domingo, 1 de julho de 2012

Prometheus

Título Original: Prometheus
Título Português: Prometheus
Realizado por: Ridley Scott
Actores: Noomi Rapace, Michael Fassbender, Charlize Theron, Logan Marshall-Greene, Guy Pearce, Idris Elba
Data: 2012
País de Origem: Estados Unidos
Duração: 124 mins
M/16
Cor e Som












Em 1979 Ridley Scott inventa Alien, o primeiro filme de uma série de 4, que ajudou a traçar o género do survival horror, mas mais que isso adicionou a ficção científica e criou um filme que além de ser de terror é uma aventura espacial. O ambiente era de mistério enquanto uma nave mineira no ano de 2122 chamada Nostromo respondia a um aparente pedido de socorro vindo de um planeta muito distante da Terra. É ao entrar em contacto com esse planeta que Ripley e o resto da tripulação se deparam com uma nave extraterrestre de origem desconhecida que aparentemente lá se teria despenhado, com o seu suposto piloto já em estado fossilizado... Seguindo viagem é apenas mais tarde a bordo da nave que a tripulação se depara com a famosa criatura que dá nome à saga. 
33 anos depois, Ridley Scott regressa ao universo de Alien com Prometheus, a prequela, passada no ano de 2093. O ponto de partida para Prometheus é a descoberta de ilustrações comuns a várias civilizações antigas que apontavam a existência de um sistema planetário para onde figuras gigantes estariam a apontar, como que se de um convite se tratasse para visitar os nossos "criadores" num planeta longínquo. Agora, em 2093, esse planeta foi encontrado e com a ajuda da tecnologia da época, a nave Prometheus patrocinada pela Weyland Corporation parte em expedição com a esperança de responder a uma das perguntas mais importantes da história da humanidade: qual a origem do Homem?
Embora talvez não esteja ao nível daquilo que tanta expectativa gerou, Prometheus é um filme que não desilude, agrada, e se torna até viciante, principalmente para quem for fã do género de ficção científica, aqui muito mais presente que o "terror" em si, que acaba por ser mais atmosférico que outra coisa.
A grande crítica que geralmente é apontada a Prometheus é o facto de não responder a muitas das perguntas que coloca, não fosse o seu argumentista Damon Lindelof, o homem por detrás do enredo de Lost, cujo final acabou por sofrer uma reacção semelhante do público. Mas a verdade não será exactamente essa, pois com alguma imaginação e com a soma de alguns factores é possível concluir respostas para a maior parte das dúvidas, senão todas, e estas poderão ser espantosas. Quem diria que Ridley Scott se iria, ainda que indirectamente, referir à Bíblia?
A fragilidade de Prometheus está na sua inconsistência em diversos pontos. Em termos de ligação à série Alien, ela existe, mas não é gratuita. Esta não é a prequela directa que todos queriam que fosse, antes é uma peça necessária para entender de facto a origem da nave descoberta no ínicio do filme de 1979 mas ao mesmo tempo lança uma mitologia complexa que nos ajuda a compreender este futuro fictício e mesmo a sociedade do universo de Alien, mais abordado na sequela de 1986 "Aliens - O Reencontro Final", que gira em torno de empresas bilionárias que tomam conta de toda a evolução tecnológica. Dessa forma Prometheus acaba por não se definir pois na prática estão lançados os dados para uma nova saga e a anterior acaba por não ficar exactamente explicada. No entanto é também aí que reside a sua magia. 
Filosoficamente é muito interessante, e é feito um exercício curioso: enquanto as personagens procuram respostas nós também as procuramos no filme. O ambiente é apaixonante, os efeitos especiais não enjoam e existem algumas cenas que irão ficar na memória de muitos, e que serão certamente recordadas tal como a explosão do peito de John Hurt no primeiro Alien ainda é recordada.
Também inconsistentes são as personagens, uma excelentes e outras completamente deslocadas e este é um ponto que merece análise. A grande interpretação vai, como não poderia deixar de ser, para Michael Fassbender, desta vez a interpretar o robô humanóide David que acompanha a tripulação e a auxilia em tudo o que for necessário. É também, apesar de não ser a principal, a personagem mais interessante pois é como se de uma criança se tratasse. Uma criança que vai aprendendo, que vai interagindo, que vai demonstrando emoções, ainda que simuladas. A sua postura, forma de falar, é de facto apaixonante este David e mais uma enorme interpretação de Fassbender. Depois temos Noomi Rapace, que aqui interpreta quase que uma reformulação da personagem de Ripley, interpretada por Sigourney Weaver na saga Alien original. Até no cabelo são parecidas. Isso não é negativo mas é desnecessário e de resto a interpretação de Noomi Rapace deixa um pouco a desejar. A personagem não entra em nós como desejaríamos e como David, por exemplo, entra. Charlize Theron, a interpretar a responsável pela expedição tem uma boa performance, de uma rectidão militar, mas também não consegue encher as medidas como se pretendia. E o mesmo acaba por acontecer com o resto da tripulação.
Depois existem algumas situações irrealistas e difíceis de perdoar como a existência de alguns episódios a bordo da nave, que chamariam a atenção de qualquer um, nomeadamente tratando-se de uma nave com uma impressionante tecnologia capaz de detectar qualquer problema no seu interior.
Finalmente a última inconsistência, também advinda da crise de identidade de Prometheus (que teve um longo período de tempo até ser decidido se haveria de cair nas mãos de Ridley Scott ou de James Cameron e que inicialmente até se chamaria Paradise) é que este não consegue assumir o estatuto de filme de culto nem de filme comercial, ficando algures no meio. Mancham o filme as situações em que o diálogo faz questão de explicar ao espectador o que se está a passar. Felizmente estas questões são facilmente perdoáveis, mas por muito que se queria adorar Prometheus, elas estão lá.
Prometheus é um filme fascinante, viciante, engenhoso, com um brilhante conceito e cenas inesquecíveis e que orgulhosamente se coloca ao nível da saga Alien, sendo seguramente superior ao 3º e 4º filmes. É para ver e rever com sorriso. No entanto as suas fragilidades colocam-no abaixo daquilo que seria desejado. Ridley Scott está de parabéns com aquele que é o seu melhor filme nos últimos anos. Seguramente será o ponto de partida para uma nova e fascinante saga, talvez focada mais no sci-fi que no horror. E quem sabe se não será James Cameron a dirigir uma possível sequela? E David Fincher a seguinte?

Nota: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXmQgIeoHJ-bcI9DZM91-agXnxvMYXjU45RX1-nChPMet7xuHy9_D5hdkrS8GFhMovRWmtnzWjSxvdEXPD8sNEMKxbS0DaKTez5-0V2rsVkPTIja4nV2pdj9UJ0tkhDHvhky5jjZFZ_kg/s320/3stars.jpg

Sem comentários: