Rokugatsu No Hebi
Título Original: Rokugatsu no Hebi
Título em Português: A Snake of June
Realizado por: Shinya Tsukamoto
Actores: Asuka Kurosawa, Yuji Kohtari, Shinya Tsukamoto, Tomorowo Taguchi, Susumu Terajima
Data: 2002
País de Origem: Japão
Duração: 77 min.
M/18
Preto e Branco, Som
Uma coisa que Shinya Tsukamoto sempre conservou em qualquer das suas obras - sejam os Tetsuos, sejam Tokyo Fist ou Sôseiji - foi a figura feminina. Até Snake of June - este extraordinário conto imoral - a mulher tinha um papel importante: se numa primeira fase (nos Tetsuos) representava o objecto sexual por excelência; em Tokyo Fist e Sôseiji ela é uma estranha personagem que vive, degradando-se e morrendo pelos seus desejos frustrados. Ora, Snake of June revisita todas estas temáticas do legado de Tsukamoto e cria-se a si próprio noutra coisa. Por outro lado, também o trio amoroso - tema obsessivo do realizador de Bullet Ballet - aparece em forma de doença psicopata e alucinógenea. Visionar este Rokugatsu no Hebi é não só voltar a ver as imagens de marca do criador de Haze, mas também é observá-las de uma nova perspectiva. Pois em cada obra negra deste cyber-punk, somos confrontados com as mesmas ideias, só que estas vão evoluíndo e transformando-se em aberrações diferentes ao longo dos anos.
Nesta história erótico-trágica de carácter bipolar e doentio emocionalmente, existe uma mulher casada que irá ser presseguida por um maníaco voyeur fotógrafo, que obrigará esta, por meio da chantagem, a fazer os maiores actos irresponsáveis e imorais, que a sociedade e as caras alheias repreendem.
A sexualidade frustrada vem abraçada à mulher. Num mundo governado por homens, esta tem pouco espaço de manobra para ser feliz. O marido de Rinko - a personagem feminina principal - trata-a como se fosse uma freira, uma virgem, deixando-a morrer por desejos carnais insatisfeitos que só o fotógrafo tarado pode preencher. O mundo governado por homens, é também afinal, um mundo púdico, no qual um marido e uma mulher nem dormem juntos. Assim, os comportamentos anormais do trio de personagens Rinko - Shigehiko - Iguchi não são mais do que um modelo perdido e desesperado duma sociedade pós-moderna, vítima de sonhos e fetiches que andam mais perto da loucura e da alienação do que propriamente do prazer.
Tsukamoto pretende, pois, criar um pesadelo - mais real do que Tetsuo, mais directo do que Tokyo Fist - donde o preto e branco com tintadas de azul mónocromo fornece uma atmosfera pesada e chocante, donde o tratamento da sexualidade tanto do homem como da mulher se engloba numa negra e impessoal metrópole chuvosa. A Snake of June é, em suma, uma viagem inesquecível nas catacumbas horríveis de Shinya Tsukamoto.
Nesta história erótico-trágica de carácter bipolar e doentio emocionalmente, existe uma mulher casada que irá ser presseguida por um maníaco voyeur fotógrafo, que obrigará esta, por meio da chantagem, a fazer os maiores actos irresponsáveis e imorais, que a sociedade e as caras alheias repreendem.
A sexualidade frustrada vem abraçada à mulher. Num mundo governado por homens, esta tem pouco espaço de manobra para ser feliz. O marido de Rinko - a personagem feminina principal - trata-a como se fosse uma freira, uma virgem, deixando-a morrer por desejos carnais insatisfeitos que só o fotógrafo tarado pode preencher. O mundo governado por homens, é também afinal, um mundo púdico, no qual um marido e uma mulher nem dormem juntos. Assim, os comportamentos anormais do trio de personagens Rinko - Shigehiko - Iguchi não são mais do que um modelo perdido e desesperado duma sociedade pós-moderna, vítima de sonhos e fetiches que andam mais perto da loucura e da alienação do que propriamente do prazer.
Tsukamoto pretende, pois, criar um pesadelo - mais real do que Tetsuo, mais directo do que Tokyo Fist - donde o preto e branco com tintadas de azul mónocromo fornece uma atmosfera pesada e chocante, donde o tratamento da sexualidade tanto do homem como da mulher se engloba numa negra e impessoal metrópole chuvosa. A Snake of June é, em suma, uma viagem inesquecível nas catacumbas horríveis de Shinya Tsukamoto.
Nota:
1 comentário:
Parece que valeu a pena o salto à Fnac! ;)
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