sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

Babel

Título Original: Babel
Título em Português
: Babel

Realizado por: Alejandro González Iñárritu
Actores: Brad Pitt; Cate Blanchett;Gael García Bernal; Rinko Kikuchi;Adriana Barraza
Data:2006
País de Origem: Estados-Unidos/México
Duração: 142 min.
M/16
Cor, Som












Decidi despedir-me do cinemas este ano, com o novo filme do já meu conhecido Alejandro Gonzalez Iñárritu. Levava contudo a séria convicção que nada me demoveria a desacreditar Little Miss Sunshine como melhor filme do ano e principalmente que nenhum filme me tocaria desta forma. Assim se justifica a alteração súbita da minha decisão no post de eleição para o melhor filme de 2006.
Tentando resumir, temos 4 planos. O primeiro deles é o Egipto, onde nos é introduzida uma clássica família da região, o segundo que com este se cruza directamente é também ele no Egipto mas desta feita, do lado de 2 turistas americanos inseridos numa excursão (Brad Pitt e Cate Blanchett).O terceiro plano viaja para a casa deste casal de turistas onde Amélia(Adriana Barraza) é a empregada que cuida dos filhos do casal. O quarto plano viaja para o Japão. Tudo em Babel é uma consequência de uma consequência. E se o enredo é demasiado bom para eu ousar revelar algo aqui, então a filmagem e a edição de cenas é a melhor de que me recordo. Iñárritu usa um estilo de filmagem para cada um dos planos que aborda, do Japão ao México passando pelo Egipto cada plano é diferente, bem como a banda sonora, toda ela de muitíssima qualidade. A história vai saltando para o passado e para o futuro o que dá uma dimensão temporal muito maior ao filme, algo que Iñárritu já nos havia mostrado em 21 Gramas.
As filmagens são poderosas e impressionantes, sendo alias esse o aspecto mais marcante de todo o filme chegando por vezes a sentir-nos esmagados com a força e o poder da própria cena.
Em Babel vamos percorrendo diversas culturas, que no fim acabam por se unir por intermédio da tragédia, esta união não é contudo literal em todos os casos, mas directa ou indirectamente todos acabam por se suportar mutuamente, e se impressionar uns com os outros. Destaco por exemplo uma das ultimas cenas do filme, onde um polícia egípcio com uma frieza tal, a fazer lembrar um dos melhores agentes do C.S.I, se deixa tocar pelo desespero de um jovem egípcio e tira finalmente os seus tão impiedosos óculos escuros. Contudo a polícia símbolo da autoridade política presente em todos os planos, apresenta também ela uma dualidade categórica, por um lado este impiedoso polícia egípcio e o guarda de fronteira dos EUA, que em nada lhe impressionam as palavras de Amélia. Por outro lado o polícia japonês a funcionar como elemento apaziguador, consolador e arriscaria quase salvador.
Se o cartaz traz Brad Pitt e Gael García Bernal ambos com interpretações fantásticas, eu aproveitaria para destacar também prestações incríveis como as de Rinko Kikuchi (nomeada para um globo de ouro), Mohammed Ankzar, Boubker Ait El Caid e das duas crianças Elle Fanning e Nathan Gamble.
Nesta catarse de acontecimentos emoções Iñárritu prova que a beleza bem como a união a família e a vida não conhecem fronteiras, países ou continentes.
Se será preciso a tragédia para nos unir, não sei, mas nesta Babel todos dependemos uns dos outros e acabamos por nos influenciar decisivamente, e no fim, no fim todos regressamos ao ponto de onde partímos…

Nota: 5/5

Outras Notas:
Pedro Mourão-Ferreira: 3/5
David Bernardino: 1/5
Azevedo:

Miguel Patrício: 0/5

13 comentários:

Pedro Mourão-Ferreira disse...

Está ao nível do Ninguém Sabe, embora prefira este último. Mais uma vez, excelente crítica.

