sábado, 18 de outubro de 2008

Z32 (Doclisboa 2008)

Titulo Original: Z32
Titulo Português: Z32
Realizado por: Avi Mograbi
Actores: Avi Mograbi
Data: 2008
País de Origem: França/ Israel
Duração: 81 Min
M/16
Cor e Som



O controverso cineasta israelita Avi Mograbi foi a escolha para a abertura da edição do Doclisboa mais recheada de talento, irreverência e denúncia.
Z32 é desde o primeiro minuto algo maior do que a história que representa, Z32 é um violento retrato da psicologia de um soldado de elite que tal como todos os outros soldados de elite seja de qual for a facção, está treinado para matar e não sentir.
Z32 é um soldado Israelita que comete um homicídio injustificável mesmo em período de guerra, Z32 é um soldado sem face que sentiu prazer ao matar, Z32 é um soldado devastado pela culpa que procura um perdão abstracto durante todo o filme, nunca sabendo nós a quem se dirige esse perdão, se a um qualquer deus, se a todos os que o rodeiam, se àqueles que rodeavam os homens que matou, ou se mesmo a nós espectadores.
Durante todo o filme Mograbi, apresenta-nos a história nos seus moldes reais, não procurando a posição entre o preto e o branco, deixando assim que o todo o filme se desenrole nos mais profundos tons de cinzento.
E com o evoluir desta apresentação, quando cada vez mais o espectador se deixa convencer de estar na presença de um assassino, Mograbi torna-se cada vez mais provocador, levantando outras questões que ultrapassam em larga escala o conflito Israelo-arabe, que acaba por não ser o tema central deste documentário apesar de ser conhecida a posição claramente critica do seu autor em relação a actuação do seu país nesta guerra. No centro de todas essas questões surge essencialmente uma que percebemos dirigir-se a todos aqueles que assistem, jogando um pouco com a mente do espectador que no inconsciente do seu cérebro de certa forma concorda com Mograbi, mas a questão fica no ar: “Será Possível perdoar uma assassino?”.
Para além de nos apresentar os factos de forma atípica visto que todo o documentário se baseia na narração deste crime sem castigo pelo próprio soldado que o cometeu, Mograbi ainda nos surpreende ao cantar as suas reflexões acompanhado por uma autentica orquestra instalada em sua casa. Um documentário poderoso, violento e provocador, uma imagem “twilight zone” do conflito que já ignoramos quando passa na televisão.

Nota: 4/5

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