domingo, 4 de março de 2007

Dead or Alive: Hanzaisha

Título Original: Dead or Alive: Hanzaisha
Título em Português: Dead or Alive
Realizado por: Takashi Miike
Actores: Sho Aikawa, Riki Takeuchi, Renji Ishibashi, Hitoshi Ozawa, Susumu Terajima, Kaoro Sugita, Dankan, Ren Osugi
Data: 1999
País de Origem: Japão
Duração: 105 min.
M/16Q
Cor, Som









Depois de acabada a triologia Sociedade Tríade com Nihon Kuroshakai (Ley Lines), Takashi Miike executa no mesmo ano - juntamente com o fantástico Ôdishon (Audition) - , 1999, este Dead or Alive: Hanzaisha, primeiro capítulo de outra triologia. Na verdade, se filmes como Shinjuku kuroshakai: Chaina mafia seinsô (A Sociedade tríade de Shinjuku), Gokudô kuroshakai (Rainy Dog) ou Nihon Kuroshakai (Ley lines) optavam por uma violência justificada face ao perigoso mundo suburbano do crime, irrompendo essa fúria nas guerras entre máfias japonesas (yakuzas) e chinesas (tríades), este novo e renovado conjunto de filmes procuram outra coisa, - embora a linguagem cinematográfica seja a mesma - isto é, exceder todos os limites no que diz respeito a construção de um filme de acção. Tendo Takashi Miike esta ideia desde o ínicio, o filme torna-se em algo insólito e incadreditávelmente original, sendo que não há nada mais nele a não ser a componente quebra-tábus, quebra-clichés e quebra-convenções. Porém, estas componentes chegam-nos perfeitamente para afirmar que o resultado final é tanto genial como inovador.
Para comprovar o que se disse - e para aqueles que ainda veneram Tarantino como o salvador dos filmes de acção - veja-se a cena de cinco minutos de abertura do filme. As duas personagens principais - Ryuuichi (Takeuchi) e Jojima (Aikawa) - estão de cócoras a olhar para a câmara e é então que começam a contar até três, e de seguida surgem várias sequências epilépticas aparentemente sem nexo ou cabimento narrativo, pactuando com uma música Hard-Rock agitadora, demonstrando a vida de Shinjuku: o bairro criminal de Tokyo. E a originalidade de Miike começa a dar aso para a monstruosidade agradável aos olhos. Na sequência, uma mulher suicida-se caíndo de um prédio gritando frenéticamente, um salarymen cheira cocaína descontroladamente, dois homens sodomizam-se numa casa-de-banho, tudo isto ao mesmo tempo que um homem come imensas sopas de massa ou que uma stripper se despe em frente de imensos chefes de yakuza babados e viciosos.
Numa abertura como esta, mais semelhante a uma de videojogo do que propriemante de um filme de acção, podemos nos questionar de que modo, neste filme tudo o que não seja entertenimento puro é reduzido ao nada. Takashi Miike afirmou que queria filmar uma película de acção só com acção, que estava cansado de ver filmes como este que arranjavam uma narrativa estúpida ou insípida para mascarar ou justificar a violência exercida. Ora, tudo neste nosso Dead or Alive é insipidamente delicioso, pois, se ele não quer justificar-se com narrativas ligeiras, tão pouco também se contenta com banalizações violentas caricaturizacionais, quer, pelo contrário, fazer troça do espectador até às últimas consequências. Senão note-se, mesmo depois de se tentar construir algo que podemos chamar de narrativa: opondo por circunstâncias diversas, o filho de gangsters chineses Ryuuichi com o detective Jojima, o conhecidissímo - e desesperante - final só vem abalar toda a crença positiva do espectador - se é que houve alguma - quanto ao cabimento de todo o filme. E, quanto ao final, nem vou pronunciar uma palavra que seja. Antes de ser estúpido, sem sentido ou mal feito, tenho a dizer que Dead or Alive é a maior sátira alguma vez feita aos filmes de Steven Seagal, Jackie Chan, Arnold Schwarzenegger ou Chuck Norris.
E, posto isto, podemos dizer que Dead or Alive é o primeiro filme de acção puro, ou então, de uma perspectiva mais crítica, o primeiro e o único filme de acção anti-acção.

Nota:

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