sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

Ai no Corrida

Título Original: Ai no Corrida
Título em Português: O Império dos Sentidos
Realizado por: Nagisa Oshima
Actores: Tatsuya Fuji, Eiko Matsuda, Aoi Nakajima
Data:1976
País de Origem: Japão/França
Duração:105 min.
M/18Q
Cor, Som










Ai no Corrida faz jus à sua fama: polémico no seu erotismo, contorverso na sua violência gráfica explícita, e um dos primeiros filmes a abrir o debate, em todo o mundo, da fronteira que separa ou une arte, cinema, erotismo e pornografia.
Baseado numa história real passada nos anos 30: Sada, uma prostituta encontrará a sua paixão letal pelo seu mestre e dono, Ichida. A sublimação dos sentidos e do sexo está acima de qualquer moral ou julgamento nesta relação estranha. Muitos críticos falam de amor, mas na minha modesta opinião, trata-se apenas de uma alienação pelo prazer carnal e desprezo pelo intelectual, numa aventura sexual infinita, com travos de romantismo fatalista e que assume proporções gigantescas.
O acto sexual, diga-se, está presente em toda a película. Não há nem uma única situação ou causa envolvendo os dois amantes em que o sexo não seja o final ou efeito. Através do subjugar das capacidades do intelecto, os únicos adjectivos que me ocorrem para descrever toda a película é a loucura e a demência que a paixão fornece e o sexo constante provoca.
O comportamento de Sada e Ichida é fortemente chocante. Sada é dedicada inteiramente ao seu homem, pronta a fazer tudo pela sua felicidade. Porém Ichida é infantil, com um espírito de jovem sempre pronto a descobrir novas formas de prazer (e até as mais arriscadas...). Veja-se a sua atitude perante a sua vida, perante Sada e perante a sua mulher. No final, também o desprezo pela vida humana em função da busca do prazer desmedido é um tema constante nas relações humanas e no que concerna ao acto sexual em todos os seres humanos.
Ai no Corrida representa uma sublime realização, realçando sempre uma sensualização típica oriental onde os corpos se transfiguram nas imagens de sexo (real!) que acompanham uniformemente a película. Quanto ao assunto das cenas sexuais serem neste filme, de facto, reais refira-se já uma citação conhecida: "Só é pornografia aquilo que queremos que seja." E, com efeito, Nagisa Oshima cria ambientes tão suaves e belos, tão eróticos na sua simplicidade que chamar o filme de pornográfico é uma ofensa. No entanto, também não é um filme sobre amor. Antes sobre obsessão.
Repare-se para finalizar, na música e nos efeitos cénicos que explodem na cena final, donde Sada estrangula Ichida, e lhe corta o pénis assinando com sangue: "Sempre juntos." A violência desta cena - enunciadora das consequências do extremo da loucura dos sentidos - é tão terrífica e chocante ainda hoje, como foi há 30 e muitos anos atrás , quando se proíbiu no Japão ou no festival de Nova Iorque e em muitos mais países o visionamento desta película. Mas, existiu sempre alguém que resistiu e tolerou querendo ver e observar até ao fim. Pois Ai no Corrida, também pode ser visto como um profundo teste à consciência, à sensibilidade e aos parâmetros sociais dos humanos, donde o último orgasmo (a busca pelo absoluto) se alcança na morte.

Nota:

1 comentário:

David Bernardino disse...

deves ter esgalhado poucas deves