não hesitou em ir buscar caras conhecidas do público português como Marco Horácio, Pedro Tochas, Aldo Lima e até alguns nomes dos aplaudidos "Malucos do Riso" para personagens secundárias intrinsecamente cómicas que inevitavelmente enchem o olho do espectador, tal como (e mais uma referência) Ocean's Twelve fez com Julia Roberts, Bruce Willis, Clooney ou Brad Pitt. E isto só prova que A Arte de Roubar não tem vergonha de Portugal, como Luís Miguel Oliveira tão prontamente afirma à boca cheia na sua critica no cinecartaz ou Público. Há que ver as dimensões, intenções e contornos do que rodeia o cinema português, o cinema português comercial, e ainda mais particularmente o cinema português que quer ser visto e não consegue e tenta com todos os pouos meios de que dispõe ser reconhecido, no mínimo visto fora de Portugal.
Não posso, e terminando, deixar de referir a banda sonora não original autorizada por Paulo Furtado como Legendary Tigerman e lider dos Wraygunn, e pelos Dead Combo, que ainda mais atmosfera trouxe ao filme, e em jeito de redundância, Tarantino fez com a sua Misirlou em Pulp Fiction.
Pessoalmente, e apesar das referências óbvias a Tarantino e Rodriguez, não nos ficamos por aí. Existe um grande toque de irmãos Coen. As personagens desajeitadas e incompetentes, e sobretudo as caras, expressoes ridiculas à la Coen (veja-se Burn After Reading). E mais que estes todos, a meu ver o filme inspiração da Arte de Roubar foi mesmo Lock Stock and Two Smokin Barrels, a obra prima de Guy Ritchie que quase a papel químico traduz a situação dos ladróes mas só de nome, interpretados por Ivo Canelas e Henrique Arce, cuja acção funciona a base de estilo. É muito giro.
Agora do filme propriamente dito, funciona, tal como as anteriores referências, de situações cómicas, muitas vezes despropositadas, mas que estão requintadamente inseridas. Até tem o seu toque de nonsense quando um grupo de anões mafiosos persegue os dois anti-heróis em câmara lenta, entre outras situações do género. A cena da tourada, o homem que é enterrado, enfim vários elementos que tornam A Arte de Roubar o já referido tributo ao género. E palmas para Leonel Vieira por esta comédia negra, que não hesitou em ir buscar caras conhecidas do público português como Marco Horácio, Pedro Tochas, Aldo Lima e até alguns nomes dos aplaudidos "Malucos do Riso" para personagens secundárias intrinsecamente cómicas que inevitavelmente enchem o olho do espectador, tal como (e mais uma referência) Ocean's Twelve fez com Julia Roberts, Bruce Willis, Clooney ou Brad Pitt. E isto só prova que A Arte de Roubar não tem vergonha de Portugal, como Luís Miguel Oliveira tão prontamente afirma à boca cheia na sua critica no cinecartaz ou Público. Há que ver as dimensões, intenções e contornos do que rodeia o cinema português, o cinema português comercial, e ainda mais particularmente o cinema português que quer ser visto e não consegue e tenta com todos os pouos meios de que dispõe ser reconhecido, no mínimo visto fora de Portugal.
Não posso, e terminando, deixar de referir a banda sonora não original autorizada por Paulo Furtado como Legendary Tigerman e lider dos Wraygunn, e pelos Dead Combo, que ainda mais atmosfera trouxe ao filme, e em jeito de redundância, Tarantino fez com a sua Misirlou em Pulp Fiction.
Nota:

Outras Notas:
RMC:

18 comentários:
Mais do que um tributo, Arte de Roubar, é algo que Julian Richards já Fizera em Inglaterra, Guillermo del Toro em Espanha, e Luc Besson em França: Uma adaptação de um género clássico americano à cultura nacional! Leonel Vieira fá-lo em jeito de tributo, reproduzindo de forma quase igual cenas que marcaram a história do cinema do género, de filmes como Reservoir Dogs, Pulp Fiction Death Proof e Four Rooms (Quentin Tarantino) tambem de Dezperados, Once Upon a Time in Mexico e Planet Terror (Robert Rodriguez), Snatch (Guy Ritchie), Fargo e Burn After Reading(Joel e Ethan Coen), e ainda duas corajosas incursões como são caso de Curdled (Reb Braddock)e Nueve Reinas (Fabián Bielinsky). Todos estes títulos estão em Arte de Roubar, tal como encontra-mos dezenas de outros títulos e realizadores(John Carpenter, Dario Argento etc) nos filmes tributo que compõem o Grindhouse de Tarantino e Rodriguez.
