quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Oz - Season 1

Titulo Original: Oz - Season 1
Titulo Português: Oz - 1ºTemporada
Criado por: Tom Fontana
Actores: Kirk Acevedo, Dean Winters, Eamonn Walker, Adewale Akinnuoye-Agbaje, Harrold Perrineau, Ernie Hudson, Terry Kinney, J.K. Simmons, Lee Tergesen, Lauren Vélez, B.D.Wong, Eddie Malavarca, Edie Falco, Rita Moreno
Data: 1997
País de Origem: Estados Unidos
Duração: 60 min (episódio) - 8 episódios
M/16Q
Cor e Som





Sabendo que esta série iria finalmente ser transmitida em Portugal e atraído pela presença de Adewale Akinnuoye-Agbaje e Harrold Perrineau, já meus conhecidos pela sua fenomenal participação mais recente em Lost, decidi seguir Oz e imediatamente fiquei apaixonado pela sua qualidade fora de série , tanto a nível de conteúdos como a nível interpretativo.

Oz é uma série polémica. Trata do dia-a-dia de uma prisão de máxima segurança, dos seus prisioneiros e dos seus trabalhadores, guardas, director, padre, etc. O que é fabuloso em Oz são os temas que aborda. A cada 10 minutos de episódio somos confrontados com filosofias e situações que aparentam ser simples mas que na realidade são complexas, fascinantes e podem até servir para nos ajudar. Estas filosofias e situações são-nos apresentadas num formato muito parecido ao "pensamento" da RFM: A acção que estava a decorrer é interrompida e Augustus Hill (Harold Perrineau), uma personagem condenada a andar de cadeira de rodas o resto da vida devido a um incidente que o levou à prisão, aparece-nos sozinho num espaço negro e confronta-nos com situações que dão que pensar. Peço desculpa por este lugar comum mas não encontro outra palavra que descreva estes momentos.
Tim McManus (Terry Kinney) é um idealista que trabalha em Oz. Com a ajuda do director Glynn (Ernie Hudson), McManus criou uma divisão prisional em Oz chamada cidade Esmeralda. Nela os prisioneiros passeiam-se livremente, convivem, têm acesso a distrações como a biblioteca, a sala de jogos ou o ginásio. Em contrapartida, qualquer prisioneiro que cometa qualquer infracção será imediatamente metido no buraco, uma espécie de solitária onde terão que viver nús sem qualquer objecto por um tempo determinado. Durante a noite, os prisioneiros da cidade Esmeralda dormem em celas duplas, sem grades, mas apenas com um vidro separador. É este sector da prisão que a série Oz se vai focar.
A nível de conteúdo temos vários tipos de personagens, que tendem quase sempre a arreigar-se a um dos gangs da prisão Oz: os Latinos, os Arianos, os Pretos, os Muçulmanos, os Italianos, os Gays(que quase não são explorados), e aqueles que não se inserem em nenhum grupo. Nos latinos temos Miguel Alvarez (Kirk Acevedo). A sua familia já tem experiência em Oz. O seu avô ainda está na solitária e o seu pai também está preso em Oz, mas noutra divisão fora da cidade Esmeralda. Alvarez sofre vários dramas ao longo da primeira série como nascimento do seu filho e a sua relação de amizade com o padre Mukada (B.D.Wong). O líder dos Arianos é Schillinger (J.K.Simmons). Schillinger tem os seus filhos sem prtecção fora de Oz e precisa de sair da prisão o mais depressa possível. No entanto esta é talvez a mais odiosa personagem de Oz. Racista e nazi, Schillinger persegue os "pretos" e os judeus. Uma das personagens que não se insere em nenhum dos "gangs" é Beecher (Lee Tergesen). Beecher vai ser abusado até ao extremo por Schillinger, pois não se pode defender. Beecher é um advogado inteligente que foi parar a Oz por ter atropelado e morto uma menina acidentalmente enquanto estava na influência de alcool. Beecher vai sofrer tanto fisicamente como emocionalmente, estando com pavor do localonde está e das pessoas que o habitam. O lider dos "pretos"(é assim que são denominados na série) é Adebisi (Adewale Akinnuoye-Agbaje). Os pretos são o grupo que gere o negócio da droga em Oz. Adebisi é um viciado em heroína, bruto e forte. O líder