sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

Apocalypto

Titulo Original: Apocalypto
Titulo Português: Apocalypto
Realizado por: Mel Gibson
Actores: Rudy Youngblood, Dalia Hernandez, Gerardo Taracena
Data: 2006
País de Origem: Estados Unidos
Duração: 139 min
M/18
Cor e Som









Em primeiro lugar gostaria de esclarecer que não gosto de pensar nos filmes de entertenimento como maus filmes. Porque como diz o meu amigo Rafael (Rmc), e com toda a razão, há 3 tipos de filmes: os que se vêem, os que se pensam e os que se sentem. Os filmes de entertenimento são feitos para serem vistos, e ao pecarem nas outras duas características não podemos considerá-los piores, porque a sua intenção nem é serem pensados nem serem sentidos. Apocalypto insere-se um pouco nas três categorias embora seja na realidade um filme de entertenimento, cujo objectivo nao é nada mais que entreter, embora tenha também uma componente cultural e histórica. Algo que me aborreceu no filme foi o facto de a publicidade que lhe foi feita apontar para um filme cujo tema central seria a civilização Maia, a sua evolução e decadência. O próprio filme começa com a afirmação: "Uma invasão só é bem sucedida se o país invadido se deteriorar a si mesmo". Não me lembro se a expressão é exactamente esta mas é algo parecido com isto. Estava então à espera de ver um filme sobre a deteriorização da civilização Maia, o que não é de todo o caso. No entanto não nos podemos guiar pela publicidade para dizer se o filme faz aquilo que promete ou não. Há que analisar o filme por aquilo que ele é e não por aquilo que promete ser, pelo menos é a minha opinião e é desta forma que farei esta critica. Apocalypto (titulo ambicioso e atractivo) fala-nos de uma aldeia desta época e de um dos seus habitantes, Jaguar Paw (Rudy Youngblood). Obviamente os seus habitantes são uns bárbaros, que se divertem com caçadas e entranhas de animal. A certa altura a sua aldeia é invadida pelos Maias. Tudo é devastado e os adultos válidos são capturados. A viagem até à grande cidade Maia é grande e lá estes prisioneiros irão sofrer um destino aterrorizante, agoniante e arriscaria doentio. A civilização Maia é retratada como um sociedade extremamente violenta, onde reina a opressão, o medo e a insanidade mental. É impressionante a forma como estas caracteristicas conseguem afectar o espectador. Jaguar lá consegue escapar com um golpe de sorte (o que é uma caracteristica negativa), mas não sem estar extremamente ferido e com 8 perseguidores furiosos e sanguinários no seu encalço. Esta é a primeira metade do filme, impressionante e onde está demosntrada a tentativa de Gibson de tratar a civilização Maia. A segunda metade é a dita perseguição. Jaguar corre, magoa-se e cansa-se como na vida real. Mas tudo isto parece muito forçado, porque é algo irreal um guerreiro já cansado e muito ferido conseguir correr durante umas 12 horas practicamente sem descanço e depois ainda ter forças para enfrentar os seus inimigos e pensar em armadilhas ou formas de os despistar. Mel Gibson tenta justificá-lo com a indubitável forma e força física da personagem e com a sua desesperante vontade de rever a mulher e filho que havia deixado na aldeia. Jaguar chega até a conseguir acompanhar a velocidade de uma pantera, numa cena bastante interessante do filme. Esta perseguição faz lembrar um pouco o filme Predador, quem o conhece perceberá porquê.
Podemos comparar Apocalypto à paixão de Cristo pela sua violência gráfica e componente histórica, mas em Apocalypto Gibson falha ao acabar por contar a aventura de um homem e não o declinio da civilização Maia. Eu não conheço a história do sanguinário povo Maia, e este filme também não me elucidou muito mais além de mostrar o clima em que vivia a sua população.
A filmagem de Apocalypto é muito semelhante à de Lost nas sequencias passadas na selva e nas perseguições. Um pormenor interessante é o filme não recorrer a efeitos especiais de computador, à excepção de uma cena, dando um ar muito mais natural ao filme.
As Interpretações são boas para actores totalmente principiantes. O último pormenor que falta referir é o de o filme ser falado em iucateque, um idioma Maia, tal como a paixão de Cristo era em Aramaico, o que não é de todo uma característica negativa, antes pelo contrário.
Apocalypto é um bom thriller de acção que entretém e dá prazer a quem o vê, mas não passa disso. Ele pretende também dar uma lição histórica falhando nesse aspecto. Vão ver o filme porque não é dinheiro mal gasto.

