domingo, 9 de dezembro de 2007

Parabéns, 1 ano de Retroprojecção!

As sinceras felicitações pelos cinco críticos:


David Bernardino:

O cinema anti-cinema
Como homenagem ao meu querido Retroprojecção que completa agora um ano, penso que nada melhor do que aprofundar um tema que tantas vezes é posto em causa por tantos filmes: o que é afinal o cinema. Será que qualquer pessoa com uma câmara que a ligue e faça um vídeo está a fazer cinema? Bem, sim e não. Antes de tudo, o que é o actor? O actor é a única peça fundamental num vídeo para que o possamos considerar cinema. Cinema é então a transposição do real para uma película, através de actores que imitam essa realidade. Podemos então afirmar que o cinema é uma falsidade? A meu ver sim. Virão agora os leitores dizer “então e os documentários? E as histórias verídicas?”. A minha resposta: não são mais que perspectivas e manipulações da realidade. Como alguém disse o ser humano não é indiferente a uma câmara, pelo que mesmo no documentário ele reage de forma diferente à real. “E os documentários a animais? E a plantas?”. Neste caso é o próprio realizador que interfere, mostrando apenas uma perspectiva, uma situação, uma face dessa realidade. Histórias verídicas… Basta dizer que são actores que as interpretam e estamos a assistir àquilo a que o realizador quer que assistamos. E por muito que ele queira ser fiel à realidade, um filme pretende suscitar interesse no público, manipulando-o sempre. Sempre, pois após vermos um filme já estamos diferentes, nem que seja por saber que o filme era uma miséria e nunca mais o voltaremos a ver! Adiante…
Existem ainda outros filmes que põe em causa a noção de cinema, e era sobre eles que eu me queria realmente debruçar. Cerca de 95% dos filmes são aqueles que todos conhecem: a narrativa que pretende animar o público, independente dos meios usados. Penso que neste aspecto podemos por no mesmo saco filmes tão díspares como American Pie, Psico de Hitchcock, Se7en ou Hostel. O público sai satisfeito, mesmo que seja uma história daquelas (e como todos gostamos de dizer) para pensar. Mas depois há uma minoria de filmes que por um ou outro motivo se distinguem, e que a pessoa por vezes até duvida: será que isto é um filme? Claro que é um filme, desde que haja actores e câmaras, mas há algo que os distingue. E desses títulos que pretendo falar. A Paixão de Cristo, de Mel Gibson é um filme que nos parece normal. No entanto, aquilo que é apresentado ao espectador são 2 horas de sofrimento humano onde faltam peças que justifiquem tudo o que está a acontecer. É um filme repetitivo de onde apenas um sádico retiraria satisfação ao vê-lo. Apesar de não faltarem alguns pequenos elementos de Hollywood, estes passam despercebidos. Aquilo que no final nos resta é o testemunho (dizem eles) real do fim da vida de Jesus Cristo. É uma obra extremamente original, com grandes prestações e que se destaca por isso. A provocação que é feita ao espectador que apenas vê carne humana a ser açoitada e dilacerada é divinal.
Outro filme que gostaria de partilhar é Electroma, da banda francesa Daft Punk. O que acontece neste filme nada mais é que dois robots a andar durante longos minutos que parecem nunca acabar… E quando parece que finalmente vamos assistir a alguma acção ou diálogo aquilo com que nos deparamos são eternos momentos de silêncio em que os dois robots olham estáticos um para o outro. Não há acção, não há som, não há dialogo. O que ainda pode agradar seriam as paisagens e a boa fotografia, mas mesmo essa é atirada ao espectador de forma entediante. E para culminar toda esta provocação, durante todo o filme temos ainda um contador de tempo que informa o espectador acerca do tempo que já desperdiçou a ver o filme. E agora, pergunto eu, não será tal ideia digna de aplausos?! Infelizmente a quase totalidade das pessoas fugiria antes do filme chegar sequer aos 10 minutos…
Outro filme que gostaria de salientar é o português Alice. Um pai perde a filha, e todo o filme é a busca obsessiva da personagem principal pela sua descendente bem amada, a loirinha Alice. Passamos duas horas a ver Mário a percorrer Lisboa, a verificar as câmaras que instalou a filmar a rua e perguntar às pessoas se viram Alice ao mesmo tempo que distribui panfletos com fotos da filha. Todo o filme é num tom azul acinzentado.
Outro grande filme original que se inclui nesta bagagem e que eu gostaria de salientar é Inland Empire, uma autêntica experiência psicadélica onde o juízo do espectador é posto à prova. Excelentes prestações dos actores somados a um enredo louco e sem qualquer sentido fazem deste um filme único. De notar também as cores, o som, e todos esses efeitos que nos atestam os sentidos e nos fazem sair do cinema arrepiados, apesar de, tal como todos os outros já acima referidos, também nos façam sair do cinema frustrados.
Finalmente o filme do qual gostaria ainda de falar é Branca de Neve de João César Monteiro, mais uma experiência louca a juntar às acima referidas. Ora bem, para quem não saiba, este é um filme onde na tela nada se passa visualmente, pois o realizador pôs um casaco a frente da câmara. Assim apenas vemos preto, e que aquilo que sobra são as vozes dos actores que contam uma versão muito peculiar da história da Branca de Neve. Mais que outra provocação, este é um anti-filme, no qual se põe em causa toda a noção de cinema. Ora bem, comecei por dizer que cinema é uma película (no sentido tradicional, claro) onde actores imitam uma realidade e onde existe uma câmara. Este Branca de Neve destrói tudo isso: existe câmara, mas esta está tapada, e existem actores, no entanto não os vemos, só os ouvimos. Esta é na minha opinião o filme que melhor põe em causa tudo o que é cinema, ridicularizando sadicamente qualquer produção de Hollywood… Para terminar, um último titulo, que analogamente a Branca de Neve, representa o expoente máximo de insulto em forma de filme: Empire, de Andy Warhol. Um plano único do Empire State Building durante 485 mins onde nada acontece. Este último não se insere perfeitamente na noção de anti-cinema, mas achei engraçado referi-lo já que se está a tratar este tema.
O que une estes filmes é a vontade de se rebelarem contra aquilo que é o cinema actualmente, e proporcionarem experiências originais que no final acabam por deixar qualquer espectador frustrado e irritado. O que moverá então estes produtores a levar a cabo filmes dos quais o público não vai gostar? É precisamente a ambição de fazer algo original, cada um à sua maneira. Por exemplo Mel Gibson não deixa de explorar a fé cristã dos espectadores para assegurar o sucesso dos seus filmes…
Concluo dizendo que esta sacada de filmes que se destacam da outra multidão terão sempre o seu espaço no Retroprojecção, que sempre virá a dar a conhecer aos leitores estas fantásticas e originais produções, quase impossíveis de criticar pela falta de factores criticáveis. Como criticar Branca de Neve por exemplo? O único factor em que podemos pegar é a nossa própria opinião pessoal, tal como em qualquer obra cinematográfica.