dos Muçulmanos é Kareem Said (Eamonn Walker). Esta é sem dúvida uma das personagens mais interessantes da série. O seu objectivo em Oz é defender a justiça e a igualdade de direitos. Said defende que a maior parte dos reclusos que estão em Oz só lá estão devido à cor da sua pele. Said é muito inteligente e manipulador, e sempre que os prisioneiros precisam de se unir é ele que surge como líder e diplomata. Através da fé procura atingir a salvação. Os italianos são nesta primeira série liderados por Schibetta (Eddie Malavarca). Um velho mafioso que não olha a despesas para eliminar qualquer inimigo que tenha em Oz. Fora de qualquer um dos gangs temos o interessante irlandês Ryan O'Reilly (Dean Winters). O objectivo de O'Reilly em Oz é manter-se a salvo de conflitos internos. Para isso recorre a amizades temporárias com vista a manipular os seus colegas prisioneiros de forma a fazerem aquilo que Ryan quer. O'Reilly raramente dá nas vistas do staff de Oz, mas é através de uma personalidade forte, impenetrável, racional e objectiva que O'Reilly se defende de qualquer problema que a ele diga respeito em Oz. Temos também Reebadow, um idoso que está em Oz à muitos anos, condenado a prisão perpétua. Por vezes temos acesso à interessante visão de Reebadow face a Oz: um velho indefeso com medo da loucura da juventude. Muitas outras personagens marcam presença em Oz, como Jefferson Keane que se converte ao islamismo ou Scott Ross, um mentiroso compulsivo e chantagista. No entanto, estas são aquelas que vale realmente a pena realçar. Temos somente ainda a guarda Wittlesey (Edie Falco), a orientadora/psicóloga, a irmã Peter Marie(Rita Moreno), e a médica prisional Gloria Nathan (Lauren Vélez), constantemente assediada.
Os temas tratados em Oz são realmente sérios e realistas, retratando na perfeição o drama vivido diariamente numa prisão. Vamos desde drogas, violência e sexualidade a confrontos interraciais e ideológicos. É interessante ver as vidas destes prisioneiros e as suas reacções aos acontecimentos de Oz. O desenrolar da narrativa é sempre surpreendente e culturalmente fascinante. A dada altura chegamos a criar afeição por alguns dos reclusos, que nalguns casos são excelentes pessoas que apenas cometeram um erro, mas que noutros casos são mesmo criminosos impiedosos. O desempenho dos actores é fantástico. De facto é muito dificil interpretar os papéis de Oz. Estes actores são muitas vezes confrontados com situações de núdez, homosexualidade, utilização de estupefacientes, violência extrema e até racismo (o caso das personagens nazis, por exemplo). Afirmo por isso que a prestação destes actores é tão boa ou melhor que os de Lost, expoente máximo do entertenimento. Oz não entretém. De facto ficamos sempre chocados após cada episódio. Aquilo que faz com que sigamos a série com prazer é a relação que criamos com estas personagens, excelentemente exploradas e complexas, quer seja ela de ódio ou afecto, e o interesse que temos em saber aquilo que lhes vai acontecer nesta prisão. Isto para além das excelentes situações culturais, intelectuais e deseperantes com que somos confrontados em Oz. Quanto à realização pouco há a dizer sobre Oz. Nada de efeitos especiais de computador. A filmagem é normalíssima. A banda sonora é reduzida. Para além das músicas de opening e ending temos apenas raras músicas que ajudam a manipular a emoção do espectador face aos acontecimentos que vemos.
Por outras palavras Oz vale pelos seus excelentes actores e pelos temas delicados que aborda. É sem dúvida um dos melhores projectos televisivos a que já tive acesso e a par de Lost é a melhor série que já tive a honra de presenciar. A crítica à segunda série de Oz estará brevemente disponivel neste blog, dessa vez mais curta devido à necessidade de retratar as personagens e os temas na crítica à primeira série. Peço desculpa pela extensão.

Nota: 5/5

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