Casablanca

Título Original: Casablanca
Título em Português: Casablanca
Realizado por: Michael Curtiz
Actores: Humphrey Bogart, Ingrid Bergman, Paul Henreid, Claude Rains, Dooley Wilson
Data: 1942
País de Origem: Estados Unidos
Duração: 102 min.
M/12
Preto e Branco, Som

Após o estrondo sucesso do primeiro filme realizado por Orson Welles, "Citizen Kane" (1941), Michael Curtiz realiza um novo clássico do cinema mundial no ano seguinte: "Casablanca". A aura existente à volta do filme é enormíssimo pela originalidade que demonstra sendo um dos filmes mais mediáticos de sempre. Este filme, que retrata uma história de amor durante a Segunda Guerra Mundial, tem um final inesquecível, talvez, dos finais mais recordados e aplaudidos de sempre.

Durante a Segunda Guerra Mundial, para poder chegar a América era preciso primeiro passar por Lisboa, mas para tal era necessário fazer inúmeros desvios pela Europa. A cidade que tinha ligação aérea com Lisboa era Casablanca situado em Marrocos (colónia francesa dominada pelos alemães) e a única maneira para poder ir de avião era a obtenção de vistos. Rick (Humphrey Bogart), ex-patriota que só confia nele próprio (durante o filme percebe-se porquê) é dono de um "gin joint" onde se acumulava todo o tipo de gente - franceses, militares alemães, criminosos, entre outros - e vemo-lo a possuir dois vistos para Lisboa. A chegada de uma senhora, Ilsa (Ingrid Bergman), acompanhada pelo marido, Victor Laszlo (Paul Henreid), um patriota que luta contra os nazis e que deseja ir a América, faz Rick lembrar e sentir o amor que sentia por ela sendo recíproco. A partir deste momento, Rick tem que decidir se dará os seus vistos a Ilsa e a Victor. A cena final é, de facto, excecpional por duas razões: primeiro, porque foi feito em 1942 e há que ter isso em conta; segundo pela dimensão que traz aos espectadores. Apesar de ser "a" cena do filme, existem outras que são muito boas em que Laszlo age em prol da pátria fazendo os franceses cantarem o hino nacional francês em resposta aos militares alemães que cantavam o hino nacional alemão. Outro momento muito sublime é o pedido que Ilsa faz a Sam (Dooley Wilson), pianista e amigo de longa data de Rick, para tocar a música do filme, "As Time Goes By". Isto tudo para chamar a atenção de Rick.

A música "As Time Goes By" aumenta a aura de "Casablanca", porque o espectador fica ainda mais agarrado ao filme. As interpretações dos actores são riquíssimas, principalmente a de Humphrey Bogart com a sua postura de pessoa sem sentimentos conseguindo transformá-la aquando da vinda de Ilsa, e o argumento é muito bom. A realização não investe em grandes esforços, mas que tem grande importância na cena final, porque é ela que torna o filme excelente. Contém cenas importantes como o polícia "amigo" (personagem que introduz alguma comédia ao filme) de Rick que aposta com ele se Laszlo chega a América ou não e a maneira como isso intervém no filme. A "amiga" de Rick triste por não conseguir viver a sua vida e a presença de Laszlo fá-la sentir-se encontrada e revela-nos uma das mudanças das personagens ao longo deste clássico: a revolução do ser das personagens é dos factores mais conotantes deste filme, porque apresenta-nos que tipo de situações fazem uma pessoa mudar de ideias ou de atitude ("Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades", poema de Luís Vaz de Camões).

Apesar de ser um marco cinematográfico, a história por detrás desta grande longa-metragem é turbulenta. "Casablanca" é conhecida pela desorganização que foi submetida durante o percurso das filmagens. Embora Michael Curtiz seja o realizador, são os produtores, sendo eles vários, os autores desta "película". Entraram numeradíssimas vezes em conflito por estarem em desacordo em relação aos planos filmados. A escolha de actores foi um autêntico pesadelo. Até a música do próprio filme que pediam que fosse escrita por um músico profissional (ainda bem que mudaram de ideias). A própria Ingrid Bergman já não sabia muito bem como actuar devido a tanta confusão. Normalmente, quando tal acontece, ou o filme acaba por não ser feito, ou então realiza-se e é um fracasso. Neste caso, foi a desordem o produto fulcral deste clássico inesquecível do cinema americano. Um acontecimento raríssimo, mas muito bem aproveitado pelo público perdurando nas nossas vidas. É impressionante que, depois de haver esta confusão toda durante o percurso das filmagens, "Casablanca" é, sem dúvida, o filme romântico mais bem recebido de hollywood.

"Here's looking at you kid" - Rick

Nota:

Outras Notas:
Miguel Patrício: