sábado, 5 de maio de 2007

Enbamingu

Título Original: Enbamingu
Título em Português: Embalming
Realizado por: Shinji Aoyama
Actores: Reiko Takashima, Tuyaka Matsushige, Seijun Suzuki, Hitomi Miwa, Masatoshi Mastsuo
Data: 1999
País de Origem: Japão
Duração: 96 min.
M/16
Cor, Som









Desde sempre na obra de Shinji Aoyama, notamos uma imperturbável preocupação em categorizar o nosso tempo, a era contemporânea: quer seja simplesmente o rumo problemático que o Japão toma, quer seja a ambiguidade e evolução (ou regressão?) do mundo. Já se teve a opurtunidade de se sublinhar, várias vezes, esta característica uniforme e constante através de outros dos seus trabalhos: entre eles Helpless, Tsumetai Chi (An Obsession), Sheidî Gurôvu (Shady Grove), Yûreka (Eureka), Tsuki no Sabaku (Desert Moon) etc. Ora, o que este Embalming pretende é exactamente tratar a mesma temática de todos os outros seus filmes: o egoísmo, o individualismo e a morte (suicídio) como o seu pico máximo. Só que, o tema e a forma do filme acabam por viver mais do estilo de Kiyoshi Kurosawa - seu mestre e conterrâneo - do que propriamente de Shinji Aoyama. Na verdade, este "dramalhão" frio - com toques de gore - acaba por ser banal, e não reflecte, mais uma vez, o que Aoyama melhor alcança nos seus outros trabalhos: a força poética de Yûreka, a estagnação e o atrofio das emoções de Helpless etc.
Com uma narrativa menos usual - não querendo isto dizer que há algo de bom nisso... -: um homem aparece morto e é pedido a uma embalssamadora que o conserve, Embalming quer tornar um caso policial numa procura pela condição humana (como An Obsession teria feito), porventura, o amadorismo presente nas filmagens, na narrativa insípida e na fraca construção das personagens não deixa avançar esse propósito. Parece que observamos um série (má, ainda por cima) de televisão. Até CSI - essa série americana de importação - supera muitas das falhas técnicas diagnósticas de Emalming. Os pensamentos, a evolução, tudo é de uma vulgaridade exasperante, que ora nos assusta - pois pensamos: será este o mesmo realizador de Eureka? -, ora nos enfurece. Quanto ao caso policial que se nos surge, ele é pouco consistente, já que, à medida que o filme passa, dá-se mais importância à vida da embalssamadora fria (ela até encontra o pai desaparecido) do que outra coisa. O problema é que, quando o filme atinge o climáx, voltamos ao final do caso - que tinha sido abandonado - , e nessa altura tudo nos parece descabido, impertinente, fugidio. As interpretações são de uma falta de rigor absoluto, ainda que se tenha um sobressalto de felicidade, quando observamos Seijun Suzuki - o mítico realizador que, ironicamente, "faz filmes para não ganhar dinheiro" - a representar um velho companheiro da Embalssamadora.
Ao drama existencial vago - a humanização (repentina e pouco pensada) da protagonista principal - , junta-se a filosofia fácil da efemeridade da vida e sua consequente negação - através do próprio acto do embalssamento - , mais uma crise fanática da religião - representada pelo mestre que, além de estar por detrás de todos os incidentes, nega a prática de conserva dos corpos - , e ainda mais uma perda de identidade - mal feita, através do obliteramento das múltiplas personalidades da jovem assassína. Pessimamente executado, confuso e aborrecido, é este Embalming, um filme a não ver, certamente. A ovelha-negra da filmografia de Aoyama.

Nota: 0/5

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