Anónimo disse...

confesso que me aguçaste a curiosidade eu gostei muito do amor perros, e pelos vistos este deve ser muito bom

Anónimo disse...

vi o filme por sugestão deste blog e é realmente fabuloso.Bom post, e Grande filme

David Bernardino disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
David Bernardino disse...

intrigadissimo pelas enormes diferenças de opiniãos que ouvi sobre este filme, desde os 0's do jornal publico aos 9.5 e 9 de RMC e Pedro Mourão-Ferreira aqui deste blog decidi ir ver o filme ao cinema e tentar perceber esta dualidade de opinioes. Acabei por entender que o filme é bastante fraco. Aquilo que Babel tenta fazer é iludir o espectador com um enredo que aparentemente explora as relações humanas profundamente e tenta depois mascarar a pobreza do enredo com a variedade de histórias apresentadas, seja cultural ou de distância geográfica, dando ao espectador uma sensação de grandiosidade. E peranteb grandiosidade o comum especatdor fica embasbacado tende a dizer ganda filme, quando na realidade não o é. As 4 histórias não passam de uma japonesa surda muda(ca esta mais uma vez a tentativa de chocar e iludir o espectador)que se sente infeliz por causa da sua deficiência, e por ainda ser virgem (apesar de ter uns 15 anos!). A sua história consiste nas sucessivas tentativas de fazer sexo com um homem. depois temos a história dos marroquinos (nao sao egipcios caro rmc) que consiste em dois miudos que disparam uma espingarda do pai contra um autocarro de turistas onde iam Brad Pitt e Cate Blanchett. Depois é só o pai a enfrenta los com a situação e a sua fuga. A história dos americanos é a única que tem interesse, mas mesmo assim é fraquinha. a bala que os miudos disparam acerta em Cate Blachett e Brad Pitt faz tudo para a salvar no deserto marroquino, tendo que recorrer ao veterinário de uma aldeia paupérrima. O unico motivo que torna esta historia a melhor e a actuação de Brad Pitt e Cate Blachett, os unicos actores com uma boa prestação no filme. Depois temos a historia mexicana que envolve a empregada de Brad Pitt enquanto ela leva os filhos de Pitt e Blachett para o casamento do filho no México. De resto é só choradeiras e mulheres aos gritos. O conceito do filme que pretendia ser uma sucessão de efeitos em cadeia está muito mal aproveitado. A unica coisa que une as historias é: Japones tem espingarda que oferece a guia marroquino, que é usada para disparar sobre Blachett, cuja empregada é a mexicana. A banda sonora são duas ou três musicas simples que tentam mais uma vez iludir o espectador com grandiosidade, as actuaçoes são terriveis a excepção dos americanos. aqueles que dizem que a fotografia e a filmagem é excelente estão enganados porque filmar o deserto também eu consigo, e isso não é excelente fotografia e realização. A unica cena do filme que realmente gostei foi a noite em que a japonesa, já bebada e drogada, vai a uma discoteca. Babel não passa de um filme que tenta ser grande, mas que acaba por se perder na sua ambição. Vive de pormenores desnecessários e é o produto da junção de Crash e Fiel Jardineiro

Rmc disse...

Considerei que estaria a ser desleal para com a minha classificação a este grande filme de Iñárritu se não respondesse a este comentário do meu estimado amigo David.Por outro lado considero bastante positiva a discussão construtiva sobre cinema, só lamento a falta de projecção que os comments têm.
A disparidade de opiniões a mim não me espanta minimamente, já que e citando Keith Richards:" há filmes que se vêem, filmes que se pensam e filmes que se sentem", no caso de Babel eu senti, e o meu fascinio deriva em grande parte da forma como o filme me tocou, no discurso da entega do prémio de melhor realização em Cannes Iñáritu disse que era um filme especial para pessoas especiais e eu concordo.Não que alguém valha mais que outra por gostar ou não de Babel, alguns terão proccessos identificativos fortes com este filme, isso sucedeu comigo, aliando o que me toca com a força com que o apresenta o filme tornou-se esmagador.
Aproveito para agradecer ao caro David pela correcção são sem dúvida marroquinos e não egipcios,e até esse meu erro me faz sorrir ao aperceber-me da forma como eu desvalorizo o factor da nacionalidade ao neste filme.Lamento apenas a agressividade com que o meu caro colega blogger se prontifica a classificar como hórriveis as interpretações,e principalmente ao classificar como "enganados" aqueles que apreciaram os planos fotográficos deste filme. sendo esse o meu caso não me gostaria de classificar como um enganado,creio que cada um poderá ter aqui a sua opinião sem que para isso esteja associado ao conceito do certo ou errado realmente, e usando as palavras do meu colega de blog filmar o deserto é tão fácil que até ele próprio o faria, contudo extrair duma simples filmagem do deserto planos fantásticos como na minha opinião Iñárritu o faz, creio que nem toda a gente fará.
E destaco a minha alegria por juntamente com o meu colega inaugurar o primeiro debate sério neste cada vez maior blog de cinema

Pedro Mourão-Ferreira disse...