Azevedo:
Não percebo nem nunca percebi muito de cinema. Aliás, a minha opinião sobre um filme é normalmente uma opinião relativamente acessível e comum, não indo por caminhos muito rebuscados, por assim dizendo. Faço sempre uma análise à vista desarmada, sem pensar muito, de forma directa. É dessa forma que tenho contribuído para o Retroprojecção. Contudo, a participação neste blog enriqueceu-me nessa vertente, pois muitas vezes foi-me dada uma perspectiva diferente (da minha) dos filmes analisados, pelos críticos além de mim. E também há que reparar na notória evolução deste espaço. Se ao início era um blog conhecido por um parco círculo de pessoas, agora creio que não é bem assim. O Retroprojecção está divulgado com alguma solidez na blogosfera cinematográfica nacional. Espero que continue a crescer e que se mantenha activo durante muito tempo, e que com ele possamos, não só eu, mas todos os que nele participam e que o visitam, continuar a aprender com os conteúdos divulgados. E já agora, um especial agradecimento a quem tem visitado o Retroprojecção: que o continue a fazer nos tempos que se avizinham, pois são quem mantém o blog de pé.


RMC:
1 ano de retroprojecção, após mais de 200 críticas, quase 14 mil visitas e outros tantos comentários, o que já não falta são histórias para contar, e momentos que de uma forma ou outra foram marcando o crescimento de um blog que agora já se pode considerar significativamente grande no espaço de crítica de cinema.
São alguns desses momentos que passo agora em Revista, elegendo alguns dos Posts mais marcantes por diversas razões…

O grande Post - Cinema Japonês: Uma Retrospectiva: O post que inaugura o blog, sendo um trabalho fantástico com provas dadas de profundo conhecimento e pesquisa, na passagem deste ano é sem dúvida o primeiro e o magnânime post deste Retroprojecção.

