quarta-feira, 2 de maio de 2007

Hotel Rwanda

Titulo Original: Hotel Rwanda
Titulo Português: Hotel Rwanda
Realizado por: Terry George
Actores: Don Cheadle, Sophie Okonedo, Nick Nolte
Data: 2004
País de Origem: Estados Unidos/Reino Unido/Italia/África do Sul
Duração: 121 mins
M/12Q
Cor e Som









Baseado numa história verídica, Hotel Rwanda fala-nos da guerra civil que tomou lugar no Rwanda à cerca de 15 anos, onde se defrontaram duas facções separadas pela raça: os Hutus e os Tutsis. Quando os Hutus iniciam a Guerra Civil, milhares de Tutsis são mortos. No meio de tudo isto, um gerente Hutu do Hotel Mille Colines (note-se que o Rwanda era uma colónia Belga) decide ajudar os refugiados Tutsis e usa o seu hotel para refugiar mais de 1000, ajudado pela ONU. Esse gerente é Paul Rusesabagina, interpretado magistralmente por Don Cheadle. O responsável militar da ONU presente é Nick Nolte, a outra presença forte no filme. E ponto final, Hotel Rwanda é isto. Vemos como Paul foi um homem bom e corajoso em tempos difíceis, mesmo sabendo que a sua familia estaria também em risco por estar no Hotel. O filme passa-se todo no hotel e como Paul negoceia a sua segurança e o seu funcionamento. A realização é muito comum e usa até vários clichés como abrir a porta do carro no meio do nevoeiro e depois verificar que se está no meio de um monte de cadáveres ou a eterna indecisão entre a familia e os 1000 refugiados (a forma como esta está apresentada). Sendo esta uma história verídica passada numa guerra onde morreram mais de um milhão de pessoas, não faria sentido haver violência. Uma gota de sangue pelo menos? Pois, não há. Toda a história é apresentada de modo a agradar ao espectador, isto é, de forma romantizada onde temos muita pena dos Tutsis e admiramos muito o trabalho de Paul. E se o filme é americano porque raio é que é totalmente parcial? E se é um filme humanitário passado no Rwanda bem podia ter apostado um pouco mais na fotografia. Nestes aspectos (humanitário e fotográfico), Hotel Rwanda é uma anedota ao pé de Diários de Motocicleta. Ao invés são-nos apenas apresentados cenários pré-renderizados propositadamente para o filme. Apesar destas pequenas falhas, todas elas são desculpáveis, simplesmente o produto acaba por ser mais um produto de ficção romantica do que realista. E além disso o próprio tema é desinteressante, o enredo é desinteressante. Sei que é uma história verídica mas como filme acaba por não resultar. Talvez o lugar de Hotel Rwanda fosse um documentário e não um filme, de modo a evitar todas estas discrepâncias da realidade.
Por último gostaria apenas de acrescentar que este filme foi imensamente sobrevalorizado, tendo sido o público iludido pela forma "bonita" como o filme é apresentado. E pessoalmente enervam-me os filmes humanitários pretenciosos como este.
Um filme comum, apenas distinguível pela muito boa prestação de Don Cheadle, que não tem muita dificuldade em destacar-se ao pé das outras. Mas se procuram um filme para tocar no coração este vai encher-vos as medidas.

Nota: 2/5

Outras Notas:
RMC:

5 comentários:

Rmc disse...

É sempre com prazer que me deparo com a extrema capacidade redutora do meu colega blogger David Bernardino.

Antes de mais uma pequena nota de pesquisa, sobre um dos escritores de Hotel Rwanda,Keir Pearson, autor de um documentário sobre este genocídio, que contudo só foi publicado um ano após o successo de Hotel Rwanda.Porquê? Porque até ao lançamento deste filme, até á ascenção de um musico Rapper(Mc Corneille)cuja familia morreu no massacre, que conquistou os tops, até á publicação de um livro financiado por John Le Carré, eram muito poucos aqueles que no Ocidente queriam saber deste trágico episódio.E aliás, é esta é uma das principais mensagens do filme que infelizmente escapou ao meu caro colega.
O Rwanda era um país pobre, sem petróleo, sem ouro, e com uma diminuta população branca, porquê que alguém se haveria de preocupar com eles? Assim funcionou a mentalidade ocidental, e o filme chega mesmo a apontar o dedo ao espectador neste sentido, apesar de tu considerares que ele faz tudo para lhe agradar.
Por outro lado, a incoerencia das críticas do meu colega confundiu-me por um lado afirma: "produto acaba por ser mais um produto de ficção romantica do que realista", mas por outro lado diz também: "Talvez o lugar de Hotel Rwanda fosse um documentário e não um filme".
Caro colega, podes-me corrigir caso eu esteja errado, mas o lugar para o Realismo não alterado, não é o filme documental? A ficção, não prevê já em si uma alteração da realidade? Como pretendes assim que um filme que acusas de falta de realismo, seja um documentário.Pouco coerente...
Prosseguindo, falas ainda da falta de parcialidade, este filme é um retrato do genocidio levado a cabo no rwanda contra a população Tutsi.
Como pretendias imparcialidade?
O facto de Paul ser Hutu,prova só por si que os Hutus não eram todos assassinos.
Quanto á necessidade do sangue, a meu ver é perfeitamente dispensável, a principal diferença entre "Maquina Zero" e o "Resgate do Soldado Ryan", é que o primeiro fala de tudo não precisando de mostrar nada, e o segundo mostra tudo pela dificuldade que tem em falar de algo.