A lingua inglesa é um complemento necessário, e a pronuncia tosca e por vezes errónea não é mais do que a reafirmação de que Arte de Roubar é totalmente nacional, de tal forma que até o Inglês é falado à portuguesa.
Este filme revela-se assim como documento único no género em Portugal! Uma experiência bem sucedida que não procura o brilhantismo mas tem a coragem de ambicionar algo mais do que se juntar a tantos outros títulos nacionais incompreendidos que se vão acumulando nos escaparates.
Epá, estava mesmo a precisar disto. Não se esqueçam que o meu guião foi escrito em 2003.
abraços
boas noites caro OMal, poderia identificar-se? seria um grande acaso tratar-se dum dos argumentistas d'A Arte de Roubar!
Cumprimentos
A banda sonora é realmente muito boa. Não esquecer também The Soaked Lamb e Dead Combo, por exemplo.
Se o comentário anterior com a assinatura de "omal" fôr do argumentista João Quadros como nós levemente desconfiamos. Esta nova informação de o argumento ter sido escrito em 2003, é bastante relevante na medida em que anula a influência de alguns títulos como nós proclamámos. Contudo do ponto de vista visual e mesmo do enredo, as referencias dos cineastas referidos são marcadas, e imprimem ao filme alguma da mística que ele transpira!
E se o nosso palpite estiver certo deixo desde já o nosso cumprimento com satisfação pela visita a este blog!E os parabens pelo belo trabalho em Arte de Roubar!
Abraços!
Sou o João Quadros, sim senhor, e um abraço para todos. o guião foi escrito no final de 2002, início de 2003 e venceu o concurso do ICAM em 2003, na altura com o nome Naturezas Mortas
E obrigado pelo vosso blog, para mim é um ponto de referência.
Joao Quadros
Eu é que sou o João Quadros.
Não, Tu és parvo.
Viva!
Só quero dizer que estou muito satisfeito em ler comentários deste calibre, aqui e noutros blogues e foruns. Isto porque se me aperta o coração qunado leio as críticas "oficiais" ao "Arte de Roubar"... É que simplesmente... não as entendo! Andaram anos e anos a queixar-se que o Cinema PortuguÊs não avançava, que a qualidade é isto e aquilo, que são filmes lentos, apenas cinema de Autor ou armados em intelectuais. Finalmente um filme bem feito, com uma editçã/montagem rápida (ao invés de planos de 5 minutos com dois gajos a andar num longo caminho, câmara parada, vindo eles desde o horizonte, devagarinho, até passar pelo campo de visão da câmara), com humor e acção a rodos, com efeitos sonoros decentes e cuidado em toda a produção de som (e finlamente com diálogos que se ouvem, não como na maioria dos filmes Portugueses onde o som é tão mau que eu desejo ardentemente que hajam legendas para conseguir perceber o que dizem), com música suficientemente boa para se poder finalmente querer ter uma banda sonora de um filme Português e, modéstia à parte, com efeitos especiais que não envergonham. Em suma, um filme divertido e bem disposto.
E sim, é ao estilo de Tarantino e irmãos Cohen... Mas não vejo onde está a razão de crítica porque:
a) o Leonel Vieira sempre se confessou fã
b) o Leonel Vieira disse por várias vezes que queria fazer um filme dentro deste estilo
c) finalmente, há qualidade suficiente para que um realizador se compare ao Cinema "lá de fora", e logo com Tarantino! Logo, nºao vejo qual a razão de crítica!
Criticável seria se fosse comparável ao Uwe Boll, ou a um "filme do Steven Seagal/Van Damme".