O mais marcante - Dragon Ball: O grande marco da geração de fim de 80 principios de 90, uma das poucas séries que nos une a todos, aquela que todos viram, que todos sabem, e que ainda hoje se vê e discute, prendado neste blog com a pontuação máxima de todos os críticos.

O mais controverso - Babel: Um dos filmes que os leitores mais assíduos levaram na memória também pela sua relevância neste blog, levando a uma discussão que envolveu 4 dos 5 criticos. Um dos filmes que mais posições e opiniões gerou proporcionando alguns dos momentos mais quentes deste retroprojecção.

O mais unânime - Death Proof: Se bem que dragon ball foi quem atingiu as pontuações mais altas, Dragon Ball é uma série e merece um reconhecimento especial e diferente, no que toca ao cinema foi o ultimo filme de Tarantino que encontrou maior agrado no global dos críticos deste blog, vendo cada um no mesmo filme diferentes factores de interesse e valorização.

A maior revelação - Revolver: A função de um blog dedicado ao cinema passa também pela divulgação, um dos casos mais relevantes nesse ponto foi Revolver, uma das criticas que mais interesse levantou sobre um filme. Vendo a sua divulgação consumada até entre os críticos.

Outras Referências interessantes deste blog:

Relevância Histórica - A presença da historia do cinema com a critica a alguns dos grandes clássicos como Metropolis ou Casablanca, é outro dos pontos fortes deste retroprojecção.
Divulgação do cinema do mundo - A divulgação do cinema mundial em larga escala num blog virado para todos os géneros com filmes como Batoru Rowaiaru (Japão), Nueve Reinas (Argentina), Ai no Borei( Japão), O Homem Que Copiava (Brasil), Old Boy (Coreia do Sul).
As Retrospectivas - Outro dos grandes pontos do blog, autênticos documentos de história do cinema. Principais destaques para as retrospectivas a David Fincher, João Cesár Monteiro, Takeshi Kitano, Walt Disney.

Em resumo, ao longo de um ano este retroprojecção procurou o seu espaço e afirmou-se no conceito muito diferente dos blogues de cinema comuns. Retroprojecção não é um blog para se visitar antes de uma ida em família ás grandes salas do nosso país. Retroprojecção não é um blog para consultar as ultimas estreias, Retroprojecção é um blog de opinião onde esta nasce tão modesta quanto relevante e valorosa, é um blog de troca, é um blog diferente. No fundo é um blog de cinema, sendo ele próprio uma possível génese da discussão do que será afinal essa arte.

Um ano, Muitas visões, e um longo futuro.


Pedro Mourão-Ferreira:


13,006
Neste passado ano, o blog retroprojecção, criado por Miguel Patrício, David Bernardino, Pedro Mourão-Ferreira, Duarte Azevedo e Rafael Cláudio, conseguiu atingir um número de 13,003 visitantes. Na minha opinião, é um feito extraodrinário, porque creio que nenhum de nós esperava este sucesso.
No retroprojecção foram feitos vários tipos de críticas desde filmes americanos a filmes japoneses, retrospectivas desde Walt Disney a João César Monteiro, séries desde LOST a Dragon Ball e votações a incluir a opinião dos visitantes. Uma enorme variedade pronta para agrupar todo o tipo de cinema e assim oferecer várias referências às pessoas.
Gostaria de agradecer a todos pelo vosso apoio, especialmente aos críticos de outros sites que incluiram um link do retroprojecção e aos comentários que as pessoas deixaram dando as suas opiniões e visões dos filmes.
Espero que o próximo ano irá vos trazer ainda mais referências para, desta forma, poder esclarecer as dúvidas e formar opiniões em relação ao mundo do cinema. Temos uma nova meta a cumprir: no próximo ano esforçaremos para que ultrapasse os 13,006 visitantes.


