domingo, 11 de fevereiro de 2007

Tetsuo II: Body Hammer

Título Original: Tetsuo II: Body Hammer
Título em Português: Tetsuo II: O Cyberpunk
Realizado por: Shinya Tsukamoto
Actores: Tomorowo Taguchi, Shinya Tsukamoto, Nobu Kanaoka, Sujin Kim, Hideaki Tezuka
Data: 1992
País de Origem: Japão
Duração: 83 min.
M/18
Cor, Som









Verdadeira festança futurista cyber-punk, esta sequela do inesperado Tetsuo (I) não é, ao contrário do que se poderia pensar, um seguimento da história já contada. É, antes do mais, um anexo da mesma temática e da mesma ideia num registo a cores, ou seja, a ideia do homem que se fusiona à máquina, literalmente, numa era descontrolada pela tecnologia e pela morte. Ora, tudo isto já o precedente lidava, mostrando que, inversamente a outros tantos realizadores do horror, todo o ambiente destrutivo e negativo torna o homem feliz, pois, é pela morte que se vive outra vida melhor, ou pelo menos, se renasce. Juntando a este tema tão inovador como catalisante do mal, Shinya Tsukamoto consegue aqui - através do auxílio da cor no filme - demonstrar que Tokyo, o palco da mutação, é uma cidade insípida, monótona e extremamente vazia. Pintando-a no ecrã de azul esfriado, Tsukamoto constroí - à semelhança do seu mais recente Rokugatsu No Hebi (A Snake of June) - uma metrópole que parece um inferno gelado, donde unicamente existem indícios de modernidade - sendo que os homens partiram e, de uma forma meta-fisíca não se encontram lá. Por outro lado, existe outra realidade fornecida pela cor vermelha. A cor representante da vida, da guerra, das pulsões animais etc. Em Tetsuo II - e na cinematografia toda de Tsukamoto - ou se vive no Inferno, ou se vive no Céu. O dilema moral é importante na medida em que a alucinação da metamorfose permite mudar de estado de espírito. Taniguchi Tomoo, o personagem principal, muta-se num canhão metálico escarlate e abandona o pacato salary-man azul-frio. O que era resignação pela monotonia da vida, torna-se em raiva de destruição, numa força imparável de "mandar tudo pelos ares".
Assim, ora aproximando-se do experimentalismo de Tetsuo (I), ora renegando-o através da difamação directa da metrópole japonesa - que o precedente ignorava, tal como a existência de uma história concreta - , este Tetsuo II é, no mínimo, revolucionário. É uma "verdadeira ode à barbarie" - parafraseando Jean Pierre Dionnet - e um elogio furioso à máquina, à evolução tecnológica que não é mais do que auto-destruição humana. Ao contrário do amadorismo de Tetsuo - que por pouco não passava de mais um filme de terror experimental -, Body Hammer é dentro da tradição japonesa um filme que acredita na tecnologia como meio de destruição para um novo futuro para o homem. Ou seja, só se sofre para se ser mais feliz e por isso podemos dizer que - tal como em Tokyo Fist - a arte de Tsukamoto tem leves contornos sado-masoquistas.

Nota: 2/5

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