domingo, 13 de novembro de 2011

Tony Takitani

Título Original: Tony Takitani
Título Português: Tony Takitani
Realizado por: Jun Ichikawa
Actores: Issei Ogata, Rie Miyazawa e Shinohara Takahumi
Data: 2004
País de Origem: Japão
Duração: 105 mins
M/16
Cor e Som










Inspirado numa obra do consagrado escritor japonês Haruki Murakamy, Tony Takitani é um filme que nos marca de modo indelével. Tony – um nome estranhamente ocidental para um japonês - foi desde cedo gozado pelas outras crianças graças ao seu nome e, em consequência disso, teve uma solitária vida. Ainda que reputado como artista, aos seus desenhos faltava sentimento, pelo que em adulto opta pela carreira de ilustrador técnico.
De súbito, a uma certa altura da sua vida e já com alguma idade, Tony apaixona-se por uma jovem mulher - Eiko Konuma -, muito bonita, que o visitara em negócios, num certo dia. Eiko é uma benção na vida de Tony, que pela primeira vez na sua vida, encontra um elo de ligação com o mundo exterior. Porém, Eiko tem um defeito: é viciada em comprar roupas. E é esse vício que fará com que ela sucumba num acidente de carro, deixando uma sala cheia de roupas, que se torna como que um mausoléu para Tony.
A câmara flui incessantemente, da esquerda para a direita, mudando de cena e temporada, evocando a história de vida de Tony. A fotografia é majestosa - em cores neutras - e os temas em piano melancólico, soberbamente compostos e interpretados por Ryuichi Sakamoto, tornam o filme bastante minimalista.apenas dois actores a preencher os quatro papéis principais; Issei Ogata interpreta tanto Tony como o pai deste, enquanto Rie Miyazawa interpreta tanto Eiko como Hisako, a jovem que Tony, destroçado, contrata para representar o papel da sua esposa. pouco diálogo, havendo um narrador, cujas frases são ocasionalmente deixadas para que os actores as completem. Parece certo que o realizador soube muito bem captar a essência do escrito de Murakamy. Silencioso e profundamente idiossincrático, este filme de Jun Ichikawa é, na verdade, um trabalho primoroso, absorvente do primeiro ao último minuto; um epítome da meditação e da solidão.

Nota:

Outras Notas:
Miguel Patrício: 5/5

1 comentário:

Miguel P. disse...

Tony Takitani, apesar de ser uma transposição do conto homónimo de Haruki Murakami, é a pedra-de-toque essencial para compreender a arte cinematográfica do prematuramente falecido Jun Ichikawa, um dos maiores, talvez o maior, escultor contemporâneo do silêncio. Certas adaptações de Murakami (lembro-me especialmente do parcial falhanço de Norwegian Wood de Tran Ahn Hung) pecam por ser demasiado literais, demasiado mistas na dosagem de silêncio e de idiossincrasias dos personagens. Aqui Ichikawa, pelo contrário, alcança domínios realmente extraordinários no tratamento de imagem e som - a música de Sakamoto é das melhores coisas que se fez para cinema. Tudo aparece com um equilíbrio geométrico, concêntrico, sem se ficar com a noção de que tudo isso corresponde a um mundo romanceado.
Apesar da sua curta duração é dos momentos cinematográficos mais marcantes da passada década e um dos melhores representantes do que é o minimalismo em cinema.