quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

The Artist

Título Original: The Artist
Título Português: O Artista
Realizado por: Michel Hazanavicius
Actores: Jean Dujardin, Bérénice Bejo, John Goodman, James Cromwell
Data: 2011
País de Origem: França, Bélgica
Duração: 100 mins
M/12
Preto e Branco, Mudo










The Artist é um caso de estudo. Tudo começou quando foi vastamente aplaudido em Cannes, onde ganhou a palma de Ouro e o prémio para melhor actor. Sobre o filme pouco se sabia. Apenas rumores de que seria um filme mudo a preto e branco. Em Portugal poucas pessoas se mostraram interessadas e expectantes em ver este Artista, também por culpa do filme que tardava em chegar às nossas salas. Pois bem, chegou na hora "h". Com os Óscares à porta e 10 nomeações, e a arrecadar tudo o que é prémio em tudo o que é cerimónia, pode-se dizer que The Artist tem finalmente a atenção merecida.
Sim, The Artist é um filme mudo a preto e branco. Mas tudo isso tem razão de ser. A acção decorre em 1927 em Hollywood. George Valentin é um galã do cinema mudo que vê o nascimento do cinema falado mas que se recusa a acreditar nele. Um pouco como hoje muitos se recusam a acreditar no cinema em 3D. Poder-se-ia entrar por aí e elogiar The Artist por fazer um paralelismo com o presente mas vou-me deixar de pretensiosismos... Poder-se-ia também dizer que The Artist pretende demonstrar que não é a tecnologia que faz o cinema mas sim dois actores e uma câmara. No entanto essa é uma argumentação fácil que não nos interessa. The Artist é bem mais que isso.
De facto o que o francês Michel Hazanavicius pretende é fazer uma homenagem ao cinema mudo, mas também a Hollywood e à sua, não diria pré-história (essa seria o final do séc. XIX), mas sim semi-infância. E curiosa homenagem já que parte de França e não de Hollywood, ensinando mesmo até ao próprio Hollywood aquilo que, e repito, Hollywood já foi.
Estão inseridas todas as grandes temáticas do Hollywood comercial (que no fundo era o único Hollywood que existia) da época como a ascensão de uma nova estrela no Mundo do cinema , a depressão do "Artista" que perde o spotlight, o romance, e, acima de tudo, o excelente humor do cinema mudo. The Artist não esconde a utilização destes clichés mas fá-lo sempre à distância. Fá-lo porque é assim que deve ser feito. Não os revolta e vomita, antes os aborda com classe e muita finesse.
The Artist é de facto um filme muito especial e uma experiência algo única. Não pelo simples facto de ser mudo e a preto e branco mas mesmo pelo sentido de humor e suas interpretações, com expressões faciais propositadamente exageradas e hilariantes. O Artista consegue verdadeiramente viciar e conectar-se com o espectador que continua a querer mais deste Mundo que aparentemente já não existe. Tem mesmo cenas particulares de um brilhantismo invejável, o cão de George Valentin, os trejeitos de Peppy Miller (Bérénice Bejo), as expressões de John Goodman, as coreografias, toda a simplicidade claramente falsa de um filme mudo está perfeitamente transposta para o écran. E que bom que é!
Pois bem, a moral da história dada por França a Hollywood e ao espectador neste Artista é, no nosso entender, que o cinema é algo de uniforme onde a história não é realmente história pois com uma câmara qualquer coisa se pode fazer independentemente da época. Recusamos a ideia de que The Artist se pretende refugiar numa falsa saudade do passado que agora está tão na moda ressuscitar, com tanto indie e tanta coisa retro que por aí se vê. The Artist é um filme puro, na verdadeira acepção da palavra, com todos os ingredientes da época que consegue com toda a genuinidade deixar-nos felizes. Ainda que possa não o fazer de forma perpétua, este é sem duvida um filme que deixará o espectador com curiosidade de ir explorar esta longínqua época do cinema, onde todas as dentições eram belas, e todos sabiam bailar, e isso, só por si, já é de louvar. Mais que um filme obrigatório, este é um filme necessário. Este é, talvez, o único grande filme de 2011.

P.S. - A banda sonora de The Artist é algo de verdadeiramente genial e que merece uma análise própria, já que nos acompanha ao longo dos 100 minutos de silêncio mudo. Músicas clássicas dignas da época e talvez algumas décadas mais à frente. Vale realmente a pena ouvir à parte.

Nota: 5/5

Outras notas:
Pedro Silva: 5/5

2 comentários:

Pedro Silva disse...

Ora nem mais! Mas acho que não seria um pretensiosismo a análise que poderias fazer à recusa e até rejeição da evolução, do desconhecido que sabemos que é melhor mas que nos recusamos a acreditar. Talvez tenha sido pretensioso a não análise...
5 estrelas a este filme único.

David Bernardino disse...

talvez shotor!