domingo, 15 de abril de 2007

Traffic

Título Original: Traffic
Título em Português: Tráfico
Realizado por: Steven Soderbergh
Actores: Michael Douglas, Catherine Zeta-Jones, Benicio Del Toro
Data: 2000
País de Origem: Estados Unidos, Alemanha
Duração: 147 minutos
M/16Q
Cor, Som









É bom poder-se olhar para um título de um filme e saber-se logo do que é que se trata. Normalmente pode implicar uma falta de empenho quanto à escolha do mesmo, mas neste caso isso não se verifica porque não há outro possível para este filme.
A película trata da temática "droga" de 5 perspectivas diferentes – e isso não implica que um personagem tenha só uma: a perspectiva dos traficantes, dos consumidores, da polícia, dos traficantes disfarçados de polícia ou de gente boa e das pessoas ligadas aos traficantes ou aos consumidores mas que nunca tocaram nem negociaram qualquer tipo de estupefaciente. E que sofrem por fora. Tudo começa, entre San Diego e Washington, com a nomeação de um novo líder da luta contra a droga nos Estados Unidos, o conservador Robert Wakefield. Sua filha, Caroline, é uma brilhante aluna de 16 anos que dá cartas numa espécie de Olimpíadas da Matemática. A vida deste homem é pacífica, até que descobre a dependência em drogas por parte da sua menina. Temos também a história que envolve o abastado casal Ayala, cuja mulher, Helena, assiste à detenção e prisão do marido, não sabendo inicialmente porquê. Mas não será necessário dizer o porquê, sendo o filme que é. Por parte dos polícias, estes entram em jogo a partir da detenção do marido de Helena, pois ficam a vigiá-la, tentando ver se ela está envolvida nas artimanhas de Carlos Ayala. Penso que os restantes elementos podem ser agrupados numa só entidade, a dos traficantes, que é o papel que acabam por desempenhar, sendo polícias, ricos, pobres ou estando inseridos noutra qualquer categoria social.
A piada de “Traffic” está no cruzamento entre os agentes que participam em todo o processo rotineiro da droga: produção, venda, procura, consumo, divulgação. E também na exposição de alguns defeitos da sociedade actual: a ganância material e a perda de interesse pela vida por parte dos mais ricos, a rivalidade racial e a hostilidade por parte de minorias étnicas contra a maioria branca (não que seja um defeito – esta é mais um assunto delicado), a fraca resistência à tentação do negócio da droga e da corrupção em geral por parte de todos. O dinheiro fácil acaba por ser a prioridade de quase todos. O dilema de Robert dividindo-se entre lutar contra as drogas na filha ou contra as drogas no país é outro ponto de realçar. Já a nível mais gráfico, a diferença de cores quando se está nos Estados Unidos (as cores normais, como as vemos) e quando se está no México (tudo mais amarelado e pálido) também confere outra dimensão ao paralelismo geográfico do filme. Para não falar do vasto e óptimo elenco. Um bom filme, que trata com pouco pudor um problema que todos sabem existir mas que se teima em abafar.

Nota:

Outras Notas:
Miguel Patrício: 1/5
David Bernardino: 3/5
RMC: 3/5

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