sábado, 12 de maio de 2007

Survive Style 5+

Título Original: Survive Style 5+
Título em Português: Survive Style 5+
Realizado por: Gen Sekiguchi
Actores: Tadanobu Asano, Reika Hashimoto, Kyôko Koizumi, Hiroshi Abe, Ittoku Kishibe, Yumi Asou, Kanji Tsuda, Yoshiyuki Morishita, Jai West, Vinnie Jones, Yosiyosi Arakawa, Sony Chiba
Data: 2004
País de Origem: Japão
Duração: 120 min.
M/16
Cor, Som







Survive Style 5+ - início fulguroso da carreira de Gen Sekiguchi como realizador - apresenta-se-nos como uma comédia "slapstick" à japonesa. Para quem se inicia no cómico japonês - embora haja sempre uma ideia em todos nós do quão insólito e extravagante ele é, isto devido principalmente à televisão - este filme singular, diferente e, acima de tudo, muito colorido, vai, certamente, impressionar. Existem todas as condições para esta comédia ser uma das melhores desta década que ainda decorre: há surrealismo, existe a presença do absurdo, a ridicularização dos ícones pop ou de clichés e, ainda, uma caricaturização humorística da vida quotidiana. Todavia, como se isto não bastasse, Survive Style 5+ pega em cinco histórias diferentes e faz delas um filme de humor. Ou seja, imita (ou chacota?) um modelo americano muito em voga, cujo imperativo é unir contos, de modo a representar um ideal colectivo (Crash - essa película pretensiosamente moralista de mau gosto - , por exemplo, queria demonstrar as discriminações sociais, na medida em que apresentava quase um estudo caso a caso delas). Ora, esta peróla de Gen Sekiguchi goza com o seu (e o dos outros?) próprio megalomanismo, pois o que está aqui em causa é, não colectivizar uma audiência com qualquer fábula moralizante, mas sim unir personagens e skecthes na mesma onda de loucura, insanidade mental e humorismo ácido.
Vejam-se as personagens e as situações: o homem que mata a sua mulher e ela constantemente resuscita, um pai de família que é hipnotizado num pássaro, três amigos atípicos e bizarros que assaltam casas para jogar às cartas, um mafioso britânico (cuja bestial interpretação de Vinnie Jones vos fará certamente cair da cadeira de tanto rir) que precisa de um tradutor japonês para se orientar e ainda uma realizadora de anúncios que, a cada vaga de inspiração, faz música com o piscar dos olhos. Toda esta capacidade de provocar o riso pela caricaturização exagerada nos relembra também as comédias incríveis de Katsuhito Ishii - como por exemplo o grandioso Cha no Aji (The Taste of Tea) ou o hilariante Naisu no mori: The First Contact (Funky Forest: the first contact) -, contudo, o "non-sense" nipónico presente em muitos dos gags rememora também ele os clássicos skecths colados de um Minnâ-Yatteruka! (Getting Any?) e Takeshis' do ex-manzai Takeshi Kitano.
A realização tem aspectos bastante satisfatórios: uma montagem que consegue ilustrar bem o propósito do filme, momentos e frases que ficam para a história (a mítica frase: "What is your function in life?"), planos coloridos e cenários diversos (dependendo do local onde as histórias se passam), e uma transição, sem choros ou melancolismos desnecessários, aquando de uma mudança de registo; quando por exemplo, até mais para o final do filme, se abranda um pouco o riso, e imerge um sentimento de tristeza (que, como já se referiu, não molesta nem por nada o seguimento da película).
Gen Sekiguchi, então, fornece-nos um filme interessante e inventivo; saboroso e original, que não é só mais uma comédia. Aliás, há sempre um desejo latente em quebrar as próprias convenções deste género já muito explorado e óbvio. O objectivo é realizado. Survive Style 5+ é para os fans dos Monty Python - isto tentando equivaler no Ocidente esta genialiedade oriental - uma relíquia, todavia, para os admiradores das comédias de sábado à tarde, esta obra-prima pode parecer-vos estranha, doentia ou estúpida. Perdoem-me a arrogância, mas esses últimos, estão profundamente enganados.

Nota:

1 comentário:

Anónimo disse...

Genial, sem duvida um filme unico. Gostava so de acrescentar que a banda sonora tambem contibui bastante para o ambiente do filme e de sugerir um filme que penso merecer uma analise, do Quebec, C.R.A.Z.Y.
Bom trabalho