Não estou nada de acordo com a opinião do David acerca do filme, embora acha que ele deva fazê-lo se o acha mesmo. Estou mais de acordo com o Rafael: eu vi o filme e pensei no filme, mas o que eu senti ao presenciar "Babel" foi de facto especial, porque vi cenas e ouvi músicas juntamente com a realização, isto tudo conseguiu transmitir as mensagens do filme de uma forma sublime, despertando o meu interesse desde o primeiro minuto ao último.
Eu devo confessar que não estava à espera que o filme fosse tão bom. Então, porque razão achei o filme excepcional? Comecemos pela realização: a realização é diferente das que se vêem e das que se presenciam no cinema moderno: costuma ser uma realização parecida com a do CSI e do Déjà Vu focando-se muito nos efeitos especiais e na montagem. Babel, tal como "Ninguém Sabe", utiliza uma realização que se baseia muito na forma como filma que é tranquilo, sendo pouco mexido - quando é de facto mexido, são cenas inesquecíveis - e prova que não é preciso ser uma realização muito mexida para cativar a atenção do público: por exemplo, "A Regra de Jogo" de Jean Renoir, jamais poderia ter uma realização e uma montagem do tipo utilizado pelo produtor Jerry Bruckheimer (podia ser outro, mas este é o mais mediático neste momento), tendo em conta que foi feito em 1939, e, no entanto, é considerado, por muitos críticos, o melhor filme de sempre. Na minha opinião, "A Regra do Jogo" é, de facto, muito bom, mas não estou aqui para comentar nem para criticar o filme. Iñárritu, realizador de "Babel", consegue através deste tipo de realização, parecendo simples, fazer com que seja excelente: exemplo, o plano do deserto consegue-se extrair um pouco da mensagem do filme: eles estão pequenos num deserto imenso cujo céu tem grande foco, simbolizando que apesar de o mundo ser enormíssimo, é pequeno pela ligação que as personagens têm e vemos muitos planos assim ao longo do filme. Por outro lado, nunca vi um elenco de míudos a interpretarem tão bem um papel num filme tão bom, à excepção do "Ninguém Sabe", especialmente o míudo marroquino mais novo. A banda sonora é diferente para cada história: a banda sonora encontrada no episódio de Japão faz-me lembrar a do Lost In Translation ao contrário do que acontece com as outras mostrando o diferente tipo de cultura apesar da sua ligação. Os episódios não acontecem todos ao mesmo tempo, acontecem em tempos diferentes: um implica o outro e vemo-los como se fossem ao mesmo tempo. Em última instância, gostei imenso da mensagem transmitida e, como já devem ter percebedio, eu adorei a forma como o é mostrada. Daí o meu valor 9/10 dado (ainda vi uma segunda vez para confirmar se de facto era 9 e é). É um dos melhores filmes modernos, por isso, o meu aviso é aproveitarem o filme no cinema enquanto podem para o sentir verdadeiramente. (desculpa Rafael mas tive que meter) "Listen"

Anónimo disse...

completamente de acordo com o david.este filme ñ passa de uma tentativa de chocar e iludir o espectador de q é avassalador e explora as relaçoes humanas.

Anónimo disse...

ConCordo com o anonymous que concorda com o david... è tudo uma fachada este filme

Anónimo disse...

por acaso foi em Marrocos e não no Egipto. só para clarificar os leitores

Miguel P. disse...

