sexta-feira, 11 de maio de 2007

Shiritsu tantei Hama Maiku: Namae no nai mori

Título Original: Shiritsu tantei Hama Maiku: Namae no nai mori
Título em Português: Mike Yokohama: A Forest with no name
Realizado por: Shinji Aoyama
Actores: Masatoshi Nagase, Kyoka Suzuki, Nene Otsuka, Yoshio Harada, Masashi Yamamoto, Kanji Tsuda, Shinji Higuchi
Data: 2002
País de Orígem: Japão
Duração: 71 min.
M/12Q
Cor, Som







Este Forest with no name - filme "straight to video" - de Shinji Aoyama é, antes de mais, um filme que sabe a pouco. Um filme que, a par de não nos acrescentar muita coisa que teria sido, eventualmente dita em Yûreka (Eureka) ou Tsumetai Chi (An Obsession), inventa uma espécie de metáfora para o isolamento proveniente da selvajaria urbana. Um eremitério onde um grupo de humanos se fecha dentro de si próprios - peculiaridade sempre própria e presente de Aoyama, como já se teve a opurtunidade de referir - e tenta encontrar as respostas para regressar ao mundo do quotidiano.
Mike Yokohama, personagem fictícia que participa em outros filmes do mesmo género, aqui nesta sua ênquete, tem de encontrar a filha de um grande empresário. Essa rapariga está inscrita nessa organização que acolhe todos os que não fizeram as suas escolhas e, portanto, não estão preparados para entrar nesse mundo madrasto. Por entre jovens irreconciliados com os outros e consigo próprios (ver Helpless) e personagens bizarras que vêem do absurdo em estado absoluto, Mike, entra nesse chalet campestre e o que começa por ser um caso normal, acaba por se finalizar numa busca pela sua própria identidade. Há alguns momentos fortes - embora curtos -, principalmente no que concerne a prestação de Masatoshi Nagase, que começa por ser céptico, e cada vez mais, à medida que o filme avança, se torna ciente da sua condição. O que é a vida? Que é esse monstro que chamamos de Liberdade? Será o suicídio a única forma de sairmos deste labirínto chamado egoísmo? - tudo isto A Forest with no name levanta, por vezes pertinentemente, sendo que, por diversas oportunidades, só se contenta em perguntar.
Ora, poderíamos dizer que esta parte - a ligação entre a modernidade, o isolamento, mas também proveniente desse isolamento, a alienação em pequena escala - é a única que se nos apresenta como aproveitável. Tanto as técnicas de realização, como a qualidade são de duvidar. Cores e fluídez muito miniais; pouco rigor nos planos, banalismo no enquadramento, só os actores nos surpreendem. Em parte, isto deve-se, ao mercado "straight to video" que não oferece melhores condições aos realizadores, todavia, este facto não é razão suficiente para não existir um constante cuidado aquando da realização. Podemos dizer, assim, que - também à semelhança de Tsuki no Sabaku (Desert Moon), o que peca nesta película é um academismo abrupto, uma invenção da imagem muitas vezes boçal e - como se não bastasse - uma inspiração (ou cópia) constante da linguagem televisiva. Todas estas características fazem com que o filme perca metade da sua piada e significado. Mesmo o simbolismo que vai aparecendo aqui e acolá (como a àrvore que enuncia a verdade e a própria floresta) poderia ter sido melhor aprofundado, podendo fazer assim com que se alcançasse na totalidade o surrealismo que se procura desde o início mas, sem embrago, jamais se realiza.
Em suma, Aoyama volta novamente ao seu tema da perdição e do encontro na sociedade actual, do vazio da existência e do introspectivismo forçado (ou arbitrário) que daí vêm. Fazendo, assim, neste Forest uma amálgama de géneros incompletos: por vezes quer ser surreal, por outras estupidamente cómico, e quer se apresentar sempre como um policial. Só que, como se disse, nada está completo aqui; antes pelo contrário, tal como Desert Moon, a sensação que se nos afigura, no final, é um sentido de imaturidade, de um cinema que quer ser mais daquilo que, na verdade, é. Mas, numa perspectiva do espectador que, para além de ser um escravo da apresentação estética, seja investigador (falamos daquele espectador que não se importa de ver um filme tecnica e imageticamente mais fraco, que procura só pequenos momentos que desprendem uma mensagem e uma lição moral fortes) talvez este Mike Yokohama: A Forest with no name o divirta, o faça pensar (embora não ofereça qualquer tipo de respostas e, coloque questões imperceptíveis ou ambíguas de todo) e o consciencialize. Contudo, se se quer isto e ainda mais uma estética da revelação minimalística e fenomenal, vizualize-se Eureka, o ponto de partida de qualquer fan de Shinji e muitíssimo superior a esta peça menor da sua filmografia.

Nota: 1/5

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