segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

Million Dollar Baby

Título Original: Million Dollar Baby
Título em Português: Million Dollar Baby: Sonhos Vencidos
Realizado por: Clint Eastwood
Actores: Hilary Swank, Clint Eastwood, Morgan Freeman
Data:2004
País de Origem: Estados-Unidos
Duração: 132 min.
M/16
Cor, Som










Atípico, lentamente morto e assustadoramente real, são adjectivos para caracterizar Million Dollar Baby, que é uma experiência cinematográfica a não esquecer na mão de um dos realizadores mais resistentes a essa indústria massificada (nos temas e nos estilos) que é Hollywood. A essa cela que enclausura todo o tipo de novidade, todo o tipo de inovação que o cinema tem de sofrer, mas não sofre nunca e aprisiona-se, nessa indústria do estrelato, do dinheiro e do comércio. (Peço desculpa pelo meu radicalismo.)
Million Dollar Baby é anti-hollywood. E Clint Eastwood merece uma ovação por acabar de vez com a vulgaridade das trademarks da nova geração de aberrações que o cinema americano sofre. Às emoções exploradas até ao tutano de um "Crash", aqui prefere-se uma economia sentimental estoicista e melancólica sem o mostrar. A uma violência romanticizada e glorificada pelos efeitos especiais, opta-se neste filme por um tratamento duro, cru e desagradável do boxe e da pancadaria. Por último os cenários berrantes e esmagadores são substituidos pelas sombras negras e quase que uma resistência às cores fortes, o que torna mais denso todo o ambiente cénico e narrativo.
Curioso é constatar que o filme sofreu todo o tipo de honrarias na entrega dos óscares , ultrapassando filmes como o "The Aviator" de Scorsese por exemplo. É curioso ver, como Hollywood se rendeu ao seu próprio antagonismo, ao seu próprio fantasma que provoca ele mesmo o desinteresse das suas produções.
Uma rapariga (Hillary Swank) quer desesperadamente treinar boxe com um tutor (Clint Eastwood). Ela quer vencer todos os obstáculos e prosseguir em frente. E repare-se na maravilhosa construção do amor de pai para filha que estes vão desenvolvendo. Arrebata. diga-se, com todo o tipo de lugar comum ou previsibilidade que poderíamos pensar. Os sentimentos vão surgindo, e não são empurrados. É preciso dar tempo para o filme e as relações que nele se estabelecem se maturarem e deixarem o espectador num estado de compaixão pura e real.
As interpretações de Eastwood e de Swank são poderosas e captivantes e Morgan Freeman está ele próprio: excelente como sempre.
O boxe é um pretexto, tal como em Kids Return, para o treinador encontrar a personificação de um bem que perdeu. Para ganhar esperança, mudando a resignação premanente que tinha da vida. Porém, a realidade abate o sonho. E, no último instante, o treinador precisará de fatalmente acabar com a discípula - que ganha um estatuto de filha "do seu sangue".
No final, Million Dollar Baby representa uma renovação do cinema americano. Sendo que o drama silencioso e não melodramático ocupam lugar nos nossos corações e só nos fica o desejo e o lamúrio de todas as películas não serem como esta.

Nota:

Outras Notas:
David Bernardino:

Pedro Mourão-Ferreira:

2 comentários:

Anónimo disse...

ola. gostava apenas de deixar uma pergunta. nao percebo porque é que se o filme é tão elogiado na critica depois recebe apenas 7.5. Só digo isto porque a nota não corresponde ao que é dito na critica. boa sorte e continuem

Miguel P. disse...

7.5 e uma optima excelente. Tendo em conta que na crítica refere-se a novidade e a renovação que o cinema esta a sofrer. Ora a renovação referida e a tentativa anti-hollywood do filme não chega para dar 8, 9 ou 10. Repare na minha crítica a Yume de Kurosawa e verá o que falta neste filme.