domingo, 13 de abril de 2008

No Country For Old Men

Título Original: No Country for Old Men
Título Português: Este País não é para velhos
Realizado por: Joel Coen, Ethan Coen
Actores: Tommy Lee Jones, Javier Bardem, Josh Brolin, Woody Harrelson, Kelly Macdonald
Data: 2007
País de Origem: EUA
Duração: 122 mins
M/16Q
Cor e Som









Joel e Ethan Coen, a par com J.J Abrams, Luc Besson, Alejandro Inãrritu, Michael Mann, Paul Haggis, Stephen Soderbergh, entre outros… São dos homens mais empenhados em revolucionar o “main stream” da cinematografia norte-americana.
Gradualmente estes dois irmãos têm vindo a romper com cânones que os comuns blockbusters se orgulhavam de manter.
Recuando pouco mais de uma década, chegamos a “Fargo”, realizado por Joel e escrito por ambos, um filme inesperado e surpreendente pela mão de dois “desconhecidos” que rapidamente se impôs na história do cinema dos EUA, conquistando inclusivamente dois Óscares ( Melhor Argumento Original, e Melhor Edição).
Contudo já em 1991 “Barton Fink” também escrito e realizado pelos Coen havia sido nomeado para 3 Óscares. Convém ainda destacar outros dois filmes que passaram ao lado da crítica e que facilmente se encaixam na actualmente tão aclamada categoria de cinema erudito: “Miller´s Crossing” e “The Hudsucker Proxy”.
Bem retomando ao ponto onde ficámos, depois de Fargo, Joel e Ethan Coen ganharam a confiança e o espaço necessário para ir alargando a sua arte.
Nunca deixando de lado a ousadia que sempre os caracterizou vimo-los a adaptar a “Odisseia” de Homero ao cinema no filme “O Brother, Where Art Thou?” com George Clooney.
Seguiu-se em 2004 um incompreendido “Ladykillers”, um remake do filme homónimo de 1955. Apesar de muito criticado e pouco apreciado este foi para mim uma das melhores comédias desse ano.
Peço desde já desculpa por este longo devaneio histórico mas pareceu-me importante enquadrar e contextualizar detalhadamente tudo o que se passou até “No Country for Old Men”, porque me parece que este filme virá mesmo a dividir a carreira destes dois irmãos. Tudo o que se passou antes, e tudo o que virá depois.
“No Country for Old Men” é um filme que poderia ser uma pintura. “No Country for Old Men” é um filme onde reina a abstracção e no qual de concreto pouco mais temos do que o corpo dos actores.
Toda a película é uma metáfora gigante, onde cada interveniente representa não mais do que os valores que imperam neste “país” a que chamamos mundo. São os EUA mas poderia ser qualquer outro.
Temos a morte, temos a ganância, e temos todo um conjunto de espectadores, resignados, vencidos, sem poder de acção, “velhos”.
São esses os personagens de “No Country for Old Men”, metáforas vivas, que não fingem ser humanos.
Estes personagens cujo passado desconhecemos, personagens que só existem no presente, como qualquer boa entidade abstracta. Nada mais nos é dado a conhecer do que o momento, aquele momento, onde eles existem e vivem.
Quanto mais a trama avança, mais nos vamos imiscuindo nessa dança frenética onde a morte é o protagonista.
A morte sem expressão, a morte gelada, a morte de olhar totalmente vazio, a morte que é Javier Bardem no melhor papel da sua carreira.
E quando se fala em Bardem, não nos podemos esquecer de falar em Josh Brolin, Woddy Harrelson, ou mesmo Tommy Lee Jones cujo olhar transparece toda a escuridão do velho desistente aguardando a reforma sentado no buraco negro da sua existência.
Que mais se pode dizer sobre “No Country for Old Men”?
Que mais há a dizer sobre o vencedor de Óscar mais atípico dos últimos anos?
Que mais se pode perguntar sobre o filme que escolheu abdicar de qualquer resposta?
Por mim apenas manter a esperança que este “No Country for Old Men” seja o começo e que a revolução que Kubrick deixou incompleta se possa consagrar em breve…

Nota: 5/5

Outras Notas:
David Bernardino:

Pedro Mourão-Ferreira:

2 comentários:

Anónimo disse...

Deixa-me dizer que ainda não vi o filme, mas tinha que dizer que gosto muito da forma como escreves RMC :)

israel disse...

É um filme espetacular com paisagens lindíssimas e personagens abstratos como vc mesmo disse.O filme começou como terminou.Uma violência artística,envolvente...