domingo, 30 de dezembro de 2007

Electroma

Título Original: Daft Punk's Electroma
Título Português: Electroma
Realizado por: Thomas Balganter, Guy-Manuel de Homem-Christo
Actores: Peter Hurteau, Michael Reich
Data: 2006
País de Origem: França/Estados Unidos
Duração: 74 mins
M/12
Cor e Som










Já não é a primeira vez que o duo francês Daft Punk se aventura no cinema. A primeira experiência foi o musical de animação Interstella 5555, que era acompanhado por todo o cd Discovery da banda. Os Daft Punk foram os seus escritores. Em 2006 surge a verdadeira realização cinematográfica da banda, num Electroma tão surreal quanto experimental. Que dizer sobre ele... O enredo resume-se em dois robôs (os membros da banda) que querem tornar-se humanos num mundo habitado só por robôs. Vejamos, Electroma não é para todos. 95% dos espectadores comuns desistirão de ver o filme 5 minutos depois dele começar, e a razão é muito simples. O filme é o mais estático de que tenho memória, a cena inicial sao 8 minutos deste duo a andar de carro por um deserto montanhoso em planos diferentes. Não há som, não há diálogo, apenas há monotonia monotonia monotonia monotonia, e é assim durante todo o filme. Se não andam de carro caminham, se não caminham olham estáticos um para o outro durantes longos e longos minutos; e a parte mais engraçada é o facto de haver um contador de tempo ao longo de todo o filme que informa o espectador de quanto tempo já perdeu com Electroma. Sem dúvida original. Mas o que importa em Electroma é a interessante filosofia que está por detrás de toda a monotonia do filme. A vida robotizada é imutável, repete-se ciclicamente. A ausência de diálogos deve-se também ao facto de robôs simplesmente n-ao falarem. Então esses longos silêncios em que estão ambos a olhar um para o outro são silêncios nos quais estariam inseridos os diálogos, que devem ser imaginados pelo espectador. Os Daft Punk dão-nos assim também a entender como seria qualquer conversa num comum filme, sem som: as caras dos intervenientes, em planos entrecortados, ou seja, exactamente aquilo que acontece em Electroma. De vez em quando existem músicas no filme. Infelizmente não são compostas pelos próprios Daft Punk, no entanto assentam nas cenas que acompanham que nem uma luva, transmitindo ainda mais emotividade aos longos silêncios que só por si transmitem sem dúvida muitos sentimentos. Outro grande factor de peso em Electroma são as imagens, belíssimas e que com a sua estaticidade seriam não fotografias, mas autênticos quadros. Esperem até ver o magnífico por de sol na íntegra, filmado no deserto. Para leitores que acompanhem o Retroprojecção, escrevi em tempos na crítica a Apocalypto uma distinção entre 3 tipos de filmes: os que se vêem, os que se pensam e os que se sentem. Este é claramente um filme que se sente e não deve ser tomado de qualquer outra forma! No entanto, apesar de todos estes pontos que são dignos de aplausos não posso deixar de expressao o meu desagrado pela falta de movimento. O enredo poderia ser contado em 5 minutos se não fossem as cenas tão longas e monótonas. Mesmo sendo esta uma experiência bela e original, podia ter ambicionado muito mais e explorado situações que não o foram, dado o fantástico conceito do filme que acaba por ser subaproveitado. Electroma pretende ser um filme complexo, apresentado de forma simples, e acaba por ser mesmo um filme simples apresentado de forma complexa, e mesmo assim não tão complexa quanto isso. Não deixa de ser aquilo que é: boa arte.

Nota: 3/5

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