sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Big Fish

Titulo Original: Big Fish
Titulo Português: O Grande Peixe
Realizado por: Tim Burton
Actores: Ewan McGregor, Albert Finney, Billy Crudup, Jessica Lange, Helena Bonham Cárter, Alison Lohman, Steve Buscemi, Danny DeVito, Marion Cotillard, Deep Roy
Data: 2003
País de Origem: Estados Unidos
Duração: 120min.
M/12Q
Cor, Som







Big Fish define-se por ser uma aventura tão grande como a vida, mas define-se também por ser uma homenagem à vida. Uma homenagem ao mais admirável que o Homem tem: a sua liberdade e a sua imaginação. Juntando a esta receita uma mente como a de Tim Burton, e temos um espectáculo cinematográfico onde a “realidade e a ficção se confundem” de uma forma que nos leva ao interior do próprio ser, procurando também nós essa liberdade que tanto foge. Ewan McGregor (Trainspotting, Star Wars: Episode I, Episode II, Episode III, Moulin Rouge! Black Hawk Down, The Island, Cassandra’s Dream) e Albert Finney (Saturday Night & Sunday Morning, The Duellist, The Bourne Ultimatum) representam a mesma personagem Edward Bloom, um homem que estava destinado a feitos maiores que uma vida pode suportar. Era um grande peixe, num lago pequeno.
A linha essencial de Big Fish passa por ser uma história entre pai e filho, uma história em que se confunde o mito e o homem, o facto e a ficção. Um filme onde Tim Burton podia libertar toda a sua exuberância e loucura, um verdadeiro apelo à sua criatividade, tinha que resultar numa obra gloriosa. Recordemo-nos de filmes antigos de Tim Burton como por exemplo “Edward Scissorhands, Mars Attack, The Nightmare Before Christmas”, todos filmes tipicamente Burtonianos, onde o exagero parece nunca ter limites, onde a fantasia e o imaginário mais profundo dos homens está presente de forma constante/incessante em cada plano, em cada fala, em cada movimento, em cada suspiro, em cada olhar. Com Big Fish, Tim Burton parece que se separa e espalha vários pedaços de si ao longo do filme, utilizando toda a sua experiência. Tanto temos cenas maravilhosas e fantásticas, onde vemos criaturas bizarras, paisagens deslumbrantes com aquele toque especial onde utiliza perfeitamente efeitos de luz e brinca com as cores de uma maneira única, como temos cenas onde a cumplicidade humana é testada, onde a cumplicidade entre pai e filho é posta à prova, como também temos cenas de comédia extremamente bem planeadas e onde uma simples gargalhada aumenta à medida que o diálogo avança. Billy Crudup (Sleepers, Mononoke-hime, dando a voz na versão em inglês, Almost Famous, The Good Shepherd) representa Will o filho que tenta juntar todos os pedaços da vida do pai para descobrir a sua verdadeira história. Tim Burton recorreu a uma serie de flashbacks para nos mostrar a vida de Bloom, para nos mostrar a sua grande aventura, construindo uma história adorável e extremamente fascinante.
Para descrever Big Fish de forma perfeita seria preciso a inocência de uma criança, seria preciso voltar a apreciar o fantástico que à muito se perdeu, mas que ainda perdura na mente de Tim Burton, e que foi traduzido de forma eximia por um elenco fantástico. A actuação de Ewan McGregor confesso que superou as minhas expectativas, visto conhecer bem o trabalho do actor e gostar bastante das suas prestações, não contava que ele estivesse à altura de um personagem destes, principalmente com um realizador que precisa de actores dedicados para fazer viver as suas personagens. Ewan apresenta-nos Edward Bloom em novo, dando-lho uma força incrível mas ao mesmo tempo aquele ar de humildade que nem sempre se alcança, conseguiu integrar perfeitamente o espírito que Burton tinha pensado para aquele homem, para aquela alma a quem uma vida não chegava para os misteriosos caminhos da sua imaginação. Mas confesso que é em Billy Crudup que o filme vai buscar muito da sua força, é verdade que não tem o papel principal, mas a maneira como construiu a sua personagem, a maneira como expressa os seus sentimentos dão ao filme aquele lado mais humano que Burton inseriu. A forma como o filme avança, é bastante simples de ser compreendida, não nos apresentando dificuldades de maior como poderia ser de esperar. Temos exibições magistrais como a do conceituadíssimo Danny DeVito que interpreta o dono do circo onde Edward trabalha de graça para apenas descobrir ínfimos detalhes da mulher que escolheu para casar. É importante referir que toda a cena do circo é uma homenagem à comédia e ao mesmo tempo à qualidade como realizador de Tim Burton. Não podemos esquecer também de Steve Buscemi que se apresenta neste filme como um poeta que subitamente decide assaltar um banco e acaba como um milionário em Wall Street. Quero ainda salientar, e para não variar, a fantástica actuação de Helena Bonham Carter, uma habitué nos filmes de Burton, como Deep Roy ou Mr. Soggybottom, outro senhor presente em muitos filmes de Burton.
Sem dúvida que a parte mais emocionante do filme é o final, um final onde tudo se concentra numa só cena, onde todo um mundo de fantasia subitamente ganha vida e explode para um último adeus a um homem que vivia num pequeno lago. Considero que a parte final, onde Will se apercebe na realidade quem era o pai, deve ser vista de uma forma sentida, deve ser vista de uma forma aberta mas deve ser acima de tudo vivida. Temos que tentar perceber o que sentiria alguém ao descobrir que afinal, o pai não vivia numa vida de mentira, vivia no num mundo maravilhoso, onde o vulgar não tem lugar, onde o taciturno quotidiano da vida não tem lugar.
Se ainda não viram Big Fish, só vós posso dizer para o fazer mais rapidamente, vejam o filme e entrem num mundo extravagante, incrível, estupendo. Entrem no imaginário de uma das últimas mentes magnificas que ainda se encontra por aí nos nossos tempos. Big Fish é para mim, a obra-prima de Tim Burton, tem que ser visto, não contado, afinal uma imagem vale mais do que mil palavras.

“ [Burton] celebrates the empty imaginings of the lost, because he assumes there is no real liberation, there is no glory awaiting us, except that which we invent for ourselves.”


Nota: 3/5

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