É Na Terra Não É Na Lua
Título Original: É Na Terra Não É Na Lua
Título Português: É Na Terra Não É Na Lua
Realizado por: Gonçalo Tocha
Actores: N/A
Data: 2011
País de Origem: Portugal
Duração: 180 mins.
M/12
Cor e Som
João Luís Mendonça Gonçalves
(natural da ilha de São Jorge)
Título Português: É Na Terra Não É Na Lua
Realizado por: Gonçalo Tocha
Actores: N/A
Data: 2011
País de Origem: Portugal
Duração: 180 mins.
M/12
Cor e Som
A crítica que se segue não é elaborada por nenhum dos membros habituais do Retroprojecção, mas por um nosso querido amigo, natural da ilha de São Jorge dos Açores. Devido ao forte impacto que o documentário É Na Terra Não É Na Lua, acerca da ilha do Corvo, teve no DocLisboa, encontrando-se ainda em exibição nas salas de cinema, abrimos excepção para esta por demais interessante visão mais "pessoal" do documentário, que ganhou um carinho especial dos nossos insulares. (Crítica revista por André Feijó)
O documentário - diário pessoal, género que parece ser insuficiente
para o produto final - de Gonçalo Tochas sobre a ilha do Corvo, é de uma
extraordinária criação.
É arrebatadora a forma como o
realizador e produtor, juntamente com Didio Pestana, conseguem captar a
essência, o perfume daquele pedaço de terra, nosso, no mais ocidental
da ocidental Europa. Aquela ilha, que se mostra um bastião de
resistência, no meio de um oceano em permanente fúria, e de um vento em
constante ebulição, é-nos revelada de uma forma que só julgávamos
possível se nela pisássemos, se nela tocássemos, se nela sentíssemos o
seu cheiro, se a escutássemos, no meio do silêncio do Alântico.
A premissa por que começa a longa-metragem, de conhecer todas as
pessoas, todas as casas, todas as pedras, todas as vacas, cabras,
porcos, de conhecer tudo, numa ilha com 440 corvinos, parece ter ficado
bem presente no decorrer desta aventura em que fomos convidados a
entrar.
O Ti Zé Pedro, a dona Inês, que costura o boné
(típica dos lavradores e baleeiros da ilha), o Baptista, e todas as
personagens – riquíssimas - que Gonçalo Tochas teve a capacidade de nos
trazer, são personagens naturais, inseridas numa paisagem, que só ali,
no Corvo, poderíamos encontrar.
Há um certo bucolismo
nas imagens e no som captados. Somos levados a um outro estado, difícil
de compreender, para quem não é açoriano. Mesmo assim, parece que em
cada ilha há um Açores diferente e, por mais açorianos que sejamos,
nunca deixamos de nos surpreender.
O sangue açoriano
do realizador não é seguramente alheio ao resultado alcançado. À
profundidade e intimidade que ali registou e que connosco partilhou. O
próprio confessou, a um jornal da região, que o Arquipélago é “memória
de infância, de fascínios” que o “salvou na sua infância e na sua vida”.
A beleza nas imagens e nas palavras fazem de Gonçalo Tochas um
embaixador do melhor do que somos feitos. O gesto de, primeiro mostrar o
filme no Corvo, antes de em qualquer outro sítio, é de quem ficou
profundamente tocado e ligado àquela realidade e àquelas pessoas.
Em “É na Terra, não é na Lua” há uma certa magia, a tal “Natureza
Mágica”, que nos encanta, que nos abre o coração e desperta em nós uma
enorme vontade em agarrar uma mochila e seguirmos os passos ali
percorridos. De conhecer todas as pessoas – e não meras personagens –
todos os cantos, todas as casas, toda aquela vida, naquela vila, mais a
oeste do que nunca.
Maria João Avillez – também
deslumbrada pelas inacreditáveis três horas de película - escrevia no
Público (27/04/2012) que “é fácil filmar o mar e o céu. Filmar a “alma” é para raros”. Foi
o que Gonçalo Tochas fez. A ele lhe devemos o facto de nos ter trazido
um pedaço de nós, porventura, desconhecido, e de, com isso, nos fazer
sentir mais orgulhosos do que nunca da nossa alma açoriana.
João Luís Mendonça Gonçalves
(natural da ilha de São Jorge)
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