quarta-feira, 13 de junho de 2007

Sunrise: A Song Of Two Humans

Título Original: Sunrise: A Song Of Two Humans
Título em Português: Aurora
Realizado por: F.W. Murnau
Actores: George O'Brien, Janet Gaynor, Margaret Livingstone
Data: 1927
País de Origem: Estados Unidos de América
Duração: 91 minutos
M/12
Preto e branco, Mudo









Murnau, realizador de origem alemã, foi importantíssimo para o cinema mundial, tendo feito filmes extraordinários como "Nosferatu" (1922). O seu peso foi maior nos anos 20, distribuindo filmes mudos a preto e branco de grande nível. O último filme que produziu foi "Tabu: A Story Of The South Seas" (1931), tendo morrido pouco tempo antes da data de lançamento do filme num acidente de automóvel. Um dos mais conhecidos dele é "Sunrise: A Song Of Two Humans", realizado em 1927, conhecido também por "Aurora" (título em Português).

"Aurora", filme mudo, preto e branco, começa por mostrar uma cidade e prolonga-se numa viagem de imagens até chegar ao campo, local onde iria começar o desenrolar da história. Anses (George O'Brien), camponês casado e Pai de um recém-nascido, tem um caso com uma mulher vinda da cidade (Margaret Livingstone). Vemos uma cena épica em que Anses e a mulher da cidade estão a namorar ao luar em frente a um lago. Efeitos especiais fabulosos da época a conseguirem sugar-nos ainda mais para o ambiente de sedução que ela tem sobre ele. Ao mesmo tempo, camponesa, Indre (Janet Gaynor), chora por saber que algo de errado se passa com o marido e vemo-la a recordar dos tempos primordiais do seu casamento quando Anses estava contente por se envolver no casamento mostrando o seu amor pela família. Ela é confortada pelo recém-nascido. A mulher da cidade pede para Anses matar "acidentalmente" Indre, querendo desfazer, desta forma, com o casamento. Anses terá que escolher entre Indre e a amante.


Este filme excepcional contém todos os elementos e géneros que o cinema pode oferecer: efeitos especiais/ montagens impressionantes da época, música a acompanhar o ambiente, actores muito bons que nos apercebemos que o estilo de actuação é muito semelhante ao do teatro. Contém terror, comédia, drama, romance, suspense. Por outras palavras, "Aurora" tem todos os elementos do cinema comprimidos em 91 minutos, ainda por cima, sendo um filme mudo a preto e branco, embora falta referir um elemento importantíssimo: o argumento. A história que nos é contada remete para muito tipo de mensagens como a oposição campo e cidade, mulher anjo (mulher do campo) e mulher fatal (mulher da cidade), por exemplo. Lembramo-nos de imediato a poesia de Cesário Verde que sobressai muito essa oposição: "não se ouvem aves; nem o choro de uma nora" - referência ao campo; "e o ferro e a pedra - que união sonora!" - referência à cidade (versos transcritos do poema "Cristalizações").
Nota-se que a realização é de murnau. A maneira como a câmara se move é uma deslocação livre. Em vez de perseguir a personagem, toma um caminho diferente. Exemplo disso é a visita da personagem de George O'Brien à mulher demónio. Um marco cinematográfico mundial.

"Aurora", através de todo o tipo de elementos e de um argumento riquíssimo, todos eles condensados em 91 minutos, nasce um filme épico imperdível dos anos 20. São estes filmes que nos introduzem realizações especialmente únicas contando histórias de alto nível, algo que se perdeu ao longo do tempo. Murnau, Welles, Kubrick, Ford, Hitchcock, são só alguns dos muitos realizadores que nos deixaram horas e horas de cultura da sétima arte durante anos e anos e esses anos já lá vão. Refiro isto, porque muitas pessoas jovens que começaram a interessar-se por esta grande arte, nunca tiveram a oportunidade de ver estes filmes durante as suas estreias. Aliás, quando alguém quer ver filmes desta qualidade, só poderão encontrar nos filmes já feitos, porque a dimensão cultural do cinema nos dias de hoje foi extremamente reduzida. Existem alguns filmes de boa qualidade que nos vão surpreendendo, mas estão longe da enorme superioridade dos clássicos e outros. Pelo menos no cinema "popcorn", estão bastante longe. São cinemas como o nimas e a cinemateca que fazem perdurar estes grandes feitos tendo sido já mostrado esta "película" variadíssimas vezes nestas bibliotecas cinematográficas. De facto, "Sunrise: A Song Of Two Humans" é simplesmente fabuloso, único no mundo e obrigatório para qualquer amante do cinema.


"
This song of the Man and his Wife is of no place and every place; you might hear it anywhere, at any time"

Nota: 5/5

Outras Notas:
Miguel Patrício: 5/5

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