Miguel Patrício:
Se é verdade que são raras as vezes em que um ideal virgem, puro e inocente na sua concepção, se mantém na permanência do tempo de forma duradoira, podemos quase pecar se ousarmos preconizar a atribuição da maioria dos casos a Retroprojeccão. Tudo na sua criação foi tão cândido, que coraríamos, certamente, o leitor se desvendássemos o seu contexto amador e o seu carácter repentino de quem cria por criar - marchando todas estas qualidades, aparentemente, para a linha sombria da fugacidade da desistência. Ora, não foi isso que (até agora) aconteceu: Críamos e aperfeiçoamos, um sítio sólido cujo olhar crítico amador (haverá um olhar crítico profissional?) não se restringe, quanto aos filmes tratados, à ditadura das grandes distribuidoras, nem à do pensamento fácil, fazendo-nos assim um dos raros exemplos em que o formato não determina a qualidade.
Era belo, bom e justo acentuarmos aqui, neste postal de aniversário, a maneira de como o tempo passou, de como as nossas rugas acentuaram a linha esquiva do nosso juízo e do nosso ser, enfim, falarmos de nós com a pretensão de não falarmos. Antes pelo contrário, para homenagear o amor comum (uns com mais e outros com menos empenho) que julgo termos todos pelo Cinema (seja ele bom ou mau, não interessa), resta-me transcrever os diálogos finais de um meta-filme apaixonante, em jeito de posfácio não conclusivo sobre essa "ilusão" que é o Cinema. Ora vejam:

Turn On the lights. The Film ends here: now it's my turn to speak.
When you think about it a film can only live in the dark. When the lights go up like that the world of the film is blotted out. In this film I dreamed about the human-aeroplane. After the shooting, when I got back to my room, with all my moaning and groaning, I dreamed... I dreamed about the human aeroplane. I wonder why. And bit by bit, while that went on, the line between life and film disappeared. I no longer know what I've become. And in my dreams, I was falling and falling... I don't know why. But even if I don't undersatnd, I did fall. And as I was falling I thought: «There's nothing to hold on to.» That's why I was falling.
Scene 1: Kominato, Hiranai, Higashi-Tsugaru, Aomori, Eimei Sasaki. This is me speaking, after the clapper board goes. I speak words written by other people, in other people's speech. And while the camera turns, I call Mr. Saito "father". But, bit by bit, it becomes real. And Mr. Saito really becomes "father". Then someone says "Cut!" "Next Scene." "Hurry Up." Action!" That's how it is. And you go on to the next scene. The next scene begins with another lie. The lie of lies. And between one "cut" and another, I am caught up under the cold February sky. This fantasy takes hold of me, bit by bit. I can't go home on the screen anymore.
Polanski, Oshima Nagisa, Antonioni... All that is a world that disappears when the lights go up. You just try showing a film in broad daylight on the wall of a building. Goodbye. I won't be back. A family for 28 days' shooting; a State only 28 days old; A father just for 28 days; 28 days of disillusion and anger; 28 days of ashes and hope. I'm taking off my costume and moving on somewhere else. A human aeroplane for only 28 days; A Tokyo life 28 days long. I loved Humphrey Bogart... I loved Cinemascope... Town Shooting... Love scenes. I loved Mr. Sukita, the cameramen; Mr. Terayama, the director; Mr. Usui, the assistant. I loved the whole of that world, but I don't love The Cinema.
Goodbye. Goodbye, Cinema. Goodbye! Goodbye!

Que contes muitos, Retroprojecção!

5 comentários:

Anónimo disse...

Antes de mais, os meus parabens a este site, que tem vindo a melhorar muito desde k o konheci, é realmente um blog interessante, ambicioso, e de louvar!

Bom, agora, não posso deixar em branco algo k fika markado pelo negro. vou ser sincero, nunca vi o filme branca de neve.. pelo k sei e todo em preto. a meu ver esse "filme" deixou de ser cinema a partir do momento em k abdicou da imagem, não me venham dizer k e cinema, muito menos k e fantastiko... não é cinema, é radio... é som, unica e exclusivamente, apesar de haver imagem no inicio segundo sei! é komo me kererem konvencer de k uma musika sem uma unica nota é realmente musica. ñ é! é silêncio! e atenção os silencios são poderosos kd kolokados em algum sitio. por isso a meu ver, branca de neve n pode ser considerado um filme. uma experiencia? sem duvida.. arte? tenho as minhas duvidas.. pelo menos 7a arte n e de certeza. apesar de um passarinho me ter dito k para la de uma experiencia akela sekuencia filmica se tratar de um protesto contra os subsidios deste fabuloso estado! =P

um abraço a todos vos! e continuem!!

Jorge Soares Aka Shinobi disse...

Parabéns a este excelente blogue! Continuem o bom trabalho, pois podem contar com a minha visita frequente!

Anónimo disse...

Parabéns ao "gang" e em particular ao meu parceiro "asiático" pelo excelente e empenhado trabalho! :)

abraço!
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Anónimo disse...

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Hilary Driscoll
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Anónimo disse...

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