Pior, li críticas em que diziam que era um "ripoff"... Ora, o facto de ser dentro do mesmo estilo não quer dizer que seja um ripoff. A cena da tourada é bem original e a do bar tb está muito bem. Se isto é ripoff, parem já de fazer todas aquelas comédias românticas que se têm feito! E pare-se já de cantar o Fado, que aquilo é tudo um "ripoff" de alguma coisa cantada pela Amália Rodrigues!
Agora é mau porque é comparável ao Tarantino! Então que venham mais filmes conparáveis aos filems do Spielberg/Cameron/Ridley Scott! Que se faça "O Resgate do Soldado Zé Manel" e que seja tão bom!
PS para o João Quadros e para quem quiser ler: Sou o Fernando Martins. Trabalhei no filme o triplo do previsto pelo mesmo preço. Esforcei-me ao máximo, trabalhando uma média de 18 horas por dia durante semanas seguidas. Porquê? Porque li o teu guião - versão extensa que daria para pelo menos 3 horas de filme, com vários flashbacks - e enquanto lia, além de me rir à brava pensava: "Espectacular, é tal e qual como os filmes do Tarantino!" e POR ISSO MESMO e por ter gostado tanto é que investi tanto nele. Portanto, se toda a gente vê que isto é como um filme do Tarantino, melhor! Objectivo cumprido!
deixem-se de tretas o filme é uma merda. É uma cópia barata e de homenagem não tem. O Leonel Vieira só faz plágios e para pior.
Exactamente por tudo o que o filme abertamente sugere (leia-se tarantinos, rodriguez e outros que tais)é que o achei EXCELENTE!!
Leonel & Companhia, se possível façam mais! Fui ver sem saber ao que ia e adorei!
E tu acreditas tanto na tua crítica e tens tanto orgulho nela que assinas, anónimo.
Peço desculpa ao dono do blog e um grande abraço para o ultratalentoso Fernando Martins.
Fui ver a “Arte de Roubar”, apesar de não ter muito o hábito de ver filmes portugueses, não tenho nada contra estes, mas não faço fretes.
Fui ver o filme por causa da história ser do João Quadros, cujo trabalho sigo desde o início e à distância. Reconheço-lhe o mérito de já me ter feito muito rir e a coragem de não esconder as angústias de um humorista em Portugal.
Tinha lido as críticas, e penitencio-me por isso. Perdi uns preciosos minutos iniciais do filme a comparar aquilo que via, com aquilo que tinha sido escrito por quem nada tinha feito.
Não durou, graças a Deus!
Entrei no ritmo, afeiçoei-me às personagens, adorei os ambientes e a banda sonora, e isso, vejam lá, apesar de conhecer sobejamente as ditas referências cinematográficas, não achei que fosse um pastiche. Gostei! A sério, gostei mesmo.
Posso dizer que não éramos muitos na sala (sessão da tarde), mas à saída, notei essa satisfação nos restantes espectadores, “a modos que” uma espécie de cumplicidade.
Já vos disse que gostei do filme, e mais uma vez, o João Quadros não me decepcionou.
Para as sumidades da crítica, este filme e, é claro, o meu texto de mera espectadora, não passarão de um somatório de clichés.
Que se lixe!
Parabéns a toda a equipa, que para mim, fez um filme notável naquilo que o cinema tem de entretenimento, e é isso que fará com que eu compre o próximo bilhete de cinema – dinheiro esse, que pelos vistos, consegue sustentar os críticos mas já não os guionistas.
Parabéns João.
mais uma vez peço desculpa...mas era só para dizer...Obrigado, Amélia.
Sim, o filme é inspirado em outros filmes, outros ambientes, outros realizadores (não o são 90% dos filmes - mesmo dos bons - que vemos? Um guionista e um realizador não vivem numa caverna sem contacto com o exterior). E então? Está bem feito e dá-nos muito prazer ver. Não é também para isto que serve um filme? Não só é um tempo bem passado no cinema, como é uma esperança de poder acontecer cinema deste em Portugal.
Até o próximo
Teresa Leal
"ultratalentoso"?! Elá! Nunca ninguém me tinha chamado um nome tão comprido!
PS: Obrigado e retribuo o abraço!
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