quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

Revolver

Titulo Original: Revolver
Titulo Português: Revólver
Realizado por: Guy Ritchie
Actores: Jason Statham, Ray Liotta, André Benjamin
Data: 2005
País de Origem: França/Reino Unido
Duração: 115 min
M/16
Cor e Som




Quando estava a ver a programação da televisão, para escolher um filme deparei-me com Revolver. Nunca tinha ouvido falar dele e pelo titulo parecia apenas mais um filme acção comum. Depois li "Ray Liotta". Seria este afinal um filme interessante? Ao pesquisar sobre ele deparei-me com notas não muito altas como o 6.2 no IMDb. Mesmo assim vi o filme, esperando ver 10 minutos, aborrecer-me e ir embora. Como estava enganado... O provérbio nunca julgues o livro pela capa nunca foi melhor aplicado.
Jake Green (Jason Statham) é um homem de jogo. Gosta de apostar e fá-lo com frequência. Ganha sempre. Um dia Green vai jogar um jogo privado com Macha (Ray Liotta), um poderoso homem dono de um casino local e mestre do crime organizado. Há cerca de 11 anos atrás Jake envolveu-se num esquema de Macha, o que levou a que Jake tenha sido condenado a 7 anos de prisão na solitária. Desde aí Jake procura vingar-se de Macha, através de vigarices, mas essa hitória será contada mais tarde. De volta ao casino... Macha não joga bem, mas ganha sempre pois os seus adversários têm medo das consequências de o vencer. Green aproveita esta opurtunidade e vence humilhantemente Macha, com um bleo sorriso. Furioso, Macha ordena aos seus homens que matem Jake. Jake consegue sobreviver inacreditavelmente à primeira tentativa de homicidio. Quando vai chegar a casa com os seus irmãos está no chão um papel dizendo "apanhe este papel". Jake apanha o papel e enquanto se baixa voa uma rajada de balas através da porta, vindas do interior da casa, que matam toda a gente menos Jake por se ter baixado. Um carro pára perto de Jake e aí conhece dois irmãos: Avi (Benjamin) e Zack. Quando já estão a salvo estes apresentam-se. São dois homens misteriosos que propões a Jake o seguinte negócio: "Já lhe salvámos a vida duas vezes. A próxima não será de graça.", para assegurar a protecção da sua vida Jake tem que respeitar duas condições. Tem que dar a estes dois sujeitos todo o dinheiro que tem, absolutamente todo. A segunda condição e não fazer perguntas e obedecer a tudo o que eles digam. Avi afirma "Nós não somos o inimigo. Mas vais aprender a temer-nos e respeitar-nos mais que ao teu pior inimigo." Durante esta conversa vamos ouvindo os pensamentos de Jake, que raciocina sobre aquilo que está a ouvir. Finalmente acaba por aceitar. E quanto ao enredo ficarei por aqui. Apenas acrecentar que observamos também a situação de Macha, que deve dinheiro a Mr. Gold. Mr.Gold é poderosissimo, implacável e diz-se que sabe tudo, pelo que ninguém o pode enganar. O mais engraçado é que Mr. Gold é tão misterioso que nem sequer aparece no filme. Paralelamente a este problema Macha tem que lidar com Green, pelo que descobre a meio da narrativa que existem contas passadas a ajustar com Green. O enredo de Revolver é complexo, sem falhas, interessante e bem estruturado.
No entanto o ponto forte de Revolver não é, por incrivel que pareça, o enredo. O seu ponto forte é a realização e a edição.O filme quase consiste em cenas de 2 segundos. Quando uma personagem vai expôr qualquer história ou opinião, vemos a história a acontecer com voz off e não a personagem a contá-la. Noutras ocasiões, quando uma personagem está sozinha, vemos a complexidade dos seus pensamentos e do seu raciocinio. Por exemplo: se eu sair por esta porta surge um tipo que me atropela(e vemos a personagem a ser atropelada), se for pelas escadas tenho que enfrentar dois tipos( e vê-se esse confronto). Basicamente o conceito genial do filme é a consciência das personagens. Gostaria apenas de realçar ainda duas cenas. A cena em que Jake conta a Avi e Zack a história da sua vida, e mais vez vemos essa história a ser representada, onde