domingo, 27 de fevereiro de 2011

127 Hours

Título Original: 127 Hours
Título Português: 127 Horas
Realizado por: Danny Boyle
Actores: James Franco, Kate Mara, Amber Tamblyn
Data: 2010
País de Origem: Estados Unidos/Reino Unido
Duração: 94 mins
M/12Q
Cor e Som









Em 127 horas a tarefa do galardoado Danny Boyle é difícil. Ele terá que realizar um filme com um enredo que já todos conhecem, tendo por isso a obrigação de o fazer de forma interessante. Só aqui se questiona se ter feito este filme é ou não uma decisão correcta por parte do realizador porque existe um dilema: Ou Danny Boyle o faz tentando recriar toda a tensão da situação de ficar com o braço preso debaixo duma pedra durante dias de forma fria, crua e realista, limitando-se a relatar as acções de Aron Ralston (James Franco, o ponto forte do filme), obtendo provavelmente um resultado de qualidade mas arriscando-se a acabar por realizar um documentário da National Geographic; ou então romantiza e dinamiza a narração , dando outros pontos de interesse ao filme como sejam contínuos flashbacks familiares, originalidade na realização, e ultimamente uma disfarçada lição moral. Danny Boyle opta pela segunda opção. Censurar esta opção de aproximação é difícil. Talvez Danny Boyle simplesmente não o devesse ter feito.
Regressamos então ao romance iniciado por Slumdog Millionaire, a ironia é que graças a isso Boyle volta a estar nos óscares, quando não esteve com pesos pesados sóbrios como Trainspotting, 28 Dias Depois ou Sunshine.
É pena que Boyle não confie e foque totalmente o filme no fantástico actor, James Franco, que tem em mãos. Receoso de criar um filme aborrecido, Boyle vai-se refugiar em técnicas de realização de forma a conferir movimento a um filme que se exigia parado. Rewinds e fast-forwards, écrans divididos e demasiados flashbacks com personagens que não são minimamente desenvolvidas, muitos deles desnecessários, fazem com que a sensação de claustrofobia que era exigida para se sentir um filme assim vá pelo cano abaixo. E é pena.
No entanto 127 Horas não é um filme mau, ou razoável. Tem até momentos de grande genialidade! As cores são incríveis, aproveitando bem o Canyon onde a história se passa. As próprias técnicas de realização já referidas, apesar da sua opção ser discutivelmente desnecessária, são sempre bem aplicadas. A banda sonora é outro ponto forte do filme. Demasiado invasiva às vezes mas sempre bem escolhida. A cena final está fantástica.
O ponto forte do filme é mesmo James Franco. Estupendo actor. Quando Danny Boyle lhe dá o espaço necessário é simplesmente fenomenal(veja-se a cena de delírio com a câmara de filmar) em todas as 3 fases do filme, antes durante e pós pedra. O óscar de melhor actor ficaria muito bem entregue apesar da vitória de Colin Firth ser quase inevitável.
Resta falar da célebre cena na qual supostamente pessoas desmaiam e vomitam no meio do cinema. Apesar de ser algo perturbante não é caso para tanto, suponho que depende da pessoa. No entanto é absolutamente essencial que a cena seja mostrada da maneira que é. Não existe qualquer sensacionalismo, ela é aquilo que é e, quer queiramos quer não, é a cena essencial do filme. Fica a questão: se já todos sabiamos o que ia acontecer será que vale a pena ver o filme? Se calhar Danny Boyle afinal até fez a opção certa com esta aproximação.
127 Horas é um filme que não é consensual. No entanto é inegável que é mais que razoável. É interessante de ver, bem realizado e bem actuado, apesar de todas as limitações já referidas. Não é um mau filme filme nem o melhor filme do ano. Mas apesar disso não deixa de ser um filme bom.

Nota: 3/5

4 comentários:

Catarina R.P. disse...

Concordo plenamente quando refere que Danny Boyle se focou muito pouco em James Franco, acho que isto aconteceu não só pelo facto do filme se tornar aborrecido mas também, porque Franco nunca deu fortes provas de ser um actor com a qualidade que aqui revelou. Nota-se uma profunda falta de confiança no actor.

Em relação ao facto de não ser o filme do ano é francamente discutível. Considero que 127 Hours é um filme que mexe muito com as nossas próprias vivências e também com a nossa forma de ver e estar na vida. Talvez essa subjectividade seja o que prejudica fortemente a prestação do filme.

Em resposta à questão colocada: Na minha opinião vale muito a pena ver o filme, nem que seja pela questão moral.

Tenho que elogiar o texto, por ser o mais sensato que já li até agora.

Cumprimentos Cinéfilos

David Bernardino disse...

Muito obrigado catarina! É com agrado ver que o retroprojeccao é lido e apreciado pela comunidade de cinema online! Tmbém é verdade que James Franco já merecia um filme à sua altura, mas parece que Howl, também de 2010, oferece a melhor prestação do actor até à data, apesar de ainda não o ter o visto.

Cumprimentos!

Anónimo disse...

get a room!

Anónimo disse...

Muito Bom seu Blog , gostei mesmo , gostaria que você seguisse o meu pois eu sigo o seu ok !!! Obg agradeço !!!