Nota: 2/5

4 comentários:

Anónimo disse...

Alguem me pode responder a uma questao muito simples?...ha alguma cabala contra Mel Gibson?Desculpem-me os criticos de cinema mas é o que parece na realidade,porque já vi este filme e achei que a nivel de realizacao nao podia estar melhor, uma excelente banda sonora,excelente fotografia,mas tudo isto passa ao lado...nao entendo.Apenas posso concordar com dois planos focados na critica do David Bernardino, e são estes:a manipulção das emoçoes e o assunto da civilização Maia que não foi devidamente focado.De resto discordo de quase tudo,principalmente com a nota dada, porque mais uma vez digo, deve haver um movimento por parte dos criticos de cinema deste país "anti-Mel Gibson".
Nota para este filme 7.5.

Anónimo disse...

Sem duvida nao sera um grande filme. Indigenas com dialogos e situaçoes ocidentais, tal como as situaçoes maldosas do "arqui-enimigo" do protagonista, tipicas de um vilao de um filme de hollywood. Muito sangue como nao poderia deixar de ser, toda a gente sabe que hoje em dia o sangue e um grande atractivo nos filmes... Quanto a perseguiçao do nosso heroi nem vale a pena comentar... De resto estou de acordo quanto ao facto de realmente o filme nao ser muito elucidativo quanto a civilizaçao maia. Salvasse a filmagem que me agradou por em algumas partes me fazer lembrar um documentario, contrastando asssim com o sangue que saltava de um lado para o outro e das maldades dos homens maus.

Anónimo disse...

O Mel Gibson e sua visão espetacular conseguiram mostrar realmente que os homens continuam até hoje decaindo, e que isso só trará problemas...A exemplo da civilização maia que era muito avançada em astronomia, matematica, etc...até o periodo classico, foi se decaindo por ganancia, egoismo e sede de poder no periodo pos classico.

Um pouco de historia..
....."A Liga de Mazapán foi desfeita em 1194 e as três cidades,Chichón Itzá, Mazapán e Uxmal entraram em guerra. Meio século depois, Mayapán derrotou Chichén Itzá, destruindo a cidade e escravizando a sua população, dominando a região durante os próximos duzentos anos.

Em 1441, os maias de Chichón Itzá triunfaram em uma rebelião que culminou com a morte de toda a família real de Mayapán, abrindo passagem para a derrubada das monarquias divinas, e a um período de anarquia e fragmentação de pequenos senhorios.

Meio século depois, no momento da chegada dos espanhóis, a esplêndida cultura maia havia dado lugar a desorganização social e ao esquecimento das grandes tradições.

Os reis e as grandes instituições da sociedade maia haviam desaparecido antes da chegada dos espanhóis, facilitando a tarefa dos conquistadores, que conseguiram o controle de quase toda a Península de Yucatán até 1541, apesar de alguns grupos como os itzá terem prolongado sua resistência durante quase dois séculos....."



Como podem ver, Mel Gibson relamente retratou a civilização no momento correto, de modo correto de forma a dar um alerta aos homens que modifiquem suas atitudes, ideais e reflitam, pois com todas as populações que sugam a natureza sem cessar, que somente pensam em riqueza, dinheiro como a nossa, pode ser que ocorra o mesmo...se é que não está ocorrendo...

Anónimo disse...

Apesar de controversias, o sacrifico realmente existiu na civilização maia. "Os relatos mais minuciosos sobre os ritos de sangue maia provêm do Período Pós-Clássico. Entre eles, a cena da extração do coração de um guerreiro para oferecê-lo aos deuses. Os jovens guerreiros pertencentes às elites inimigas eram as presas mais cobiçadas. No caso de capturar um governante, ou um chefe principal, a vítima era reservada para ser decapitada durante uma cerimônia especial.
Por outro lado, quanto mais distante fosse o povo de um cativo, geográfica ou culturalmente, mais os maias o depreciavam para o sacrifício. Segundo Todorov, as vítimas preferidas deviam ser simultaneamente, estrangeiras e próximas. Os métodos de sacrifício eram diversos. Durante o Período Clássico foi posto em prática o esquartejamento, realizado em ocasiões durante o jogo de bola.
O Templo dos Jaguares e dos Guerreiros em Chichén Itzá foram âmbitos privilegiados para a prática dos sacrifícios humanos."