se destacam os 7 anos que Jake passou na solitária da prisão. O filme vive de pequenos pormenores, perfeitamente encaixados uns nos outros. Os buracos que faltam nas histórias contadas por uma personagem são preenchidos por relatos de outras personagens mais tarde, e isto é feito na perfeição. Outra cena que gostaria de destacar é quando um atirador exímio enfrenta cerca de 15 homens que estão escondidos numa casa. Nessa cena a camâra atravessa as paredes e os tectos para mostrar a localização das personagens escondidas pela casa e os seus movimentos. Outro pormenor muito interessante presente no filme é o seguinte: quando uma personagem cita uma afirmação que já havia sido afirmada historicamente a cena acaba, a musica é interrompida e o écran surge preto, apenas com a citação a branco, o seu autor e o ano em que foi proferida. Por exemplo: "Só ficamos mais inteligentes se o nosso adversário for mais inteligente que nós. - Fundamentais do Xadrez, 1887." Outro ponto que merece ser salientado é sem duvida a parte sonora. A banda sonora é excelente sendo composta na sua maioria por musica clássica. A sua aplicação é perfeita, sendo ouvida nas cenas de maior tensão. Em algumas cenas o som natural é eliminado completamente e só se houve a música.
As interpretações são excelentes. O britânico Jason Statham expõe aqui o seu melhor desempenho, e Ray Liotta só consegue ser superior em Godfellas. Benjamin, vocalista dos Outkast, também desempenha o seu papel surpreendentemente bem, o que não era de esperar, sempre clamo, sóbrio, frio e controlador. O planos de câmara também são muito originais: umas vezes vemos o local de acção a aproximar-se,como que a fazer um zoom, outras vezes a câmara é colocada no chão e outras vezes até na diagonal. Um pormenor que passa relativamente despercebido pela sua naturalidade mas que tem que ser referido são os efeitos especias. Em algumas cenas vemos a acção desenrolar-se em câmara lenta e outras vezes em rewind. Existe até uma cena em que ambos os métodos são aplicados, resultando numa cena visualmente excepcional. Por último um pequeno pormenor. Em breves cenas(cerca de 5 min no total), as personagens são vistas como desenhos animados. Deixo ao leitor descubrir porque.
O unico ponto que impede o filme de ser perfeito é o facto de não conseguir jogar com as emoções do espectador, todavia isto pode ser até propositado. The Departed não joga com as emoções do espectador, e esse não é um ponto negativo. Quer isto dizer que apenas seguimos o filme antentamente, raciocinando e descodificando o enredo do filme.
Revolver, apesar do seu infeliz título, é objectivamente capaz de ser o melhor filme que já vi na vida. Fica por explicar o facto de não ter tido nenhum sucesso e de ser quase desconhecido, mas isso tambem acontece com Oldboy, o que não o impede de ser excepcional.
Um filme obrigatório para qualquer fan de cinema, que na sua modestia consegue bater filmes como The Departed, Reservoir Dogs e talvez igualar-se a Taxi Driver. Fica provado que não são precisos grandes nomes para fazer um filme ser excepcional, neste caso sem falhas. Este é um daqueles filmes que só se aceita vendo, e a minha critica não consegue de todo transpor a sua qualidade. Pessoalmente, Revolver tem tudo aquilo que procuro num filme. É claro que gostos não se discutem, justificam-se, e é assim que eu justifico um ousado 9.5 a Revolver. Todo o filme é uma gigantesca metáfora. Cabe aos mais perspicazes descodificarem-na. Eu apenas dou uma pista: estudem o xadrez.

Nota: 5/5

Outras Notas:
Miguel Patrício: 2/5
Pedro Mourão-Ferreira: 3/5
Azevedo:

RMC: 3/5

3 comentários:

Anónimo disse...

ja vi este filme. é de facto brilhante. grande critica

Anónimo disse...

eu devo confessar q nao vi o filme mas a tua critica deperta interessa num filme, parece ser de facto um bom filme, vou tentar ve lo e depois direi se concordo ou nao!

Anónimo disse...

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