Babel: lembro-me , aquando da sua saída, este filme ter provocado uma grande celeuma entre dois (ao qual depois, se insurgiu um terceiro por circunstâncias evidentes...)dos meus caros colegas e críticos neste blog. Um (RMC) defendia febrilmente ser este um filme que tanto tecnicamente como narrativamente era excepcional, era, apesar de tudo "poderoso e impressionante" e em cada segundo de fita havia uma preponderante «lavagem espiritual» onde o espectador não parava de aprender sobre o mundo e a sua condição. O outro (David B.), ciente do seu radicalismo às vezes incoerente, constava ser este um filme-farsa, uma epopeia pretenciosa, maquinista e maquinal onde o espectador não era mais do que uma marioneta da grandeza e do falso-humanismo que este último queria impingir como moeda de troca pelo preço do bilhete (que, hoje em dia, está cada vez mais caro).
Depois de me ter distanciado da polémica - como quem, na sua amável modestia, não procura zangas -, e de o ter visto com a família em parcela escura às duas da manhã, a minha opinião como crítico amador (não venhamos com pretensiosimos, já nos bastavam os deste Babel...) mas sobretudo como espectador atento ao cinema de modo geral (ou talvez não, talvez um espectador que negligencia o cinema americano e que, cada vez mais, se incline para a loucura, e que comece a enxergar bem pela primeira vez, como um deslumbramento semi-religioso, o cinema de César Monteiro, Buñuel, Terayama, Godard, et al.) é que este Babel (e, finalmente a crítica!) é um filme-borbulha: quando se dá conta dele (e pode-se demorar meses, anos(!) a dar-se conta dele...), só nos aptece coçar até fazer ferida que jorre sangue. Os novos artíficios de Hollywood permitiram os Indiana Jones, os 007's, os Departed's (moderno pelo ano, mas antigo na sua fórmula) serem didáticos, terem humanismo e, quiçá, ensinarem-nos qualquer coisa sobre essa coisa penosa que é a vida. Mas, que aprendemos a ver Babel? Sim, a fotografia e a música (nem toda, mas enfim...) é bonita; a realização tem suspiros de inteligência (a cena da discoteca da surda-muda referida é para o efeito, "de se lhe tirar o chapéu") mas pouco mais disto é Babel. Não é certamente um filme-poema no qual se diagnostique a verdadeira condição humana, mas também não se quer parecer um filme brejeiro distanciando-se do resto da indústria que, ela própria,o produziu. Para sermos mais claros, Babel é um filme de autor industrializado para consumo fácil. Aquela ideia que não é peregrina (veja-se Crash) da universalidade dos sentimentos, dos seres-humanos que, embora, distanciados culturalmente, são uniformemente humanos e verosivelmente semelhantes é prova desse modelo que não ensina nada, e que desta feita, provoca lembraça, lugares-comuns ostentados por certezas. É como a disciplina de psicologia: toda a gente sabe que um defeciente é discriminado , mas por ter uma base científica (e em Babel, fílmica) por detrás, esse mesmo facto é objecto de estudo redundante que prova tudo o que sabemos já sobre esse próprio assunto.
Não gostava que ninguém mais defendesse (a não ser por questões de orgulho que não quero tocar) este filme angariado e angariador de lugares-comuns que quer conciliar o público com verdades evidentes e que, em estância última, quer ganhar prémios e reconhecimento. Contra tudo e contra todos, Babel é Hollywood não o querendo ser, é arte sendo indústria pura e feroz. E se pensam que este filme, por ser quieto (numa falsa pureza de imagem) é profundo então vejam mais cinema e deixem de procurar o evidente, porque só assim se encontrará o evidente e nada mais além disso. Que me persigam e me cortem a língua, mas este cinema não é cinema. E aqui me calo.

Pedro Vieira disse...

De facto, Babel é definitivamente um bom filme diria até muito bom.
Este filme, apesar de ser um pouco parado consegue-nos manter
"colados ao ecran", isto porque o Babel retrata várias histórias que apartida seriam paralelas (por mais que se prolongam-se jamais se intersectariam), mas na verdade e de forma espectacular as histórias parecem ter imans e unem-se para encanto do espectador.
E parafraseando RMC (para mim o melhor cineasta do blog): "Se será preciso a tragédia para nos unir, não sei, mas nesta Babel todos dependemos uns dos outros e acabamos por nos influenciar decisivamente, e no fim, no fim todos regressamos ao ponto de onde partímos…"
Sem dúvida, um filme de visionamento obrigatório que abdica dos adornos de HOLLYWOOD para nos mostrar como o paralelo pode se intersectar.

Anónimo disse...

GRANDA PATRICIO!