quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Mister Lonely

Título Original: Mister Lonely
Título em Português: Mister Lonely
Realizado por: Harmony Korine
Actores: Diego Luna, Samantha Morton, Denis Lavant, Werner Herzog
Data: 2007
País de Origem: EUA
Duração: 112 min.
M/16Q
Côr, Som











Antes de qualquer outra coisa, Mister Lonely deverá ser definido como a busca da obra-prima quer do ponto de vista cinematográfico quer, mais ainda, do ponto de vista humano.
O filme desfolha-se como um ensaio filosófico, dando-nos as perguntas e as respostas ao mesmo tempo que nos abre a porta ás escolhas.
Harmony Korine um dos caminhantes cada vez menos solitário no cinema de autor independente nos EUA apresenta-nos duas histórias que apesar de nunca se cruzarem, sempre estiveram relacionadas. Ambas nascem num ponto de inocência e infantilidade apaixonante e ambas acabarão corrompidas pelas fraquezas do homem, Paixão e Ganância!
Contudo em Mister Lonely esses sentimentos não serão apontados como fraquezas, mas antes como emoções inerentes que sempre lá estiveram ainda que não as víssemos.
Mister Lonely não é um presságio do caos, nem sequer uma crónica que já perdeu a esperança na humanidade, este filme será antes, um quadro belo onde os nossos olhos poderão encontrar pequenas manchas negras que contudo se confundem em todos os tons e cores que o transformam numa paisagem resplandecente e encantadora.
Isso é Mister Lonely, a história do fim da inocência sempre narrada com tal suavidade que não acreditamos que ela (a inocência) chegue alguma vez a desaparecer. O que nos leva para a dualidade mais fascinante deste filme: Se as emoções responsáveis pela corrupção da pureza humana sempre estiveram presentes bem como a própria inocência, o que seremos nós enquanto pessoas? Eternos corrompidos? Potenciais Inocentes? Ou entidades em corrupção constante em busca de laivos de uma inocência que nunca chegamos a perder?
Mister Lonely não procura essa resposta, procura sim provar que até no paraíso o homem se pode desnaturar, o que nos leva a mais uma questão. Se é no paraíso que reside a génese da humanidade, não fará parte do próprio homem a necessidade de se transformar em algo menos puro?
Todas estas questões que Mister Lonely deixa subtilmente cair prendem-se directamente com a narrativa e com a história do seu principal interveniente, que vive como imitador do Michael Jackson a tempo inteiro. E na sequencia de tudo isto talvez vem a questão principal, se a pureza se relaciona com a personalidade própria de cada um, o fim dessa pureza não se prenderá directamente com o cada vez maior desaparecimento de personalidade própria, e por consequência a formação de pessoas baseadas em ídolos, estereótipos ou grupos? Não será nesse momento que se perde a inocência, no momento em que esquecemos a nossa pele e vestimos a de outra pessoa qualquer? Ou será que é na ilusão dessa existência que reside a nossa candura? Tal como as crianças imitavam os seus desenhos animados preferidos, na altura em que as crianças ainda viam desenhos animados, em vez de pessoas a agir como tal.
Mister Lonely em resumo será um retrato do paraíso que nunca o foi mas que nunca deixaremos de ver como tal, em paralelo com a apresentação do milagre da fantasia que tal como o pai natal acaba assim que deixamos de ser naíves o suficiente.

Nota: 5/5

2 comentários:

Anónimo disse...

não me canso de dizer: o melhor crítico (a seguir claro está ao miguel patrício)!

Anónimo disse...

filme marcante. grande critica.

*****