terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Batoru Rowaiaru

Título original:Batoru Rowaiaru
Título em Português: Battle Royale
Realizado por: Kinji Fukasaku
Actores: Beat Takeshi, Tatsuya Fujiwara, Aki Maeda, Masanobu Ando, Kou Shibasaki, Chiaki Kuriyama
Data:2000
País de Origem:Japão
Duração:114 min.
M/16Q
Cor, Som









Baseado num romance (e posterior manga) de Koushun Takami, Battle Royale é a adaptação para cinema tão esperada pelo público do best-seller japonês do mesmo nome.
Kinji Fukasaku, mestre-realizador de trhilers e filmes de acção, lança aqui um testamento cinematográfico por vezes sublime e delicado mas por outras extremamente chocante, perverso e actual. Tal como o cinema de um Takeshi Kitano, Battle Royale nasce e ensina pelas suas contradições, pelas suas ironias e sátiras a uma sociedade capitalista selvagem, como é o Japão pós-moderno. Quanto ao tema fulcral mais uma vez refiro a cinematografia de Takeshi Kitano, - que também aparece, embora como actor neste filme - relembro Kids Return de 1996, onde se criticava o desinteressado sistema de ensino e de integração dos jovens num Japão descontrolado por um já vísivel colapso económico e pela hierarquia de todas as infra-estruturas, como a escola ou o trabalho. Ora, no genérico apocalíptico de Battle Royale aparece (juntamente com o Requiem "Dies Irae" de Verdi) uma mensagem, informando o espectador do estado de coisas num futuro próximo. Que se passou? Foí a juventude de Kids Return que cresceu, e cresceu tão mediocremente que o seu trabalho resultou numa recessão e num crescimento da criminalidade. A solução? Um regime autoritário, prestes a segurar as rédeas à juventude - o perigo ao futuro da Nação.
O governo cria um projecto, pronto a instalar o medo, o terror entre os jovens: pois acredita-se, nestes regimes que o medo impõe disciplina. O projecto - de resto, tão monstruoso, tão desumano, tão catastroficamente moderno - seria a selecção aleatória de uma turma em todo o país (contando com rapazes e raparigas de 15 anos), essa turma seria levada para uma ilha deserta onde só um elemento pode sair vivo.
Aqui colocam-nos outra pergunta interessante e filosoficamente curiosa: Conseguias matar o teu melhor amigo, para sobreviveres? - Pois se ninguém morrer dentro de determinados prazos, todos morrem. É a luta de cada ser humano entre Razão e Instinto e vice-versa. O afecto prende-me à razão, ou seja à moralidade, para não matar, mas se não matar, morro também eu - e este dilema enreda-nos em soluções perigosas e problemáticas. No final, a moral - o bem, o belo e o justo de Sócrates - caí por terra, quando por exemplo Shuya Nanahara - a personagem principal - tenta unir a turma para resolver a situação, e ninguém o apoia. Todos agem medrosamente como um rebanho egoísta, e isso provoca a desconfiança, e a desconfiança explode naquilo que temos de mais animalesco - a violência.
Veja-se, também, a profunda caracterização das personagens: Shuya é o bondoso moralista, Kawada o apático com bom fundo, Mitsuko Soma o estereotipo da estudante japonesa depravada, Mimura a esperança revolucionária, Kiryama o diabo insensível e niilista. Na verdade, todas as personagens são dignas de um estudo particular - elas reflectem as máscaras da sociedade, as personas que desejamos ser e mostrar. Ora na ilha, só há lugar para autenticidades.
Outra personagem curiosa, é a interpretada por Beat Takeshi - o professor encarregue de apresentar aos alunos o jogo mefistofélico - caracterizada pela sua apatia, pela sua indiferença aos actos que comete, pela sua inconsciência e irresponsabilidade face ao mundo e face ao próprio jogo. Note-se a cena terrífica da sala de aula com uma intensidade tão bruta e instintiva, como raramente se vê num filme. O professor é o significado do vazio, do alcance do nada para o nada, movido por interesses inpessoais num jogo suícida (como é característico das personagens de Takeshi Kitano) a que decide abraçar o rídiculo, quando se ouve nas cenas de maior coerência dramática, música erudita de R. Strauss, Schubert ou Bach.
Além de traçar uma linha histórico-social, Battle Royale é todo ele uma metáfora para o sistema de ensino japonês actual, um sistema obsoleto, que promove acima de tudo a competitividade e fomenta o ódio, a mesquinhez, as falsas amizades. Sobre este aspecto, alguém dizia:" Na sociedade japonesa é mais fácil estarmos mortos do que vivos." E é a escolha da morte, também ela um índicio de decadência das teorias capitalistas e do valor do dinheiro e do consumo na actualidade.

Nota:

Outras Notas:
David Bernardino: 5/5
Azevedo:

RMC:
Pedro Mourão-Ferreira:

2 comentários:

Anónimo disse...

epah gandas criticas, bom trabalho a continuar

Anónimo disse...

este e um dos melhores filmes que ja vi na vida. discordo totalmente com os 7. 9 pra cima