Por fim, e respeitando a tua opinião, ao afirmares que o tema é desinteressante, isso parte de ti, a mim o tema desperta muito interesse.Em relação á fotografia, deixo-te com este link:
http://imdb.com/gallery/ss/0395169/Ss/0395169/M-26.jpg.html?path=gallery&path_key=0395169

e com a pergunta, se para ti uma boa fotografia, equivale só a bonitas paisagens, ao estilo romântico que tanto criticas?

David Bernardino disse...

como seria de esperar nao posso deixar sem resposta o comentario do rmc. a guerra civil do Rwanda é, tal como muitos outros, um episódio trágico da história pouco conhecido. o rmc justifica entao que foi necessario fazer-se este filme para dar a conhecer ao ocidente esta carnificina. pergunto então para quando se prestará Don Cheadle a fazer um filme sobre a guerra colonial portuguesa. ou quando é k o cinema AMERICANO se prestará a fazer uma recomposição dos conflitos do MPLA vs UNITA em angola. será este conflito mais conhecido que o do rwanda? nao creio...
quanto a apontar o dedo aos ocidentais... decerto concordaras comigo quando digo que agora os habitantes dos paises desenvolvidos pegaram a moda de se verem como os maus e verem todos os povos africanos como os bons. "bolas somos mesmo maus", pensa o europeu a ver hotel rwanda, e nao e por isso que o filme lhe vai deixar de agradar antes pelo contrario.
quanto à minha afirmaçao de que hotel rwanda deveria ser um documentario quero apenas dizer que esta história do mille colines deveria ter sido explorada num documentário e nao num filme, penso que o rmc nao percebeu a minha intençao. sobre o sangue tenho apenas a dizer que se é para, como diz rmc, mostrar ao ocidente este conflito, entao faz todo o sentido que este seja mostrado com todo o realismo possivel, para nós brancos ficarmos ainda mais arrependidinhos por nao termos ajudado devidamente os tutsis.
quanto à fotografia do link que apresentas essa até a vemos em jurassic park. humm talvez a fotografia nao esteja tao boa por o filme ter sido filmado na áfrica do sul e nao no rwanda? simplesmente o cenario nao é bem explorado, resumindo se quase na sua totalidade ao próprio hotel. é pena. e se o colega rmc nao gosta de paisagens como fotografia, entao que especie de fotografia podemos obter de hotel rwanda, a par dos montes de cadáveres? ah nao, hotel rwanda diz "nao" à violencia. cumprimentos

Rmc disse...

quando te referes a uma moda ocidental de auto-crítica, confesso que me surpreendes, e muito, discordo e muito que exista essa moda. Se te referes a filmes como "Syriana" ou "Fiel Jardineiro", aquilo que eu vejo é uma denuncia, feita por um grupo restrito de pessoas, e nunca uma moda.
Deixo-te aqui alguns filmes reconhecidos sobra a descolonização angolana:Sweepers, The Big House, High Explosive.
Contudo alerto-te que Hotel Rwanda, não retrata uma guerra civil mas um violento genocidio. E ao contrário do que afirmas o retrato é violento, como por exemplo com os cadaveres que referes. Contudo essa violencia não se concentra no sangue( de que tu tanto necessitas para ficar "arrependidinho") mas sim numa violencia de imagens como a cena do campo de mortos, e da vala comum, bem como a violencia psicológica que é a mais intensa neste filme.
Como já afirmei não vou discutir gosto fotográfico contigo, embora queira esclarecer que a tua visão redutora te traiu mais uma vez, dado que confundiste a minha afirmação de "fotografia não ser só paisagens" com "não gostar de paisagens", o que é perfeitamente falso, como se poderá verificar por outras críticas por mim deixadas neste mesmo blog.
Quanto á alusão ao filme Jurassic Park, foi confusa e não percebi qual o fundamento logo não poderei responder.
Reafirmo mais uma vez o quanto me agradam estes debates produtivos contigo, caro colega.
Um abraço amigavel!

Anónimo disse...

Toma lá David!
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Anónimo disse...

dos filmes mais overrated que ja se fizeram